Programação

  • Banco de OBRAS

    Ao longo da disciplina, trabalharemos com exercícios acerca de elementos da crítica teatral. Para isso, vamos nos apoiar em obras a que cada um tenha assistido (individualmente), porém também precisaremos de (muitas) balizas e paralelos para o grupo, a partir de objetos de assistência comum.

    Esta atividade prevê a organização de possibilidades para este repertório comum. Clique na atividade para ver as instruções de como fazer suas indicações.


  • [9/set] Comentário crítico: reconhecimento de expectativas

    - Apresentação do programa, organização e propostas do curso, atividades e avaliação

    Atividade: Comentário Crítico - A Vida Como Ela É - O Pediatra

    1. Escrever um ou dois parágrafos de um “Comentário Crítico” sobre o que foi assistido, considerando-o enquanto uma obra de artes cênicas. Não discutiremos o que se entende por um comentário crítico nesse momento. Cada um pensa sobre isso e realiza a tarefa. Podendo defender a interpretação feita de “um comentário crítico em um ou dois parágrafos com relação a uma obra de artes cênicas”, não há respostas erradas.

    2. Compartilhando o texto produzido em subgrupos, observar os comentários feitos. O que os parágrafos produzidos revelam sobre as expectativas do grupo acerca do que deve ser incluído em um “comentário crítico”? Vale tudo? O que é indispensável? O que aparece sempre? O que aparece ocasionalmente? LISTAR as características e elementos de um comentário crítico, observadas a partir do corpus de análise dos comentários produzidos pelo grupo.


    Observações gerais, a partir das listas dos 4 grupos formados, de tópicos de interesse, pontuados durante a última parte da aula:

    • atualizar o momento, questões da nossa época. pode? deve? precisa?
    • constância da apresentação da estrutura de quebra de expectativa no enredo do video
    • presença de descrição / forma de sinopse
    • contextualização da obra na época e com relação ao autor, seu momento, seu trabalho
    • linguagem: culta e imparcial, ausência de pessoalidade, manifestação em primeira pessoa
    • a crítica parece guiada pela especialidade e conhecimento de cada pessoa, sendo levada pelos conteúdos de cada um

  • [16/set] Reconhecimento de expectativas e modelos, a partir de produção crítica publicada

    A partir da atividade feita na aula do dia 9.set, 7 elementos comuns foram mencionados pelos grupos em suas produções:

    RESUMO / TEMA / ENREDO / CONTEXTUALIZAÇÃO / REALIZAÇÃO / ESTILO TEXTUAL / REFERENCIALIDADE

    • RESUMO: apresentação de resumo / sinopse geral da obra
    • TEMA: discussão do tema da obra e seus desdobramentos
    • ENREDO: apresentação da estrutura do enredo, expectativas, surpresas
    • CONTEXTUALIZAÇÃO: contextualização da obra e do artista, em seu momento de origem e no presente
    • REALIZAÇÃO: pontuação dos aspectos técnicos envolvidos, como atuação, direção, cenografia, luz, sonoplastia, figurino, enquadramento
    • ESTILO TEXTUAL: estrutura estilística do texto da crítica: tipo de linguagem, formato, pessoalidade
    • REFERENCIALIDADE: referencialidade a outras áreas, outras linguagens, outras artes, outros campos de conhecimento

    Atividade:
    3. Reconhecimento de texto crítico, lista de características
    [preencher na Atividade abaixo a resposta de cada grupo, que também deve integrar o Dossiê Final de cada aluno]

  • [23/set] Função da Crítica, S. Magaldi

    A partir da leitura do texto de Sábato Magaldi [no banco de textos], procedemos à discussão em dois momentos: primeiro em grupos, depois partilhando com todos.

    Alguns dos comentários levantados sobre o texto:

    • necessidade do crítico se adaptar às mudanças, não considerando o teatro como estrutura imutável
    • questão contrária à cultura de cancelamento
    • nome “crítica” remetendo a algo negativo // questão do crítico como parte da construção do processo artístico
    • como fazer parte da construção, mesmo no momento de pontuar aquilo que é negativo de um trabalho? um papel na construção da arte, fugindo da lógica de mercado de “não assista, não perca seu tempo”
    • o desgosto de escrever uma crítica negativa / desconstrução do conceito de crítica popularizado como o de avaliação negativa / ninguém sai de casa pra ser negativo com a obra
    • a destruição seria mais fácil do que a construção
    • caráter de sugestão, o como a crítica poderia/deveria ser
    • crítica com estatuto de obra de arte. como seria uma dramaturgia da crítica? outros formatos e suportes: a crítica só pode ser escrita?
    • crítica // mediação cultural
    • imprensa recomendando comentário breve e leve (nos anos 80) > hoje queremos algo ainda mais curto? // avaliação em estrelas
    • função da crítica de movimentar escolhas do público 
    • sistema de produção com uma noção de patamar de excelência e avaliação
    • criação de expectativas > atendimento ou frustração
    • o que precisa um crítico para sua formação?
    • a quem a crítica se destina?
    • possibilidade de destacar aspectos mais relevantes da obra para seu entendimento > e variabilidade de críticas possíveis a partir disso
    • primeira virtude do crítico como o saber escrever, o resto se desenvolvendo com o tempo

