Agenda do Curso

  • 8 agosto - 14 agosto

    • Aquecimento: apoio, colocação e ressonância
    • Cânones cantados: Hey ho, Muié rendera, Gaulimauli
    • Leitura a 4 vozes de Olha a estrela no céu (Esmê)
    • Obs.: as aulas de canto coral às sextas-feiras valem por 4 créditos e o horário é das 14h às 18h. A partir da próxima aula, dividiremos a aula em 4 partes:

    1) 14h-14:30h: aquecimento (tutti);

    2) 14:30h-16h: leituras em naipes em salas diferentes (Bambus?);

    3) 16h-16:30h: Intervalo de 30 minutos;

    4) 16:30h-18h:Tutti

    Entre todas as artes, a arte coral a capela é aquela que corresponde mais adequadamente à noção de comunidade e humanidade ao mesmo tempo. Nada mais humano do que a voz. Os outros instrumentos musicais são prolongamentos artificiais do homem. O homem que canta é seu próprio instrumento. A arte do canto situa-se o mais próximo possível da pessoa humana. Nada mais comunitário também. Nem as artes plásticas, nem a dança, nem a arte dramática, nem mesmo a arte sinfônica parecem próprias para edificar e exprimir a comunidade —  toda a comunidade — como a arte coral.

    (Pierre Kaelin)

     

    Um dos grandes perigos da vida musical contemporânea é que as pessoas crêem cultivar a música quando na verdade limitam-se a ouvi-la. A multiplicação de concertos, o aumento numérico de músicos profissionais, a expansão dos meios de reprodução mecânica, discos e rádios tendem cada vez mais a dividir o mundo em dois: o daqueles que fazem música e o daqueles que a escutam. (...) Assim deve-se saldar com reconhecimento todo movimento que tenda a reanimar no mundo a prática da arte, e nenhuma prática é mais fecunda do ponto de vista cultural que a arte vocal e coral, porque nos leva mesmo às origens da música.

    (Ernest Ansermet)

     

    O que distingue o homem dos primatas não é, como você sempre pensou, a alma, ou a capacidade de cantar a quatro vozes (...).

    (Luís Fernando Veríssimo)

  • 15 agosto - 21 agosto

    1. Aquecimento
    2. Naipes
    3. Tutti (Estrela, Tiro, Parque até p.3)
  • 22 agosto - 28 agosto

    1. Aquecimento
    2. Naipes
    3. Tutti (Parque inteira + Tiro e Estrela)

    Regências dos alunos: Vitória (Estrela); Ricardo (Tiro); Éber (Toada)

  • 29 agosto - 4 setembro

    Imprimir novas: Brisa, Botequim e Lamento

    Estrela (Vitória); Tiro (Ricardo); Éber (Toada)

  • 5 setembro - 11 setembro

    • Naipes (bl.34)
    • Tutti (Lison): Éber passou Toada até compasso 30
    • Passei Domingo no parqueLamento, Botequim Tiro ao Álvaro (com Luiz Fernando no pandeiro)
  • 12 setembro - 18 setembro

    SEMANA DA PÁTRIA: NÃO HAVERÁ AULA

  • 19 setembro - 25 setembro

    14h (naipes no bloco 34). Favor passar nesta ordem:

    1. Eu e a brisa
    2. Toada
    3. Domingo no parque
    4. Lamento
    5. Conversa de botequim
    6. Tiro ao Álvaro
    7. Olha a estrela no céu

    SOBRE O LEVANTAMENTO DO PALATO

    "A sensação de levantamento do palato (céu-da-boca) em sua parte central constitui o leme de direção do som e quanto mais o cantor se concentrar na imagem "arco-palatal-para-cima", mais o palato mole, automaticamente, se abaixará em direção à curva da língua, abrindo passagem à coluna [de ar] sonora" [ver figura]. In PANZERA, Charles. L'Art vocal. Librairie Théatrale, 1959, pp.41-43.

    ...la sensation de soulèvement du palais en sa partie centrale constitue le gouvernail de direction du son et plus le chanteur se concentrera sur l'image "voûte-palatale-attiré-vers-le-haut". plus le palais souple, automatiquement, s'abaissera en direction de la courbe de la langue, livrant passage à la colonne sonore.

