Agenda do Curso
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Obervação importante: Nessa disciplina, o contato com a obra é fundamental. Ela foi pensada desta forma justamente porque o MAC USP tem a possibilidade de oferecer aos seus alunos um aprendizado através da frequentação de seu acervo. Portanto, o aluno que estiver inscrito na disciplina deverá considerar que ao menos 2 aulas ocorrerão fora do campus (conforme programa abaixo) e que sua ausência nessas visitas serão computadas como faltas comuns.
Visitas ao MAC Ibirapuera - PAVILHÃO DA BIENAL
As aulas serão na sede do Ibirapuera: Parque do Ibirapuera, Portão 3, Pavilhão da Bienal, 3o. andar (entrada pela rampa lateral)
Encontro no MAC Cidade Universitária às 9h00 para irmos de ônibus:
16 DE OUTUBRO - 2a. Visita à exposição "Um Outro Acervo do MAC USP" com Prof. Dr. Luis Claudio Mubarac
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MODERNO, MODERNIDADE, MODERNISMO
Iniciamos a aula com um exercício com 10 obras, a partir das quais discutimos a noção de modernismo, vanguarda, pintura acadêmica, realismo e primitivismo. Foram elas:
Adolphe William Bouguerau, “O Nascimento de Vênus”, 1879, ol/tl, Musée d'Orsay, Paris
Pedro Américo, “A Carioca”, 1882, ol/tl, MNBA, RJ
Édouard Manet, “Mulher com papagaio”, 1866, ol/tl, Metropolitan Museum, Nova York
Castagneto, “Paisagem com rio e barco ao seco em São Paulo – Ponte Grande”, 1895, ol/tl, MASP, São Paulo
Paul Cézanne, “Maçãs e laranjas”, 1899 ca., ol/tl, Musée d'Orsay, Paris
Emiliano di Cavalcanti, ilustração para “A Meia-Noite dos Fantoches”, 1922, coleção particular
Wassily Kandinsky, “Composição VIII”, 1923, ol/tl, Solomon Guggenheim Museum, Nova York
Ismael Nery, “Estátuas vivas”, 1931, ol/cartão, coleção particular
Henri Rousseau, “Os jogadores de futebol”, 1908, ol/tl, Solomon Guggenheim Museum, Nova York
Cícero Dias, “Visão Romântica do Porto do Recife”, 1930 ca., ol/cartão, Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM, RJ
A seguir, tratamos do período em que se forma a noção de modernismo e suas vinculações à noção de vanguarda, bem como sua contraposição à noção de arte acadêmica. Também procuramos levantar alguns aspectos importantes que caracterizaram a primeira metade do século XX. Para tanto, sugerimos a leitura do capítulo do livro de Eric Hobsbawm (indicado abaixo).
Referência capítulo Eric Hobsbawm:
Eric Hobsbawm. "Capítulo 6: As Artes 1914-1945" In: A Era dos Extremos: O Curto Século XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, pp. 178-197.
Indicações de leitura:
Para a questão da linguagem internacional da arte moderna e discussão sobre Arte Global e Arte Mundial (bem como a noção de "Modernidade Ocidental") ver:
Hans Belting, "Contemporary Art and the Museum in the Global Age" In: Weibel, Peter & Buddensieg, Andrea (orgs.). Contemporary Art and the Museum: A Global Perspective. Ostfildern: Hatje Cantz, 2007, pp. 16-37 (sobretudo partes 4 e 5)
Para uma introdução às vanguardas históricas, ver:
Giulio Carlo Argan. Arte Moderna [capítulo 4]. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, pp. 185-226.