    Atividade:

    4. Percepção da função da crítica

    [preencher na Atividade abaixo a resposta individual, que também deve integrar o Dossiê Final de cada aluno] 

  • [30/set] Crítica: Função X Realização

    Neste encontro, retomamos a atividade 4, realizada na semana passada.

    A partir das respostas produzidas por cada um acerca das expectativas acerca da função da crítica, a turma se reuniu em grupos menores para compartilhar o que escreveram, em uma metodologia confrontativa, observando, frente às contribuições, questões como “por que X?”, “não ficaria faltando X?”, “qual o valor de X?”, "tem como fazer X?”.

    A partir dos compartilhamentos, cada grupo produziu uma lista das características observadas (a postar na atividade 5, incluindo-a também no dossiê final).

    Continuamos com um debate a partir das questões levantadas, focando, sobretudo, um aspecto levantado sobre o caráter possivelmente educativo da crítica. A palavra foi apontada como problemática, e entre diversas críticas, encontramos uma possibilidade de falar disso como o caráter potencialmente instrumentalizante na crítica: ela pode dar ferramentas para o leitor e para o público das obras, mas não o faz de maneira determinante, não obriga o leitor a usar certas ferramentas para certos efeitos - a ferramenta cria uma possibilidade, mas a relação do usuário com ela é variada, múltipla, e não se limita a processos ou regras prévios e/ou validados.

    Na parte final da aula, realizamos uma atividade avaliativa em três etapas, apresentada na atividade 6, abaixo. A ser realizada por todos o mais breve possível, postada no link abaixo, e incluída no dossiê final.

  • [7/out] Retorno da Atividade Avaliativa

    O foco do encontro foi a discussão das atividades avaliativas realizadas durante a aula anterior. Ainda que cada texto tenha sido devolvido com comentários específicos, algumas observações gerais encaminham o pensamento que temos construído acerca das possibilidades das abordagens da crítica, agora ainda mais balizados por percepções realistas dos limites e possibilidades de realização textual e editorial. Alguns dos tópicos apresentados e discutidos:

    • objetivo do exercício: Não acertar na realização de comentários e reduções perfeitas, mas o de criar resultados imperfeitos e ser capaz de discutir essas imperfeições.
    • presença, sobretudo nas Reflexões, de uma ou duas frases iniciais à la Dissertação, que criam um clima para o que vai ser dito. 
    • medo de apontar os problemas do próprio texto — também é uma questão de técnica de redação de dissertação
    • observação da “validade” ou “utilidade” do exercício de redução
    • impacto do conhecimento da obra de origem, desejo pelo todo [é a parte da qualificação do crítico. motivo pelo qual aqui vamos fazer exercícios, comentários, experimentações críticas. não vamos nos descobrir críticos prontos, porque isso precisa de tempo. Mas podemos descobrir o interesse, e, mais que isso, as possibilidades das relações entre a atividade crítica e as atividades artísticas]
    • questões da peça “inteira" - o video é uma cena, mas nao um recorte do todo. é uma proposta em si.
    • critérios da escolha do encurtamento: “o que é fundamental dessa versão”, "o que causa impacto no leitor”, “o que não prejudicaria o registro histórico da obra” 
    • recurso discursivo às referências, escolas e termos não qualificados: realismo, classicismo, minimalismo, simbolismo
    • “mito” do bloquinho de anotações

    Também tratamos da divergência das opiniões, e dos riscos de se engessar entendimentos das obras, através do uso de termos que sejam excessivamente caracterizadores, especialmente os superlativos. Num exercício de verificação dos limites da pressuposição de entendimentos, algumas frases retiradas dos comentários críticos apresentados na atividade avaliativa foram propostas para o grupo, que respondia a elas concordando ou discordando das mesmas. O exercício evidenciou desproporções e ausência de unanimidade em todas as frases propostas. Abaixo, as frases, e a representação numérica dos posicionamentos, registrando as opiniões num formato [concordo/discordo]:

    • o personagem tem pensamentos tenebrosos [5/14]
    • o corpo em cena é rígido demais [5/15]
    • a interpretação do ator é penetrante [16/3]
    • o trabalho do ator é feito com maestria [12/7]
    • o objetivo dos diretores foi realizado magistralmente [4/16]
    • nem sempre as palavras parecem fazer pleno sentido para o ator [6/13]
    • o texto é compreensível / entendível [14/6]


  • [14/out] Análise de Espetáculos

    A proposta que adentramos, sobre a Análise de Espetáculos, tem uma origem nos estudos da Estética da Recepção. Para situar a leitura do texto proposto para a aula (PAVIS, P. Os Instrumentos da Análise, In A Análise dos Espetáculos. São Paulo, Perspectiva, 2008.), foi feita uma pequena apresentação de questões ligadas à Estética da Recepção, e que podem ser ampliadas, por aqueles que pelo tema se interessarem, através do texto de Edélcio Mostaço, disponível no banco de textos, entre as obras de leitura opcional.

    Alguns pontos a destacar para orientar essa leitura foram:

    • originalmente literária (referências: Jauss, Iser, Stierle, Gumbrecht)
    • “a recepção não é uma dimensão individual, mas um fenômeno coletivo”
    • altera o eixo de privilégio do estudo e discussão do autor, para a reflexão sobre o receptor da obra
    • MARX > a produção da arte cria um público capaz de apreciá-la e sentir prazer com ela: um objeto para o sujeito, e também um sujeito para o objeto
    • a arte é um fazer > construção > elemento conscientemente e propositalmente elaborado

    A partir dessa consideração, trabalhamos um pouco do que se apresenta no texto lido, que propõe alguns instrumentos para a análise de espetáculos. Destacamos uma distância entre a análise, que agora discutimos, e a crítica propriamente dita, nosso objeto central. A análise, como o nome indica, realiza um processo analítico: que parte do todo para segmentar e entender suas partes, discriminando seus elementos, evidenciando seus sistemas operacionais, observando as relações de funcionamento entre eles. Na outra mão, a crítica faz uma atividade de síntese: ela parte dessas partes e elementos para construir um novo todo, que não é equivalente ao "todo" que é a obra sendo discutida, mas que se associa a ela. Avançaremos em outros encontros sobre a particularidade da crítica.

    Por hora, focamos na possibilidade da análise em si como um instrumento para a crítica (enquanto pensamento crítico e enquanto proposta de escrita de texto crítico).

    Para isso, iniciamos um exercício, que continuará no próximo encontro. Nele, tomamos como ponto de partida o questionário proposto por Pavis na leitura feita, para, através de sua aplicação a exemplos concretos, abrir possibilidades de questionamento e identificação das capacidades, limites, dificuldades e potência do uso do instrumento proposto.

    A turma se dividiu em quatro grupos, cada um voltado a um trabalho específico, com a proposta de preencher o Questionário Pavis, item a item, com relação ao trabalho sendo analisado. Retomaremos o próximo encontro a partir da continuidade e depois finalização desta atividade.

  • [21/out] Análise de Espetáculos (2)

    Para o encontro do dia 21/out: se preparar re-assistindo ao trabalho a ser analisado.

    Este encontro foca a continuidade e conclusão da atividade iniciada no encontro anterior, de análise, a partir de 4 objetos distintos, com a turma dividida em 4 grupos.

    GRUPOS DE TRABALHO:

    - AFROBAPHO - Bixa Preta (videoclipe) [https://youtu.be/deX_Y6kqgRM] 
    (Alana, Clarice, Douglas, JP, Luanda) 5

    - Karen Finley - It's My Body (performance, registrada em video) [https://youtu.be/yCan4sGIOfE]
    (AnaB, Barbara, Catarina Aretha, Gabriel, Gabriela, Jessica, Mireille) 7

    - Ariana Grande - God is a Woman (videoclipe) [https://youtu.be/kHLHSlExFis]
    (Flávia, Giu, Julia, Keila, Lanna) 5

    - Lady Gaga - 911
     (videoclipe) [https://youtu.be/58hoktsqk_Q]
    (AnaC, Bruno, Clara, Daniel, Daniel A, Felix) 6

    Cada grupo posta o resultado da atividade no espaço reservado abaixo

  • [28/out] As Operações da Crítica: (1) Descrição

    A proposta da organização e sistematização daquilo que faz um texto produzir reflexão crítica sobre uma obra de artes da cena parte da proposta de Sally Banes, centrada na crítica de dança (e disponível em inglês no banco de textos). Sobre a proposta e o funcionamento dessas quatro operações, reproduzo trechos de um artigo meu (também disponível no banco de textos):