     

    (veja a imagem ampliada no Fórum)

  • 26 setembro - 2 outubro

    14h-15:30h: Naipes

    1. Começar pela Toada, compassos de 24 a 37
    2. Eu e a brisa
    3. Domingo no parque
    4. Lamento
    5. Botequim
    6. Tiro ao Álvaro
    7. Estrela

    15:30h-18h: tutti

    Regências de Éber (Toada) e Vitória (Estrela)

    (Antes de ler mais corais da Esmê, na próxima semana)

  • 3 outubro - 9 outubro

    As aulas de canto coral às sextas-feiras estão comprometidas com minha linha de pesquisa Literatura coral: bibliografia e cancioneiro, cujas ações principais são:

    • Compilação crítica da bibliografia sobre canto coral misto adulto a cappella e regência coral: livros, artigos, dissertações e teses
    • Revisão musicológica e digitalização  do Cancioneiro Coral Brasileiro. Resgate e valorização dessas partituras através de orientações de TCC e projetos de bolsas IC (RUSP), Ensinar com Pesquisa (PRG) e Aprender com Cultura e Extensão (PRCEU), em que os bolsistas revisam e digitalizam as partituras corais, através do editor de música Finale.
    • Destaque para a edição da integral da obra coral de Esmeralda Ruzanowsky
    • Realização de encontros internacionais de canto coral

    As fronteiras entre música erudita e música popular foram reforçadas pelo desaparecimento de instituições de transferência que eram numerosas no século XIX, como a música religiosa e militar, orfeões, fanfarras e harmonias. O canto coral insere-se como um campo que atende às propostas de hibridação e misturas, visto que é um meio susceptível de incorporar gêneros, estilos e épocas os mais variados, favorecendo as transferências culturais e eliminando as fronteiras artificiais entre “erudito” e “popular”, e de reafirmação de sua vocação para a democratização dos procedimentos canônicos.

    Essa linha de pesquisa visa legitimar um repertório não canônico de obras corais dispersas, cuja circulação dá-se de maneira desordenada, através da transmissão interpessoal em encontros e cursos de música coral e que são registrados em partituras muitas vezes manuscritas ou cópias de cópias etc, mas que possuem qualidades musicais inquestionáveis. Esse repertório não consta nas raras  antologias publicadas e as partituras carecem de revisão musicológica.

    Iniciei um trabalho de resgate e valorização dessas partituras logo no meu ingresso como docente na USP (2008), através de orientações de TCC e projetos de bolsas IC (RUSP), Ensinar com Pesquisa (PRG) e Aprender com Cultura e Extensão (PRCEU), em que os bolsistas revisam e digitalizam as partituras corais, através do editor de música Finale.

    Como diz Kaelin: “a arte coral a cappella é a que mais corresponde à noção de comunidade e humanidade ao mesmo tempo (...). Os outros instrumentos musicais são prolongamentos artificiais do homem. O homem que canta é seu próprio instrumento (...). Nada mais comunitário também. Nem as artes plásticas, nem a dança, nem a arte dramática, nem mesmo a arte sinfônica parecem próprias para edificar e exprimir a comunidade (...) como a arte coral”.

    Um dos grandes perigos da vida musical contemporânea é que as pessoas crêem cultivar a música quando na verdade limitam-se a ouvi-la, dizia Ansermet (in KAELIN, op. cit., p.7). No Brasil, o canto coral ainda sofre os preconceitos causados pelo Canto Orfeônico, de origem francesa, implantado aqui por Gomes Jr, seguido por Lozano e Batista Julião, até a adesão de Villa-Lobos na década de 1930. Essa prática não exige experiência ou conhecimento e Kodály já a reconhecia como melhor meio de ensino musical, em 1954. Na Grécia Antiga, Platão, nas Leis, bane a música instrumental por exigir do músico uma especialização que impedia a participação do cidadão comum, e a decadência da cultura grega coincidiu com o culto da virtuosidade.