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Modernismo, Bidimensionalidade, Vanguarda
Discutimos as noções de Modernismo, Vanguarda e Bidimensionalidade (em inglês, "flatness"), a partir de dois textos (Raymond Williams e T.J. Clark), e procuramos trabalhar com alguns exemplos da pintura canônica para trabalhar essas noções.Obras que vimos em análises comparativas:
1- Jacques-Louis David, "A consagração de Napoleão Bonaparte" com:
- Gustave Courbet, "O enterro em Ornans"
- Édouard Manet, "A execução do Imperador Maximiliano"
Aqui, tratava-se de entender como havia se construído, no ambiente francês, a noção de pintura de história (ou o gênero da pintura de história), e como ela foi sendo desconstruída pelas primeiras experiências de "modernidade", abrindo caminho para a prática modernista de pintura
2- Giorgione, "O concerto campestre" com:
- Gustave Courbet, "Jovens às margens do Sena"
- Édouard Manet, "O almoço na relva"
- Claude Monet, "O almoço na relva"
Neste caso, enfatizamos o diálogo que os primeiros "pintores da vida moderna" (assim como formulado por Baudelaire) procuraram reinterpretar a tradição da pintura ocidental, atualizando-a, tanto do ponto de vista de sua forma quanto do seu conteúdo
3- Gustave Courbet, "Falésias de Êtretat depois da tempestade" com Claude Monet, "Falésias de Êtretat com mar revolto"
Procuramos, com este exemplo, analisar como essa nova forma de entender a arte, ainda na segunda metade do século XIX estabeleceu uma nova tradição para a pintura.
4- Giorgione, "A Vênus adormecida" e Ticiano, "A Vênus de Urbino" com:
- Jean-Auguste Dominique Ingres, "A grande odalisca"
- Édouard Manet, "Olympia"
- Paul Cézanne, "Uma Olympia moderna"
- Henri Matisse, "Nu azul (souvenir de Briska)"
Essa comparação cai no mesmo exemplo de "O almoço na relva" - isto é, como os modernistas reinventam seu diálogo com a tradição artística.
É importante ressaltar também que há uma retórica no discurso modernista que enfatiza a ruptura com a tradição artística, justamente para fundar uma nova tradição.
5- Jean-Auguste Dominque Ingres, "O banho turco" com:
- Paul Cézanne, "As grandes banhistas"
- Pablo Picasso, "As moças de Avignon"
Além de percebermos, aqui, como a bidimensionalidade parece servir para caracterizar fundamentalmente a prática modernista, podemos também observar como o discurso modenista necessariamente se constrói em sua contraposição ao ambiente da arte acadêmica da segunda metade do século XIX.
Leituras sugeridas:
- Raymond Williams, "When Was Modernism?" In: Francis Frascina & Jonathan Harris (orgs.). Art in Modern Culture: An Anthology of Critical Texts. London: Phaidon Press, 1992, p. 23-27.
- Timothy J. Clark, "The Painting of Modern Life" In: Francis Frascina & Jonathan Harris (orgs.). Art in Modern Culture: An Anthology of Critical Texts. London: Phaidon Press, 1992, p. 40-50.
- Charles Baudelaire, "O pintor da vida moderna" In: Jacqueline Lichtenstein (org.). A Pintura: Textos Essenciais (vol. 4, O Belo). São Paulo: Editora 34, 2004, p. 121-129.
- Giulio Carlo Argan, "Édouard Manet, Le déjeuner sur l'herbe" In: Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 94.
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Tratamos do momento de consolidação de um discurso sobre o Modernismo no Brasil, a partir da exposição de Anita Malfatti, em dezembro de 1917, até o advento da Semana de Arte Moderna de 1922. Destacamos duas questões tratadas pela historiografia brasileira que procuramos analisar à luz de algumas obras escolhidas. As questões eram:
- que o Modernismo, entre nós, parece acontecer em descompasso com o que acontece na Europa, ou seja, de que não veríamos nas obras dos artistas em torno da Semana de 1922 uma linguagem plástica vanguardista, como se via na Europa.
- que isto ocorre pelo fato de que o Modernismo, no Brasil, se introduz pelo campo da literatura.
Para desconstruir essas duas noções, tratamos, particularmente, das seguintes obras:
- Anita Malfatti, "O Homem Amarelo", 1915-16, óleo/tela, col. Mário de Andrade, IEB USP
- Victor Brecheret, "Cabeça de Cristo", 1919-20, bronze, col. Mário de Andrade, IEB USP
- Emiliano di Cavalcanti, capa para Paulicéia Desvairada de Mário de Andrade, 1921
- Emiliano di Cavalcanti, capa para o catálogo da Semana de Arte Moderna de 1922
- Vicente do Rego Monteiro, "Mani Oca [O Nascimento de Mani]", 1921, aquarela/papel, MAC USP
Leituras sugeridas:
Fabris, Annateresa. "Figuras do Moderno Possíveis" In: Schwarz, Jorge. cat. exp. Da Antropofagia a Brasília. São Paulo: Cosac Naify, 2002.