    “Sally Banes (1994) considera quatro diferentes operações que um crítico realiza em seu trabalho: descrição, contextualização, avaliação e interpretação. Essas operações podem se relacionar em múltiplas formas aos aspectos que aqui são discutidos. A descrição é o método que o crítico usa para apresentar os sistemas empregados naquela comunicação. Mesmo que não sejam discutidos, eles são descritos, assim dando ao leitor uma forma de acesso à obra. Se o leitor assistiu à obra, ele pode ser capaz de lembrar, através da descrição, pontos principais que o crítico considera relevantes para a análise proposta. Se o leitor não assistiu à obra, a descrição pode ajudá-lo a ter uma ideia, mesmo que parcial, dela. Ao contextualizar e avaliar uma obra, o crítico coloca esses sistemas em relação com seu tempo, estabelecendo a aproximação entre os artistas e os públicos — e ele mesmo, enquanto membro do público — e apresentando uma experiência de recepção que pode diferir da experiência de outra pessoa, mas continua sendo uma experiência, real, e, na crítica, tornada pública, partilhada.

    “No entanto, ao interpretar uma obra, o crítico está sempre em uma situação difícil. De um lado, sua opinião pode ser exigida (por alguns editores) e desejada (por alguns leitores); por outro lado, ao oferecer uma opinião interpretativa, o crítico pode interferir com as opiniões dos leitores, limitando-as, pre-determinando-as (ver em Denby, 1969, a discussão dos muitos pontos de vista acerca da relação entre o crítico e o entendimento do público). Esse risco foi explorado profundamente em formas de crítica que focam na avaliação da obra e que oferecem opiniões e preferências pessoais como forma de validação ou questionamento das obras que consideram (…).

    “De acordo com Banes (1994) cada texto de crítica pode misturar as dosagens dessas quatro operações, mas observamos que alguns autores mostram preferências em suas escolhas (…). O aspecto mais relevante desse sistema de quatro operações é sua múltipla possibilidade de dosagens, no sentido de criar combinações únicas, ao mesmo tempo que, paradoxalmente, essas combinações podem ser capazes de emular características das outras categorias de textos (…)”

    (In: ROCHELLE, H. Dança em texto: comunicação através dos textos sobre a dança. Urdimento, Florianópolis, v. 2, n. 38, ago./set. 2020)


    O fundamental do que é apresentado é o entendimento de quatro operações independentes, mas entrelaçadas em sua realização, e que tentam responder, cada uma, a questões básicas, direcionadas à obra em discussão, como proponho nessa sintetização:

    • Descrever (o que aconteceu? o que foi mostrado?)
    • Interpretar (que sentidos isso carrega? o que isso quer dizer?)
    • Contextualizar (que condições levam a isso? qual o lugar disso no mundo?)
    • Avaliar (qual o valor disso? qual o interesse disso?)


    Passaremos então a um estudo e aplicação, uma a uma, dessas operações.


    Atividade 8. Descrição e Comparação

    A turma se dividiu em 3 grupos para fazer uma atividade de descrição e comparação, que será postada individualmente aqui no moodle, a partir das indicações apresentadas na Atividade 8, abaixo, e incluída no dossiê final de cada um.

    GRUPOS
    La La Land [https://www.youtube.com/watch?v=A7RmBgq4tT4]

    7, Ana B, Bárbara, Gabriela, Julia, Felix, Mireille, Bruno

    Vento [https://vimeo.com/448067284]

    9, Alana, Jessica, Clarice, Gabriel, Keila, Lanna, Catarina, Ana C, Flavia

    Comissão de Frente, Tuiuti 2018 [https://youtu.be/ugbIF0MjqNI] 

    7, Giu, Carolina, Clara, JP, Luanda, Daniel, Douglas



  • [4/nov] As Operações da Crítica: da (1) Descrição à (2) Interpretação

    A. Finalização da atividade descritiva

    Observação e quantificação do tipo de elemento pontuado na atividade de descrição:

    TÓPICOS / OBRAS

    La La Land

    Vento

    Tuiuti

    TOTAL

    Fábula / Enredo / Narração / Ação

    38

    38

    8

    84

    Intérpretes / Personagem / Caracterização

    13

    20

    24

    57

    Cenários / Ambientação

    27

    46

    6

    79

    Figurinos

    12

    11

    3

    26

    Coreografia / Movimentação (corpo e/ou câmera)

    23

    21

    4

    48

    Música / Som / Trilha / Ritmo

    10

    18

    4

    32

    Contexto (histórico ou não)

    2

    5

    3

    10

    TOTAL

    125

    159

    52

    336

    Frente aos dados tabulados, nos questionamos: O que é descrito? O que é essencial? É essencial para que?
    Observando essas quantificações, questione-se: Isso corresponde às suas expectativas? as médias correspondem aos pontos que você levantou? O quanto a sua forma de descrever destoa do consenso do grupo, e de que modos?