    O trabalho de adaptação coral de melodias conhecidas remonta à Idade Média europeia, quando o conceito de originalidade era visto como uma incapacidade do músico de afinar-se com os padrões vigentes. Como diz Trowell: “No século XV, retrabalhar uma antiga peça musical era primeiro uma homenagem ao compositor original, e uma oportunidade de demonstrar capacidade técnica. Na literatura e nas artes eruditas do período, a paródia era reconhecida como meio válido de 'enxertar' novas ideias num suporte antigo. Nós, nos dias atuais, perdemos muito em nossa incansável busca de inovação”.

    Uma melodia conhecida do repertório de mercado recebe um tratamento arquitetônico em que as vozes se cruzam com a melodia principal num edifício que ganhou o nome de Polifonia e o resultado adquire vida independente do tema famoso que o gerou – fenômeno semelhante ao que ocorre nas improvisações jazzísticas, só que, no jazz, a leitura de um standard é sempre diferente de um artista para outro e de uma performance para outra.

    O canto coletivo proporciona uma experiência musical única e é de seu meio que surge a maioria dos músicos de qualquer gênero ou estilo, além de satisfazer o cidadão comum que não é músico mas sente a necessidade de expressar-se musicalmente. “A riqueza humana é riqueza de necessidades, e riqueza de relações com o mundo”, diz Sánchez Vázquez, “enquanto a realidade animal esgota sua realidade numa relação única e exclusiva com o mundo que lhe permite satisfazer suas necessidades imediatas, a realidade humana só se afirma enriquecendo suas relações com o mundo a fim de satisfazer suas múltiplas necessidades humanas”.

    Num mundo em que “o sucesso de um artista (...) não depende somente, nem mesmo principalmente, do valor intrínseco do que ele produz, dos méritos plásticos ou estéticos de sua obra, mas sobretudo de sua capacidade de inserção num sistema que funciona cada vez mais segundo as regras do mercado, do consumo e da moda – mesmo quando se veste o surrado disfarce da transgressão”, como diz Luciano Trigo, o Canto Coral surge como alternativa de trabalho para os novos “mestres-de-capela”: aqueles que fazem a música acontecer nos lugares onde são contratados. Um fazer musical que brota da convivência, criada a partir de relações humanas, de afetos e experiências comuns e não mais para uma elite, dentro de castelos, palácios, catedrais ou das atuais salas glamourosas de concerto.

    Um arranjo coral tem status de composição, ao  servir-se de uma melodia conhecida de forma análoga ao que se operou com o cantus firmus, na história da polifonia cristã-ocidental, ou com melodias conhecidas como L’homme armé, Pange lingua etc.

    Com a “descoberta do povo” operada pelas ciências humanas modernas, vêm à tona elementos antes desprezados ou hierarquicamente inferiorizados. A criatividade popular não se extingue com a suposta ameaça da cultura de massa; como diz De Certeau, ela engendra táticas cotidianas que visam fazer com que as práticas ou os modos de fazer cotidianos “deixem de figurar como fundo noturno da atividade social”.

    Na Espanha do século XVIII, o gosto pelo popular era um modo de expressar oposição à França. Da mesma maneira, “a construção de uma cultura tcheca foi construída através de uma imagem popular da nação, em oposição à aristocracia alemã”. No Brasil, o tratamento “erudito” dado às canções industriais visa conferir um grau de legitimidade inédito para um repertório até hoje relegado a um plano estético inferior, devido ao eurocentrismo e à hierarquização de repertórios vigente no establishment escolar. O distanciamento das manifestações populares na universidade é fruto de uma ideologia de tradição vanguardista que se tornou hegemônica no ensino superior de universidades e conservatórios.

    Por exemplo, o trabalho que os irmãos Grimm realizaram com as histórias populares, transformando-as em clássicos da literatura alemã, convertendo em língua de classe média o que estava em dialetos de artesãos e camponeses, acabaram por dar um estilo uniforme à coletânea. A utilização da gramática musical “erudita”, se por um lado tem o poder de se distanciar da espontaneidade original, por outro pode fornecer elementos arquitetônicos em que o arranjador compõe com elementos conhecidos, criando uma nova tradição, retomando os conceitos já clássicos de Eric Hobsbawm e Terence Ranger.