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SEMANA DA PÁTRIA - NÃO HAVERÁ AULA
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PRIMEIRA VISITA À EXPOSIÇÃO "UM OUTRO ACERVO DO MAC USP"
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Debate sobre o Abstracionismo na década de 1950 - aula com Ana Cândida Avelar:
Ana Cândida Avelar tratou das principais correntes no debate em torno do abstracionismo nos anos 1950, tomando as edições da Bienal de São Paulo como pano de fundo para tanto. Fez sobretudo a diferenciação entre as poéticas do abstracionismo geométrico em contraponto com o abstracionismo informal ou lírico.
Correntes abstratas geométricas:
- Arte Concreta, Cercle & Carré, Abstraction Création - França
- Concretismo e Neoconcretismo - Brasil
- Construtivismo vinculado às práticas da Bauhaus, retomadas pela Escola de Desenho Industrial de Ulm - Alemanha
Correntes abstratas líricas:
- Expressionismo Abstrato norte-americano
- Colorfield painting (EUA)
- artistas e pintores do final da década de 1950: no Brasil, Yolanda Mohalyi, Manabu Mabe, Iberê Camargo; na França, Pierre Soulages; na Europa em geral, grupo CoBra
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Sobre a questão do Primitivismo
Veja-se Power Point em anexo
Leitura sugerida (PDF em anexo):
Mark Antliff & Patricia Leighten, "Primitivisme" In: Robert S. Nelson & Richard Schiff (orgs). Critical Terms for Art History. Chicago: University of Chicago Press, 1996, pp. 170-184.
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Sobre as acepções de Realismo na arte moderna e suas vinculações com as vertentes realistas do século XIX (sobretudo a Escola de Barbizon, Gustave Courbet e os impressionistas).
Discutimos como a noção de Realismo, tal como se desenvolve a partir da segunda metade do século XIX, associa-se a determinada temática na arte, bem como ao gênero da paisagem.
Vimos como ela é reapropriada por diversas correntes na primeira metade do século XX, em diálogo com a noção de figurativismo, em que observamos, talvez, duas tendências principais:
1- vertentes que trabalham com uma linguagem entendida já como modernista/vanguardista de pintura e que a associa a temas sociais: Ashcan School, Cena Americana, algumas realizações dos artistas vanguardistas (figuras de camponeses de Malevich, por exemplo, e "O quarto estado" de Giuseppe Pellizza da Volpedo)
2- vertentes em que tal temática social retoma elementos da tradição artística, sobretudo aquela associada às experiências clássicas: Neue Sachlichkeit (Nova Objetividade), Novecento Italiano, e as tendências do chamado "Retorno à Ordem"
No caso brasileiro, discutimos obras de Cândido Portinari, Lasar Segall e Tarsila do Amaral (anos 1930).
Leituras sugeridas:
- ver verbetes sobre a Ashcan School, Novecento Italiano, Nova Objetividade, Realismo Mágico, Cena Americana, Realismo Social e Realismo Socialista na enciclopédia de Amy Dempsey.
- ver em anexo artigo da profa. Annateresa Fabris sobre a pintura de Portinari, nos anos 1930, e sua relação com o debate da crítica francesa do mesmo período.
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O expressionismo e suas várias acepções na crítica e na prática modernistas da primeira metade do século XX.
Procuramos mapear, para além dos grupos tradicionalmente associados à noção de Expressionismo (A Ponte, O Cavaleiro Azul, o Fauvismo), outras correntes artísticas para as quais uma relação com tal ideário foi importante, a exemplo das vertentes do abstracionismo lírico/informal do pós-II Guerra Mundial e práticas que consideravam elementos subjetivos/gestuais, da cor, fundamentais para a realização de seus trabalhos.
No caso do Brasil, vimos como essa noção foi associada às obras de Lasar Segall, Anita Malfatti, e Oswaldo Goeldi.
