Balanço hídrico do organismo


O controle de ingestão e excreção de líquidos corporais


Em condições normais, ocorrem trocas diárias de líquidos e solutos entre o organismo e o ambiente externo, e também entre os diferentes compartimentos corporais. Mesmo assim, o organismo procura sempre manter constante a relação entre o volume total dos líquidos corporais e as concentrações de soluto. Dessa forma, é importante que exista também uma relação entre o ganho e a perda de volume de líquido diário.

Cerca de 200mL de água são adquiridos com a oxidação de carboidratos por dia. Além disso, um adulto consome cerca de 2100mL de água por dia, totalizando 2300mL. Estas são as principais fontes de água do organismo.

Cerca de 700mL de água são perdidos por dia, por evaporação no sistema respiratório, e por difusão através da pele. Como não temos controle sobre esta perda, ela é denominada perda insensível de água. A perda por difusão da pele é minimizada pela camada de células cutâneas cornificadas, ricas em colesterol. Quando se perde esta camada, por exemplo após uma queimadura, a evaporação pode aumentar até 10 vezes, chegando a 3–5 litros por dia. Além disso, outros mecanismos, como a perda de líquidos através de suor e pelas fezes, auxiliam no balanço entre o consumo e a perda de água do organismo. Todo o restante da excreção de água é realizado pelos rins.

Se houver a necessidade de reter água no interior do corpo, a urina fica mais concentrada. Havendo excesso de água no corpo, a urina fica menos concentrada. Este balanço é realizado com a maior ou menor reabsorção de água nos túbulos renais.

O principal regulador do equilíbrio hídrico no organismo é o hormônio antidiurético (HAD), que é liberado pela hipófise e promove a retenção de líquido, concentrando a urina.

Figura 3.4

Figura 3.4: O cérebro que comanda a nossa vontade de beber é informado se a quantidade de líquido no plasma está baixa. Os quimiorreceptores detectam se o sangue está muito concentrado e informam ao hipotálamo que a hipófise tem que ser ativada. Isto é feito através dos neurônios supra-ópticos que fazem com que a hipófise libere hormônio anti-diurético (HAD). Este atua na última parte do nefron aumentando a absorção de água e concentrando a urina.

Observem que os barorreceptores quando detectam uma queda na pressão arterial atuam através da mesma região hipotalâmica, induzindo a liberação de HAD. O aumento da volemia (volume de líquido no sangue) leva a uma aumento da pressão arterial. Curiosidade -> o álcool inibe a produção de HAD e portanto facilita a formação de grandes volumes de urina; a ingesta de grande quantidade de líquido também favorece a formação de grandes quantidades de urina. Portanto, quando se toma cerveja, que é ingerida em grandes volumes e contem álcool há uma grande necessidade de urinar.

Será que existem outros fatores que devem ser lembrados? Muito bem, podemos pensar o que nos faz ter sede! Muitos são os fatores, mas hoje vamos destacar apenas um: comer comida muito salgada. Sim, o aumento da concentração de sódio no líquido extracelular tem de ser controlado, e uma forma de fazer isto é aumentar a ingestão de água.

Nos casos em que precisamos aumentar a volemia (volume de líquido no sangue), o organismo ainda tem mais uma ferramenta – as glândulas suprarrenais liberam aldosterona, hormônio que leva à reabsorção de sódio e, portanto, de água.