A cultura é provavelmente o mais “característico” da natureza humana. O conhecimento acumulado sobre a complexidade dos processos de aprendizagem social em animais não-humanos, no entanto, mostra que a noção de que o comportamento de outras espécies seja guiado apenas por “instintos” ou aprendizagem individual é simplista demais. Em que medida as tradições comportamentais de animais não-humanos são similares à cultura humana, porém, ainda é o objeto de intenso debate – que depende não apenas de evidências empíricas, mas também de como definimos “cultura”. A cultura (humana) é costumeiramente vista pelas “humanidades” como algo que nos coloca para além do “determinismo biológico”, mas as abordagens evolucionistas do comportamento humano – que inicialmente tendiam a ignorar a cultura ou reduzi-la a uma causa “proximal”, sem relevância evolutiva à parte das suas consequências imediatas sobre o “fitness” – encontram-se diante de questões provocativas sobre (1) a possibilidade de se entender a evolução cultural em termos Darwinianos e (2) se a cultura, mais que simplesmente parte do nosso “fenótipo estendido”, pode não apenas ser moldada, mas também moldar a evolução genética. A proposta do curso é fornecer uma introdução às abordagens evolucionistas sobre a natureza da cultura.