Leitura sugerida:
Capítulo 5 de "Arte Moderna", Giulio Carlo Argan
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VISITA À EXPOSIÇÃO "UM OUTRO ACERVO DO MAC USP" com o Prof. Claudio Mubarac
O professor Claudio Mubarac centrou sua análise nas obras dos seguintes artistas:
- Giuseppe Viviani (série de águas-fortes) - I Bienal de São Paulo
- Henri-Georges Adam (série de gravuras a buril) - II Bienal de São Paulo
- Marcel Fiorini (gravura a cores) - IV Bienal de São Paulo
- Shiko Munakata (xilogravura) - IV Bienal de São Paulo
- Yozo Hamaguchi (maneira negra) - V Bienal de São Paulo
Além de destacar as referências e diálogos desses artistas com outros artistas e tradições (por exemplo, Munakata que funda uma escola de "estilo" ocidental no Japão, a partir do contato com Van Gogh e a gravura expressionista da Alemanha), o prof. Mubarac discorreu sobre o status da gravura e do gravador na arte moderna. Aqui ele destacou a interação entre três atividades, por assim dizer, associadas à gravura, que contribuem na circulação e reinvenção técnica da prática:
- o gravador/impressor
- o gravador/copista
- o gravador como artista
Procurou ainda diferenciar o uso de técnicas da gravura e sua relação com a história da arte e das práticas artísticas, chamando-nos a atenção para o resgate da água-forte e da maneira negra, o uso do buril na experimentação plástica, e a xilogravura relida por uma tradição artística não-ocidental.
Leituras sugeridas:
- W.M. Ivins Jr. “Prints and Visual Comunications” (1969)
- Stanley William Hayter, “New Ways of Gravure” (1949)
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NÃO HAVERÁ AULA - COLÓQUIO DO COMITÊ BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA ARTE
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"Guernica", de Pablo Picasso na Exposição Universal de Paris
Focamos "Guernica" de Picasso na primeira parte da aula, antes da apresentação dos seminários sobre os textos de Hitler e Breton/Trotsky, teve por objetivo complementar as discussões em torno dos textos apresentados. Em primeiro lugar, porque discutimos o contexto de exibição de "Guernica", ou seja, a Exposição Universal de Paris de 1937, e os dicursos políticos ali implicados, com a presença dos pavilhões nacionais e as crescentes tensões que levariam à II Guerra Mundial. Tal contexto teve, indubitavelmente, enorme impacto na escolha do tema abordado por Picasso para a realização de sua pintura para o pavilhão espanhol, bem como na recepção da obra e sua fortuna crítica. Nesse sentido, vimos como as experiências artísticas modernistas de Picasso foram justapostas a referências que o artista fez à tradição da pintura que tomava episódios interpretados da mesma forma (a violência, o solapamento de uma estrutura social, a ideia de guerra).Trouxemos ainda a obra "Guerra na Coréia" que Picasso realizou em 1951 e como ela foi apreendida no contexto do pós-II Guerra Mundial, como contraponto a "Guernica".
Leitura sugerida:
Benjamin Buchloh, "Art & Politics" In: Buchloh, Benjamin; Krauss, Rosalind, Foster, Hal. Art Since 1900 [ver bibliografia do programa do curso]
Seminários: Textos Hitler e Breton/Trotsky
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Sobre o Abstracionismo - retomada
Retomamos as duas principais vias das experiências abstratas do período modernista, que se apresentaram de forma mais explícita no pós-II Guerra Mundial, sobretudo nos anos 1950: Arte Informal (abstracionismo lírico) e Abstração Geométrica.Discutimos como essas duas experiências de abstração estiveram ligadas a práticas vanguardistas: de um lado, o expressionismo e o surrealismo (arte informal); e de outro, as vertentes construtivas e o desenvolvimento da arte concreta nos anos 1930 (abstração geométrica).
Procuramos sintetizar essas duas vias em pares de noções:
Existencialismo/subjetivismo vs. Racionalismo
Gesto vs. Forma
Além disso, vimos a entrada da pintura abstrata norte-americana e como esta nova experiência se relacionou com o contexto europeu. Argan sugere que a pintura abstrata dos EUA seja vista a partir do pragmatismo, que marcaria sua diferença em relação às experiências abstratas européias - mais intuitivas.
Leitura sugerida:
Giulio Carlo Argan, "O Debate Artístico na Europa" In: Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 534.
Seminários: Textos Barr e Dégand
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Seminários: Textos Mário de Andrade/Mário Pedrosa
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DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA - NÃO HAVERÁ AULA
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REVISÃO DO CURSO
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PROVA FINAL