    B. (2) Interpretação

    Os elementos elencados pela descrição servem para caracterizar a obra, distingui-la de suas pares, individualizar // mas também cumprem um papel de suporte discursivo e na discussão dessa obra: como esses elementos levam a entendimentos e a leituras possíveis.

    Notavelmente: como a leitura que o crítico apresenta em seu texto se revela de modo relacional, a partir daquilo que é concreto da obra

    A interpretação cumpre papeis fundamentais de identificar sentidos para aquilo que é discutido. Por exemplo, é na interpretação que podemos passar do “há uma mesa vermelha” para o que essa mesa vermelha causa com a cena e sua recepção.

    A interpretação se baseia SEMPRE nos elementos concretos da obra, mas é fato que as nossas possibilidades e alcances de leitura são drasticamente organizados por nossas experiências de vida, nossas compreensões do mundo, e nossas limitações.

    Ou seja, aquilo que eu entendo, nem sempre é o que o outro entende. Para ilustrar esse sistema, fizemos, juntos, a leitura do texto Shakespeare na Selva (disponível no banco de textos), que destaca questões de interpretação.

    >>
    Para aplicar as propostas, procedemos à Atividade 9, com a produção de escrita de um texto interpretativo para o Swan Lake Ballet, de Corey Baker. Veja abaixo a atividade e o espaço para a postagem dos textos produzidos.

  • [11/nov] As Operações da Crítica: (3) Contextualização

    A. Discussão dos processos de Interpretação

    Conceito e ideia de "obra aberta" >> questões de encenação/montagem: mesmo frente a um universo restrito, há uma série de possibilidades de apresentação e leitura dos elementos

    o crítico observa a gama de estratégias e escolhas possíveis, e discute aquelas que foram levadas à cena; observa os diversos efeitos e leituras possíveis, mas os investiga para apontar uma leitura não apenas possível, mas também contundente (buscando as evidências a favor e contrárias às suas hipóteses, e escolhendo, conscientemente, não só uma leitura que é possível, mas também plausível, lógica, frente ao objeto discutido)

    Questionando a Interpretação (seus processos e as interpretações dos outros): Como foi possível dar sentidos à obra? Os sentidos que você atribuiu convergem ou divergem daqueles apresentados pelo grupo / pela crítica lida? Como a sua interpretação foi (ou não) afetada a partir do contato com as interpretações propostas por outras pessoas? Quais as dificuldades de interpretar, e de apresentar essa interpretação para um leitor em potencial?


    B. (3) Contextualização

    TEXTO e CONTEXTO // leitura, leitor >> assistência, espectador/público

    A contextualização é o processo através do qual o crítico dá ao leitor informações sobre as situações reais que levam à criação e à apresentação daquela obra, naquele local, naquele momento, por aquele grupo, naquela proposta, daquela forma como a vemos.

    O contexto engloba todos os fatores que colaboram com (no sentido de que “afetam” — não apenas num sentido positivo de colaboração —, incluindo também os fatores que dificultam e atrapalham) a existência de uma produção específica, em condições específicas.

    Não se trata de uma reflexão sobre o uso do contexto enquanto tema para uma obra. Uma obra tem contexto, e está atrelada a seu momento histórico, independentemente de quanto o grupo e os artistas envolvidos desejam usar esses elementos como um pano de fundo, como um tema, como uma forma de tratamento ou abordagem.

    Por exemplo: no momento em que estamos vivendo, uma apresentação — qualquer que seja — se insere num contexto da pandemia. Mesmo que ela seja uma produção feita tentando ignorar a existência de uma pandemia, mesmo que esse tema não seja abordado de nenhuma forma pela apresentação, ele existe e persiste enquanto contexto e é indispensável para a discussão e compreensão adequada da mesma.

    O contexto faz parte do conhecimento (histórico, geral, cultural, específico, dessa forma de arte), que é esperado do crítico. Ele é uma das maiores demonstrações da especialização, que é a verdadeira credencial do crítico. A descrição é algo ao alcance de todo o público. A interpretação também, ainda que ela se alimente de conhecimento específico da linguagem para chegar em lugares mais próximos das intenções dos criadores.

    Já o contexto, se divide em dois ramos. O contexto sócio-cultural, de forma geral acessível a todos; e o contexto específico, ligado à situação da arte em questão e das artes no geral, e seu desenvolvimento ao longo do tempo. É pra essa informação que o público leitor depende do caráter “público especializado” do crítico. E é esse o elemento que só se adquire com estudo, conhecimento histórico, e muito acompanhamento da produção cênica.


