Programação

    • Autores: Valdir Barzotto, Débora Trevizo, Rafael Barreto do Prado e Rita Maria Decarli Bottega (USP)

      Resumo

      Este texto objetiva discutir questões a respeito ao ensino da disciplina de Língua Portuguesa, a partir de algumas posições defendidas por Geraldi e paulatinamente descoladas do contexto e dos compromissos que as motivaram. Pesquisadores em diferentes momentos de sua formação, orientados pelo prof. Valdir Barzotto, conduzem com ele a discussão, abordando os seguintes pontos: a produção de conhecimento na universidade e a relação com os saberes já produzidos, na qual se afirma a necessidade da curiosidade criativa por parte do pesquisador, que favorece a ultrapassagem do legado de conhecimentos já produzidos e socializados; a perspectiva defendida por Geraldi que colocava o texto como centro das aulas de Língua Portuguesa foi paulatinamente golpeada, já que os compromissos que a alavancavam foram redimensionados, permanecendo mais o registro linguístico do que a formação de sujeitos capazes de questionar as bases da sociedade que explora o seu trabalho; a incorporação do termo “produção de textos” no lugar de “redação” nos discursos dos professores pode ser sinal de uma transmutação de propostas de trabalho; a reflexão acerca de aspectos da escrita na universidade permite que se entrevejam formas limitadas de domínio de escrita que são ensinadas, exercitadas e validadas na universidade; a percepção da vinculação da modalidade de língua convencionada como culta, os controles sociais e assujeitamentos permite que esta variedade seja representante das relações de poder, mas também de subversão.

    • Autora: Adriana Santos Batista

      Resumo

      Nesta pesquisa teve-se como objetivo analisar os arranjos de vozes estabelecidos em textos jornalísticos sobre avaliações externas. De modo mais específico, a proposta foi observar em textos publicados pela Folha de S.Paulo sobre o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) os seguintes aspectos: a caracterização dos locutores presentes nos textos, tanto como autores, entrevistados ou fontes jornalísticas; a heterogeneidade enunciativa e formas de inserção do discurso relatado; os modos por meio dos quais as diferentes vozes presentes nos textos são articuladas a fim de sustentar determinadas posições do jornal; e as relações interdiscursivas e dialógicas estabelecidas entre os textos e os elementos materializados no jornal. Para a constituição do corpus, foram selecionados vinte e quatro textos sobre o Ideb 2009 e dezessete sobre o Pisa do mesmo ano, todos publicados pela Folha de S.Paulo em 2010, logo após a divulgação dos resultados. Optou-se pelo uso da versão impressa, disponível no acervo digital do jornal, para que fosse possível examinar, além do conteúdo escrito, a disposição do texto e das imagens no material publicado. Como referencial teórico para as análises, foram mobilizados estudos pertencentes, principalmente, à Análise do Discurso e a diferentes correntes acerca da enunciação. Os conceitos basilares foram dialogismo (BAKHTIN, 1997, 2010), heterogeneidade enunciativa e discurso relatado (AUTHIER-REVUZ, 1990, 1999, 2004), interdiscurso (PÊCHEUX, 1993) e locutor (DUCROT, 1987). Da esfera jornalística, foram abordados também os conceitos de fontes e gêneros jornalísticos com base, sobretudo em Melo (1985) e Lage (2008). Por meio das análises realizadas, concluiu-se que, com relação aos locutores, nos textos publicados pelo jornal, predominam enunciados provenientes da esfera governamental e de think tanks, sendo que a esses últimos é atribuído o papel de fontes expert, aquelas que detêm o conhecimento teórico capaz de debater os resultados divulgados e apresentar propostas de ação. Ao saber acadêmico é relegado papel secundário, tanto quantitativamente quanto pelas maneiras como os enunciados associados a representantes de universidades são dispostos nos textos. No que diz respeito ao conteúdo, há predominantemente uma tendência à polarização entre ensino público e privado, com valorização das práticas do segundo em relação ao primeiro; consideração dos dados obtidos pelas avaliações como rankings e propagação do discurso da competitividade.

    • Autora: Cláudia Neli Borragini Abuchaim de Oliveira

      Resumo

      O presente trabalho pretende averiguar se existem na escrita “marcas de oralidade” que permitam ao leitor reconhecer no texto uma realidade linguística que possa determinar o tempo histórico do texto escrito. Serão utilizadas duas vertentes modernas de análise das variações linguísticas: a macroanálise e a microanálise da conversação. Traçaremos nosso referencial teórico por meio dos estudos de Coseriu (1987), Marcuschi (2001), Salomão (2001), e Preti (2004). A macro e a microanálise das variações da linguagem nos mostram que é possível estabelecer um modelo teórico de análise para relacionar o texto escrito com a realidade falada de seu tempo. Mostraremos nesta análise que o texto escrito não equivale a uma manifestação oral, porém aproxima-se da língua falada, revelando a realidade linguística de determinada época.