Programação

  • Atividade para nota

    • A partir dos excertos abaixo discuta alguns problemas postos na história da música brasileira. Localize as épocas e as questões fundamentais que consubstanciaram os escritos.

      1. Mário de Andrade em O Banquete

      “E, assim, o compositor da Capital do Estado de Sombra Grossa, com seus trezentos e cinqüenta mil habitantes, que já por si sabe menos porque não pode se instruir direito e que não consegue nenhuma esperança de ser executado, esse músico possível, não se sente o "anchio sono pittore", e nem pensa em compor. A não ser uma Ave-Maria para ser cantada pela senhorinha dona Carlota Pêssegos, na igreja de Santa Catarina, que é a mais próxima”

      2. Antônio Piccarolo, em Gazeta Artística, em 1910, falando sobre o problema da ópera

      Tudo isso é deplorável, em demasia eu sei; mas é assim; é uma consequência das condições sociais em que vivemos, e do ambiente de que a arte é uma emanação. Diz-se que cada povo tem o governo que merece. Um público cansado da luta pela vida quer uma arte que o divirta e lhe proporcione algum repouso às fadigas diárias. Um público sossegado , tranquilo, sem as preocupações materiais da existência, procura a arte que o eleve, que o faça pensar.

      É necessário, antes de tudo, chamar o público ao teatro, estabelecer tal corrente por educação, e, visto que para alcança-lo serve muito uma opereta, faz-se mister servir-se dela para obter tal fim. O gosto musical modificar-se-á por si num auto aperfeiçoamento quase fatal

      3. Luiz Levy. A Gazeta Musical de 1892

      Aquele interessante conjunto de motivos nacionais, dos quais sobressaem constantemente o conhecido ritmo afandangado das danças dos pretos, tão popular no Brasil, é a base inicial do samba, do qual o compositor se serviu para desenvolver todo um número  da Suíte Brasileira, escrita unicamente para orquestra. 

      4. Machado de Assis. O Machete

      Havia no violoncelo uma poesia austera e pura, uma feição melancólica e severa que casavam com a alma de Inácio Ramos. A rabeca, que ele ainda amava como o primeiro veículo de seus sentimentos de artista, não lhe inspirava mais o entusiasmo antigo. Passara a ser um simples meio de vida; não a tocava com a alma, mas com as mãos; não era a sua arte, mas o seu ofício. O violoncelo sim; para esse guardava Inácio as melhores das suas aspirações íntimas, os sentimentos mais puros, a imaginação, o fervor, o entusiasmo. Tocava a rabeca para os outros, o violoncelo para si, quando muito para sua velha mãe.

      [...]

      Era efetivamente outro gênero, como o leitor facilmente compreenderá. Ali postos os quatro, numa noite da seguinte semana, sentou-se Barbosa no centro da sala, afinou o machete e pôs em execução toda a sua perícia. A perícia era, na verdade grande; o instrumento é que era pequeno. O que ele tocou não era Weber nem Mozart; era uma cantiga do tempo e da rua, obra de ocasião. Barbosa tocou-a, não dizer com alma, mas com nervos. Todo ele acompanhava a gradação e variações das notas; inclinava-se sobre o instrumento, retesava o corpo, pendia a cabeça ora a um lado, ora a outro, alçava a perna, sorria, derretia os olhos ou fechava-os nos lugares que lhe pareciam patéticos. Ouvi-lo tocar era o menos; vê-lo era o mais. Quem somente o ouvisse não poderia compreendê-lo.


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  • Tópico 10