    Uma questão reflexiva, pela qual começaremos o próximo encontro: você se lembra de alguma ocasião em que informações sobre o contexto tenham alterado a sua recepção de uma obra ou apresentação, ou tenham tomado algum protagonismo neste entendimento?



  • [18/nov] As Operações da Crítica: (4) Avaliação

    “(…) Ainda que a Avaliação não se trate de uma construção absoluta, de pontuar algo correto ou incorreto na obra, diferente da Interpretação ela não passa necessariamente pelo processo de construção do entendimento próprio do leitor. Ela dialoga, sim, com o leitor, que pode dela discordar; igualmente, ela apresenta (em condições ideais), os elementos que levam o autor a dada Avaliação. Mas, construída enquanto a opinião do especialista, a Avaliação remete a muito mais do que apenas a obra sendo discutida, voltando-se, também, para o cenário mais amplo da dança, dos trabalhos daquele criador, do repertório daquela companhia, ou mesmo da relevância daquela obra em dado momento. Em nenhuma instância, no entanto, ela pode se reduzir a uma aplicação e verificação de regras e infrações observadas em uma dada compreensão do fazer artístico — se assim fosse, a crítica seria “apenas uma questão jurídico-policial” (COELHO, 2006, p. 28), na qual o crítico é apontado como o vigilante, como a autoridade que supervisiona as normas.

    Portanto, não se trata de uma redução ao discurso da autoridade, e, ainda assim, a estrutura de produção e de leitura da crítica cobra do crítico (SORELL, 1965), através de sua experiência, e enquanto sujeito pensante (TODOROV, 2015), um posicionamento e uma valoração daquilo que discute. O que entra em jogo, então, são os modos de se fazer essa validação na Avaliação. Ao distribuir “estrelas douradas especiais” (MONAHAN, 2016) a intérpretes de destaque, mesmo que não dê os motivos para tanto, a crítica se relaciona com um papel historiográfico, garantindo seu registro e possível utilidade num tempo futuro para a reconstituição do momento dessa dança. Saber que tal bailarino ou tal outro tiveram um desempenho especialmente bom nessa obra é o tipo de conteúdo que pode ajudar o especialista a retraçar trajetórias — mas é um conteúdo que dependerá de outras informações e, mais ainda, desse olhar especializado. Para o público geral, que talvez em grande parte nem saiba quem é o bailarino mencionado, a possibilidade de se relacionar com essas “estrelas douradas” é limitada a uma situação em que o leitor tenha visto o intérprete em questão e receba, através da Avaliação do crítico uma identificação com sua própria avaliação pessoal. Ou seja, o indivíduo teve uma percepção específica acerca daquele bailarino e o comentário do crítico lhe dá uma confirmação ou oposição à sua opinião inicial.

    Para ultrapassar esse nível basal, é necessário apresentar os instrumentos da Avaliação, assim também instrumentalizando o leitor para a compreensão do procedimento empregado. (…)” 

    ROCHELLE, H. “A Avaliação: Demanda e Efeito” (trecho) In: A crítica como metodologia e análise da recepção na dança. Doutorado em Artes da Cena, Unicamp, 2017.


    Atividade 10 - Avaliação, Ensaio.Hamlet

    A partir da obra assistida (Cia dos Atores, Ensaio.Hamlet - https://youtu.be/EWbR1zqIAQI ), responder às perguntas abaixo, unicamente considerando as opções dadas:

    1. a obra é boa ou não é boa?
    2. eu gosto ou não gosto?
    3. ela vale a pena ou não vale a pena?
    4. eu a indicaria ou eu não a indicaria?
    5. quantas estrelas ela merece (escala de 1 a 5)?
    6. a obra funciona ou não funciona?
    7. a proposta da obra é identificável ou não?
    8. a proposta da obra foi alcançada ou não?
    9. a obra é inovadora ou não?
    10. a obra tem interesse ainda hoje ou não?
    11. eu aplaudiria ou não?
    12. eu aplaudiria em pé ou não?
    13. qual a melhor parte (ou as melhores partes)?
    14. qual a pior parte (ou as piores partes)?
    15. escolha duas outras obras que tenha assistido. Crie uma escala: qual é a melhor, qual é a meio temo, qual é a pior entre as três?
    16. Qual o significado em palavras das 5 estrelas avaliativas (propostas na pergunta 5) (Exemplo: 1 estrela = bom; 2 estrelas = muito bom; etc)
    Poste suas respostas dentro da atividade 10, abaixo.


