A disciplina trata das tensões inerentes à relação entre o Estado e a Sociedade. Busca complementar o foco institucionalista do curso de Gestão de Políticas Públicas, que privilegia a formulação, implementação e avaliação de políticas públicas, com debates sobre a sociedade civil e a lógica do sistema, a formação da esfera pública democrática e as lutas sociais. Para tal, traremos uma compreensão principalmente sociológica da tensão Estado/Sociedade. O viés teórico crítico e em perspectiva do Sul Global, com foco na América Latina, é a contribuição desta disciplina à formação dos estudantes.

O pensamento crítico exige um questionamento tanto ao Estado liberal - de poderes e funções limitadas - quanto às propostas mais dogmáticas do Estado interventor. A perspectiva do Sul Global precisa apontar os limites e realidade dos Estados outrora colonizados -como o Brasil e, por extensão, o resto dos países da América Latina, da África e da Ásia – que ainda carregam a carga dos poderes coloniais, principalmente do racismo, o que produz sociedades alheias aos conceitos modernos ocidentais de Estado-Nação, Sociedade Civil, Esfera Pública, Democracia e, entre outros, dos Direitos Humanos e Cidadania.

Especificamente, a disciplina tem uma base teórica e outra com debates sobre questões práticas. Serão discutidos tópicos da teoria geral do Estado moderno em diálogo e confronto com os paradigmas críticos, principalmente os que apontam o Sul Global e o modo como, nos países da América Latina, se formou o Estado(sem)Nação, a Sociedade Civil sem direitos, a esfera pública sequestrada em contextos de frágeis democracias. Também analisaremos as nações clandestinas, as respostas comunitárias e o modo como os movimentos sociais se organizam em relação a esse Estado.