Estudam-se as relações categoriais do capital em abstrato, a partir de excertos dos três livros da obra O Capital de Marx. Discute-se as formas sociais que efetivam uma relação entre ao simultâneo (espaço) e sucessivo (tempo). A partir daqui há derivação para o marxismo dentro e fora da geografia.

Refletir sobre a razão irracional capitalista, de modo a analisar as determinações espaciais da forma-valor. Em sua (i)racionalidade, a contradição entre desenvolvimento das forças produtivas e a finitude do capital enquanto modo de produção, remete a relações de simultaneidade (valor e desvalorização, valor de uso e valor de troca, centro e periferia, trabalho e não trabalho, acumulação e crise, natureza e sociedade), portanto, as determinações espaciais. Observaremos elementos que contribuam à compreensão de que o próprio espaço, necessariamente constituinte da realidade econômica moderna, é momento do valor, ou seja, é a simultaneidade (negativa) das formas da contradição identitária do valor. Do ponto de vista da materialidade social, uma abstração, qual seja, a do tempo como sucessão. O espaço, como esta negatividade, não é objeto, mas método da crítica social, reconhecidos os limites da crítica teórica.

Aqui a riqueza em sua forma abstrata e tautológica, isto é, com fim em si mesmo, é elo lógico da efetividade social na medida em que é ilusão de sucessão (tempo) a tornar possível, através do fetiche, o seu oposto, isto é, as determinações espaciais (contraditórias) para esta formação econômico social. Num exemplo: Proposição 1) primeiro a natureza depois sociedade (temporal, naturalista); ou Proposição 2) a natureza é social (social, simultâneo e propõe, pelo negativo, a crítica social). Se a natureza é social, negativamente, há desnaturalização do social que implica na desnaturalização do natural, visto que é social.

A efetividade do real moderno é unidade contraditória entre pensamento e o que se menta estar fora do pensamento. Tem-se, então, a efetivação da relação sujeito objeto, desde que mediada por fetichismos, sejam temporais, naturais, da mercadoria e outros. A forma da consciência é a do fetichismo da mercadoria, do capital, etc. (Marx, O Capital), que naturaliza o social.

Aprecia-se, no entanto, a realidade a partir de suas determinações abstratas, do que se deriva para uma necessária análise da condição abstrata e metafísica do espaço na modernização, já que este é modo estritamente social, isto quer dizer, mediado pelas determinações do tempo social médio mundial do trabalho. A sociedade metafísica teria na física - seja espacial ou temporal - a forma ilusória, necessária para a efetividade do capital. Isto tudo em contraposição com o que forma o argumento científico de Geografia a partir da defesa fisicalista do espaço que, na justificativa de sua disciplinaridade, se apropria da materialidade estrita (física) do espaço como principal argumento.