  • [25/nov] As Operações da Crítica: (4) Avaliação

    A partir das respostas compiladas da atividade 10, passamos a discussões sobre os processos, efeitos e propostas da Avaliação, como:

    • Quais os critérios que são levados adiante para julgar uma obra? 
    • Quais as possibilidades de julgamentos distintos? 
    • Como um julgamento influencia outro? 
    • Como separar o “ser bom” do “eu gosto”? 
    • Como criar uma avaliação geral, sem poder expressar as partes (uma coisa pode ser ruim, mas ter partes boas, ou o contrário)? 
    • O que eu levo em conta quando decido que uma obra “não vale a pena”? 
    • Quais os riscos de afastar o público de uma obra? 
    • Como determinar o apoio que se dá a uma obra indicando-a? 
    • O que significam as estrelas da avaliação? 
    • Enquanto público, eu sairia de casa para ver algo que foi mal avaliado? 
    • Qual a relação do leitor com a avaliação feita? 
    • Os críticos (e os veículos) criam sistemas para que as avaliações tenham um padrão? 
    • Como comparar obras? 
    • Como estabelecer parâmetros de equivalência? 
    • Como fazer paralelos com outras obras do mesmo artista, ou outros artistas?

    São diversas as questões de critérios que se apresentam no momento da avaliação, e esses critérios, junto do pensamento por trás deles, são o que garante alguma proposta que mantenha um tanto de justiça na operação de avaliação.

    É fundamental separar o gosto pessoal do julgamento da qualidade da obra. Eu gosto do que eu gosto, independente de isso ser bom ou ruim. Meu gosto não torna uma obra boa, nem meu desgosto torna uma obra ruim. O crítico oferece opinião, mas opinião circunstanciada e qualificada. Ele qualifica sua opinião com conhecimento amplo do campo que discute. E circunstancia sua opinião com as outras operações da crítica, E com a consideração de todas essas sub-questões que trabalhamos direta e indiretamente para tentar desenvolver respostas avaliativas diretas: isso é bom? vale a pena? merece uma indicação?

    Os sistemas de avaliação não são fixos, e existe um grande espaço de interpretação por parte do leitor, mesmo a partir daquilo que é feito num propósito de ser simples, direto, e de fácil compreensão. A crítica é um exercício complexo que lida com equilíbrios, dosagens, consideração do público que a recebe, preparo, trabalho de estruturas comunicativas, e organização detalhada da apresentação do todo. E nesse sentido, ela se aproxima intimamente da atividade artística.


    Tendo completado as operações da crítica, passamos a um exercício de escrita crítico mais completo, apresentado na (longa) Atividade 11, que deve ser feita e enviada até o dia 9/dez.

    Abaixo, deixo também um dossiê com textos sobre a obra sendo trabalhada. Eles não precisam ser lidos, mas podem por quem se interessar, ou quem quiser mais informação dos contextos do trabalho. Mas eu recomendo de verdade que tomem cuidado. É muito fácil se deixar contaminar por aquilo que está apresentado em outros textos. E isso diminui o valor da SUA leitura pessoal, da SUA possibilidade de crítica, que é o que me interessa.

  • [2/dez] Condensação das operações

    Para refletir sobra as dificuldades aparentes dos processos propostos pela atividade 11, realizamos outra atividade, essa, partindo da condensação da percepção das operações, em tópicos, depois transformados em textos.

    Para isso a turma se dividiu em grupos, cada um assistindo a um trabalho diferente.

    Vida de Garoto, ep. 1 (Ana B, Bruno, Clara, Gabriel, Jessica) [https://youtu.be/r7dVFlokNy0]

    Glee, ep.3x07 (21:25 - 27:03) (Bárbara, Felix, Giu, Keila, Lanna) [https://drive.google.com/file/d/1zJ8iSScyq42XaUkRdn3Gy8IUykRFKNao/view?usp=sharing]

    Little Song (Daniel P, Flávia, Gabriela, Julia, Mireille) [https://youtu.be/QKiaNw6Dmz8]

    Chernobyl (10:56 - 19:56) (Alana, Ana C, Catarina, Daniel A, Douglas, JP) [https://www.youtube.com/watch?v=R8tjc49rlb0]

    Após a assistência, procedemos à Atividade 12, seguida do compartilhamento das respostas entre o grupo.

    Abaixo, as instruções para a realização da Atividade 12, e o espaço para a postagem das respostas individuais.

  • [9/dez] Premiação, Avaliação e Validação

    - A atividade 11 será entregue na semana que vem [16/dez]. Até lá, questões gerais sobre a atividade podem ser enviadas no grupo do whatsapp, assim todos já podem ver a resposta. Questões específicas sobre as suas respostas podem ser enviadas direto pra mim, até o domingo antes da entrega (pode enviar depois, mas não garanto que dê tempo de responder e de fato te orientar).

    - A Atividade 12 (feita durante a aula passada) deve ser postada antes desse encontro. Ela será nosso ponto de partida para essa aula.

