4. Ampliando o Conhecimento

Duas das estratégias de sobrevivência de animais, também imitadas por seres humanos, são o aposematismo e o mimetismo. Animais aposemáticos possuem, por exemplo, uma qualidade aversiva ao paladar de predadores em potencial, sinalizando este fato através de um padrão de cores marcantes, que costuma se repetir em outras espécies com a mesma característica. Assim, para que o aposematismo seja vantajoso, o predador, após provar certo número de presas impalatáveis, deve aprender a evitar animais de aparência similar no futuro (EDMUNDS, 1974). Isto ocorre com a borboleta monarca (Danaus plexippus) que, no período larval, se alimenta das folhas de uma planta (Asclepias syriaca) que é venenosa para muitos animais. Assim, o corpo da larva contém toxinas conhecidas como glicosídeos cárdicos, inofensivos à borboleta durante as diferentes fases de seu ciclo vital. Aves como o gaio azul (Cyanocitta cristata), que costumam ingerir insetos, aprendem a evitar essa borboleta após a experiência de ingestão e terrível convulsão que sentem devido à presença de toxinas na presa.

Porém, nem todos aos animais apresentam substâncias tóxicas, sendo boa fonte de alimento para predadores. Aqui, uma nova técnica entra em cena: o mimetismo. Imitar padrões de cores aposemáticos é uma estratégia que costuma dar certo para evitar a predação. Assim, falsas cobras corais e uma série de outras espécies, inclusive aquelas que imitam a borboleta monarca (Limenitis archippus), continuam vivas apenas por reproduzir um padrão de cores de outro animal.

Variações no comportamento de defesa se encontram na exibição de uma coloração e morfologia críptica (camuflagem), como acontece em vários insetos fasmídeos (bicho-pau, Phibalosoma sp.), mantódeos (louva-deus, Hymenopus), ortópteros (esperanças, Phaneroptera sp.); em moluscos cefalópodes (polvos, lulas e sépias, Sepia officinalis) e répteis lacertídeos (camaleão, Chamaeleo sp.), entre outros.

O comportamento conhecido como tanatose ocorre quando o animal se finge de morto (piolho-de-cobra, Julus sp.) para que o predador perca o interesse por ele. Esse comportamento pode estar associado à liberação de substâncias de odor desagradável, existentes em glândulas repugnatórias, reforçando ainda mais o objetivo de repelir o predador.

O comportamento deimático também pode ser defensivo, pois o animal imita sons, coloração, comportamento etc. de predadores. Um exemplo é o conhecido caso da borboleta-coruja (Caligo eurilochus) que, ao se posicionar de cabeça para baixo, consegue imitar a cabeça de uma coruja graças aos grandes círculos desenhados em suas asas.

Animais também podem oferecer partes vitais, ou não, de seu corpo para o predador. Pepinos-do-mar (Holothuria sp.), por exemplo, expulsam, através de uma ruptura da parede do corpo, grande parte do seu trato digestivo junto com estruturas respiratórias (processo conhecido como evisceração) com o objetivo de afugentar o predador pelo gosto desagradável das vísceras expelidas, ou distraí-lo, enquanto o pepino se afasta lentamente para procurar abrigo. Posteriormente, as estruturas perdidas são regeneradas.

A apendotomia consiste na fuga acelerada ou retaliação, por contato direto com o predador, com perda de apêndices inteiros ou parte deles. É o que acontece com o caranguejo Goniopsis cruentata: pode perder apêndices, que serão posteriormente regenerados, para fugir à morte por predação. Quando se estudam esses animais, encontra-se uma considerável parte da população com apêndices em regeneração, o que mostra como esse tipo de defesa é recorrente.

Artigos científicos sobre esses assuntos curiosos também podem ser compartilhados em sala de aula com alunos do ensino médio, através de grupos de seminários ou dramatizações, sendo uma interessante forma de avaliação. PDFs de artigos e alguns sites de vídeos sobre o tema também estão disponibilizados na seção de anexos deste tópico. Aulas práticas de campo também podem ser elaboradas, assim como aulas que trazem a aula de campo em forma de vídeo. Vocês terão a oportunidade de formular uma atividade desse tipo na seção “sugestão de atividades”.


Figura 8.2 À esquerda inseto fasmídeo aparentando uma folha, se locomovendo de maneira quase imperceptível em seu hábitat. À direita um lepidóptero que se assemelha a uma cabeça de uma coruja.
Fonte: Thinkstock.

Na camuflagem o organismo evita a sua identificação, enquanto que no mimetismo o organismo é detectado, mas o predador o confunde com outro indivíduo que será evitado de acordo com experiência prévia dele.