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I.                   Ementa

Pode-se afirmar que, em suas formas tradicionais, tanto o romance quanto o drama pressupõem personagens com vontade individual e capacidade de ação, fazendo-os indivíduos autônomos. A teoria tem pensado a personagem como subordinada à trama (Aristóteles), ou representante de uma posição filosófica ou ética (Hegel). Contudo, a modernidade enfrenta no registro histórico impasses que, afetando as obras formalmente, permitem às personagens outras posições e funções. O curso, justamente, pretende investigar os casos não paradigmáticos, em que estes seres escapam a expectativas miméticas, exemplares ou articuladoras da trama. Destacam-se, portanto, nesta investigação, personagens refletidas, reflexivas, reflexas, duplicadas, transparentes, alegóricas e não-humanas. Personagens que se olham no espelho, que se ensaiam, que ilustram uma ontologia dos seres ficcionais, e que servem para expor uma fenomenologia da imaginação (do autor). A tragédia Édipo Rei, de Sófocles, será o disparador ficcional de um percurso menos interessado em nexos cronológicos do que lógicos, com pontes para outras obras dramáticas, mas também romanescas. Ao colocar em diálogo autores como Sófocles e Ibsen, Calderon de la Barca e Samuel Beckett, Pirandello e Virgínia Woolf, Kafka e George Pèrec, por exemplo, busca-se entender afinidades possíveis, as quais, no entanto, só podem aparecer avaliadas a partir de um momento histórico preciso, não-neutro, o presente. Um corpo de obras teóricas acompanhará os itinerários, autores canônicos como Aristóteles e Hegel, mas também contemporâneos como Theodor Adorno, Bertolt Brecht, Peter Szondi, Jacques Scherer, Northrop Frye, E. M. Foster, Dorrit Cohn (entre outros, abaixo listados), serão contraponto necessário neste caminho. Se os percursos ficcionais têm algo de labiríntico, as obras teóricas servirão como fio de Ariadne.

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