    - Recomendo que todos assistam aos 4 videos trabalhados, para melhor integrarem a discussão



  • [16/dez] Experimentação com formatos de crítica

    - Enviar a Atividade 11 antes do início da aula [16/dez]. Até lá, questões gerais sobre a atividade podem ser enviadas no grupo do whatsapp, assim todos já podem ver a resposta. Questões específicas sobre as suas respostas podem ser enviadas direto pra mim, até o domingo antes da entrega (pode enviar depois, mas não garanto que dê tempo de responder e de fato te orientar).

    - Postar as respostas dos grupos da Atividade 13 também antes dessa aula.

    - Encaminhar a finalização do Dossiê de vocês. Todas as instruções já estão no item do Dossiê, um dos primeiros itens no curso. E eles deverão ser postados em PDF, seguindo a formatação proposta, e incluindo todas as 14 atividades (a 14 é a que discutiremos durante essa última aula). O arquivo do Dossiê Final vai ser postado logo. Até o final do dia 17, quinta, no item previsto para isso, abaixo.


    - preparar a Atividade 14:

    Atividade 14 - Formatos não textuais de crítica

    Procure imagens, memes, stickers, gifs, emojis que você possa usar para discutir uma das 7 obras trabalhadas na última aula. Vale tudo, dentro da experimentação. É preciso conseguir se referir especificamente a um desses trabalhos. E é pra buscar elementos não-textuais, que deem conta de criticar, de comentar, de discutir, ou de descrever, de interpretar, de contextualizar ou avaliar um trabalho. Vale TUDO que não seja texto corrido, mas se refira sobre um trabalho específico.

    Vamos ver alguns dos exemplos que vocês trouxerem durante essa aula, e todos os que vocês encontrarem podem ser incluídos no dossiê final. Também fiquem à vontade pra postar, durante ou depois da aula, no grupo do whatsapp. 


    OBSERVAÇÃO SOBRE NOTAS E MÉDIAS FINAIS

    O cálculo da média final de vocês leva em consideração 4 notas, cada uma delas numa escala até 10:

    • Atividades em destaque (3 pontos da Atv 6 + 7 pontos da Atv 11)
    • Atividades/Geral (10 pontos, a partir da observação do seu dossiê final, em consideração das atividades ao longo do semestre, em termos de realização e qualidade da realização)
    • Presença (uma nota até 10 proporcional a sua frequência)
    • Participação em aula (até 10 pontos, considerando participação de fato. tanto nas atividades em grupo, como nos momentos do todo da sala, comentários, questões, exemplos - enfim, tudo aquilo que vai além do "eu cliquei no link da sala e fiquei conectado")

  • Banco de TEXTOS

    Destaque

    Arquivos dos textos de leitura obrigatória, sugerida, ou mencionados durante o curso

    LEITURA OBRIGATÓRIA

    [para 23/set] - MAGALDI, A Função da Crítica, In Depois do Espetáculo. São Paulo, Perspectiva, 2003.pdf

    [para 14/out] - PAVIS, P. Os Instrumentos da Análise, In A Análise dos Espetáculos. São Paulo, Perspectiva, 2008.

    [leremos juntos, na aula de 4/nov] - BOHANNAN, L. Shakespeare na selva. Natural History, 75, 1996

    LEITURA SUGERIDA / TEXTOS MENCIONADOS / OPCIONAIS

    ADSHEAD, J. et al. A Chart of skills and concepts for dance. Journal of Aesthetic Education. Vol. 16, No 3, 1982. P. 49-61.

    BANES, S. Writing Dancing in the Age of Postmodernism. Hanover, Wesleyan, 1994.

    BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo, Perspectiva, 2005.

    DEL RIOS, J. A Função da Crítica, in HELIODORA, B.; DEL RIOS, J.; MAGALDI, S. A Função da Crítica. São Paulo, Giostri, 2014.

    EAGLETON, T. A Função da Crítica. Sao Paulo, Martins Fontes, 1991.

    GARCIA, M.C. Panorama da Crítica Teatral. In: Reflexões sobre a crítica teatral nos jornais. São Paulo: Ed Mackenzie, 2004

    LIPOVETSKY, G; SERROY, J. A Estetização do Mundo: viver na era do capitalismo artista. São Paulo, Cia Das Letras, 2015.

    MOSTAÇO, E. Uma incursão pela estética da recepção. Sala Preta, 8, 63-70, 2009.

    PAVIS,P. Theatre Analysis: Some Questions and a Questionnaire

    ROCHELLE, H. Dança em texto: comunicação através dos textos sobre a dança. Urdimento, Florianópolis, v. 2, n. 38, ago./set. 2020

    UBERSFELD, A. Para Ler o Teatro. São Paulo, Perspectiva, 2005