Recursos hídricos

Os recursos hídricos


A água tem fundamental importância para a manutenção da vida no planeta e, portanto, falar da relevância dos conhecimentos sobre a água, em suas diversas dimensões, é falar da sobrevivência da espécie humana, da conservação e do equilíbrio da biodiversidade e das relações de dependência entre seres vivos e ambientes naturais.

A presença ou ausência de água escreve a história, cria culturas e hábitos, determina a ocupação de territórios, vence batalhas, extingue e dá vida às espécies, determina o futuro de gerações. Nosso planeta não se teria transformado em ambiente apropriado para a vida sem a água. Desde a sua origem, os elementos hidrogênio e oxigênio se combinaram para dar origem ao elemento-chave da existência da vida.

Em condição privilegiada, deu possibilidade às espécies de evoluírem e ao homem de existir e habitar este planeta. Ao longo de milhares de anos, nossa espécie ocupou territórios, cresceu e se desenvolveu com base nesse bem natural tão importante e valioso, que é a água. No entanto, ao longo da história, aconteceram modificações na relação do homem com a natureza e, por consequência, na sua relação com a água.

Na sociedade em que vivemos, a água passou a ser vista como recurso hídrico, e não mais um bem natural, disponível para a existência humana e das demais espécies. Passamos a usá-la indiscriminadamente, encontrando sempre novos usos, sem avaliar as consequências ambientais em termos de quantidade e qualidade da água.

Somada ao aumento populacional em escala mundial no último século, a intensidade da escassez aumentou em determinadas regiões do planeta, principalmente por fatores antrópicos ligados à ocupação do solo e à poluição e contaminação dos corpos de águas superficiais e subterrâneos.

Em nossa sociedade, a exploração dos recursos naturais, entre os quais a água, de forma bastante agressiva e descontrolada, levou a uma crise socioambiental bastante profunda. Hoje nos deparamos com uma situação em que estamos ameaçados por essa crise, que pode tornar-se um dos mais graves problemas a serem enfrentados neste século; crise essa embasada numa multiplicidade de aspectos – sociais, econômicos, culturais, tecnológicos e ambientais – retratados no aumento da pobreza, na falta de saneamento básico, na poluição dos rios e aquíferos, na derrubada das matas, na expansão agropecuária, na urbanização e industrialização, na ocupação das áreas de mananciais, na má gestão dos recursos hídricos disponíveis. Essa crise é deflagrada pela visão de mundo centrada no utilitarismo dos bens naturais, conforme é descrita por diversos autores como Soffiati (1992), Grün (1996), Carvalho (2004), Loureiro (2004) e Guimarães (2004, 2006), e no modo de desenvolvimento escolhido pela sociedade e suas relações atuais com o ambiente (Jacobi, 1999, 2005).

Segundo Tundisi (2006), o desenvolvimento econômico e a complexidade da organização das sociedades humanas produziram inúmeras alterações no ciclo hidrológico e na qualidade da água, a qual é afetada inclusive pelas atividades de cunho religioso.

A resolução de problemas complexos, como a miséria, a proliferação de desastres ambientais, a escassez de recursos naturais, entre outros, configura-se como um desafio que tem mobilizado cientistas, políticos e membros de comunidades de todas as regiões do planeta.

Texto extraído de: BACCI, D.C.; PATACA, E.M. Educação para a água. Estudos Avançados, v. 22, p. 211-226, 2008.

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