    Visando a abolição da oposição entre “grande tradição” da minoria culta e a “pequena tradição” dos demais, o aparato sintático e semântico da música “erudita” oferece um campo inexplorado de possibilidades criativas, estabelecendo uma via de mão dupla entre as duas tradições. Não mais restrita à trasmissão formal via mosteiros e universidades, mas colocada como técnica à disposição dos artesãos contemporâneos, seja nas universidades ou nas escolas técnicas de música. 

  • 10 outubro - 16 outubro

    • Hoje é tutti direto no Lison, às 14h em ponto!
    • Passamos todo o programa: Toada (Éber), Eu e a brisa, Lamento, Domingo no parque, Botequim, Tiro ao Álvaro e Olha a estrela no céu (Vitória)
  • 17 outubro - 23 outubro

    • 14h-15:30h: ensaio de naipe no bl. 34, para leitura de Corrida de jangada
    • 16h-18h: tutti no Lison
  • 24 outubro - 30 outubro

    Não haverá aula. Participarei do I SEFIM, em Porto Alegre. Reposição dia 16 de novembro (sábado), das 8h às 12h. Estarei na minha sala, para atendimento.

    Cantar Fauré ou cantar Esmê?

    Salvo em lógicas esnobes, não há qualquer diferença qualitativa entre a obra de Gabriel Fauré e a de Esmeralda Ruzanowsky. Aquilo que se coloca como canônico não é necessariamente o melhor, mas produto de uma construção social que é frequentemente revista ao longo da história, segundo os interesses que movem a produção de conhecimento. Para Habermas, a força do interesse penetra no núcleo lógico da pesquisa. A abordagem de um objeto, no caso o Cancioneiro Coral Brasileiro, depende dos interesses envolvidos.

    O cuidado no tratamento das vozes, a riqueza do contraponto, a dinâmica e o resultado musical alcançado, tanto em Fauré quanto em Esmê, apontam para a inconsistência das fronteiras entre o popular e o erudito, ou entre qualquer outra linha de demarcação, arbitrariamente estabelecida pelo interesse.

    Até hoje, no Brasil, essa separação entre gêneros tem servido à distinção e ao esnobismo. Uma distinção dogmática e arbitrária serve para manipulações que favorecem oposições fictícias entre coisas parecidas e semelhanças entre coisas diferentes.

    Dessa defasagem estrutural entre os contextos resulta uma alodoxia que é fonte inesgotável de “polêmicas de má fé e condenações mútuas de farisaísmo”. Bourdieu lembra que:

    A vida intelectual é o lugar, como todos os outros espaços sociais, de nacionalismos e imperialismos, e os intelectuais veiculam, quase tanto quanto os outros, preconceitos, estereótipos, verdades prontas, representações muito básicas, muito elementares, que se alimentam dos acidentes da vida cotidiana, das incompreensões, dos malentendidos, das feridas (...) [BOURDIEU, 2002].

    A sala de aula, como espaço criador de legitimidades, assim como o sistema educacional, como produtor e reprodutor de sistemas de pensamento, podem assim favorecer ou dificultar um “verdadeiro universalismo intelectual”.

  • 31 outubro - 6 novembro

    14h-15:30h: naipes no Bloco 34: começar com Corrida de Jangada, e depois reler todas.

    16h-18h: tutti no Lison

    Obs.: farei pessoalmente a chamada em cada ensaio de naipe (bl. 34), até as 15:30h. Favor aguardar na sala. 

  • 7 novembro - 13 novembro

    14h-15:30h: naipes no bloco 34 (leitura nova!!! No rancho fundo). Favor passar todas as canções, começando pelas mais novas.

    Minha sugestão é de descermos direto para o Lison, a partir das 15:30h, sem intervalo, já que muitos têm vindo direto.

    15:30h-17:30h: tutti no Lison

  • 14 novembro - 20 novembro

    14h-15:30h - Naipes (Bloco 34, passar nesta ordem):

    1. Auf dem See
    2. Im Walde
    3. Entflich' mit mir
    4. Es fiel ein Reif
    5. No rancho fundo
    6. Corrida de jangada

    15:30h: tutti no Lison