Os estudos de história econômica ganharam um impulso renovado nos anos 1990, em parte como resultado das possibilidades metodológicas abertas pelas teorias neoclássicas, em parte - e paradoxalmente - como uma resposta à hegemonia neoclássica no âmbito da econometria. Em que pese esse impulso, um problema permanece para a Idade Média e para a Antiguidade: a aplicabilidade do termo “economia” antes do advento da época moderna. Karl Polanyi mostrou que a “economia” não ocupa, nas sociedades e na história, os mesmos espaços, podendo assumir formas distintas se está ou não “encrustada” no funcionamento das relações de parentesco ou nas relações político-religiosas. Estudos sobre a circulação, o valor e a gestão dos bens sustentam que os comportamentos “pré-modernos” em relação à abundância e à escassez podem sim ser definidos em termos econômicos. Este curso pretende, portanto, discutir as possibilidades e os limites do uso da noção de “economia” para a compreensão das sociedades antigas, em particular as sociedades medievais.