Ciências Sociais
O curso visa apresentar as principais abordagens sociológicas acerca das relações entre cultura e mobilização política, especialmente das dimensões culturais dos movimentos sociais. Serão privilegiadas as linhagens de interpretação constituídas nas últimas décadas, por meio da análise de textos teóricos e de trabalhos empíricos exemplares.
O programa de ensino proposto tem por objetivo indicar as transformações do trabalho no mundo atual, numa dimensão comparativa. As reflexões privilegiam pesquisas que vêm sendo conduzidas no Brasil, na França, na Itália e no México.

O curso pretende examinar os conceitos de vida, bom viver, liberdade, coerção, ordem e conflito no pensamento de Aristóteles, Agostinho de Hipona, Hobbes y Kant. Guia-nos, nesse propósito, a certeza de que a análise dessas categorias conceituais possibilita um conhecimento mais profundo e acurado do repertório básico das ciências sociais em geral e da ciência política em particular. O eixo principal do programa retoma a discussão do conceito aristotélico de comunidade politica, a desconstrução da noção clássica de república operada por Agostinho, a concepção absoluta da soberania associada ao pensamento de Hobbes e a idéia de Estado de direito no pensamento kantiano. É importante salientar que uns dos interlocutores de Hobbes é a tradição aristotélica e, nesse sentido, resulta chave para o pensamento hobbesiano a vinculação entre política e coerção, questão que tem uma presença marcante na reflexão política de Agostinho. Já no caso de Kant, além da influência agostiniana reconhecível na sua assimilação do pietismo, o texto Teoria e Práxis representa uma crítica aberta ao Estado absolutista entendido nos moldes hobbesianos. Secundariamente, um eixo complementar do programa tratará da problemática relação entre política e economia no pensamento de Aristóteles, Agostinho, Hobbes e Kant, e, em um terceiro e último desdobramento, da projeção e apropriação desses pensadores por parte do que temos denominado hermenêuticas contemporâneas.

Nas sociedades contemporâneas, as percepções e as práticas sociais voltadas para os fenômenos da violência e da criminalidade têm sofrido significativas transformações. Quer como resposta às mudanças colocadas pelo capitalismo tardio ou pela assim chamada globalização (cf. Bauman, 1999), quer como aspectos de um novo paradigma da violência que caracterizaria o mundo contemporâneo (cf. Wieviorka, 1997), as políticas criminais ou de segurança pública e as teorias e práticas penais na atualidade parecem distanciar-se significativamente do legado utópico da modernidade ao tornarem-se paulatinamente mais repressivas e discriminatórias. Substituição do Estado Social pelo Estado Penal (cf. Wacquant, 2002), nova cultura do controle do crime e da justiça criminal (cf. Garland, 2001), tais transformações são ainda mais significativas pois não se limitam ao campo da violência e da criminalidade mas incidem sobre as formas mais gerais de assujeitamento dos indivíduos em sociedade. Como afirma Adorno (1998), o esgotamento dos modelos convencionais de controle da violência e do crime na atualidade aponta para transformações mais amplas nos diferentes modos como os indivíduos governam a si mesmos e aos outros na vida social contemporânea. Diante de tais transformações, e no âmbito das políticas de segurança e das práticas penais, o desafio maior consiste em buscar formas alternativas de contenção da violência, formas essas compatíveis com a manutenção do Estado de Direito, com a afirmação dos valores democráticos e com a expansão da cidadania, em contraposição à nova \"férrea prisão\" da cultura contemporânea do controle do crime (cf. Garland, 2001). O objetivo desta disciplina consiste justamente em recuperar aspectos deste debate atual no campo da Teoria Social. Se no momento de emergência da Sociologia como disciplina acadêmica no final do século XIX as questões do crime e da punição emergiram com centrais no debate que se travava na época - que envolvia também outras disciplinas concorrentes, como a recém criada Antropologia Criminal ou Criminologia - na atualidade essas questões parecem voltar ao centro dos diagnósticos acerca da natureza das transformações e dos destinos do mundo contemporâneo. Busca-se, deste modo, desenvolver leituras diversas que estimulem não só o debate em torno desses temas mas também novas pesquisas no âmbito dos estudos sociológicos acerca do crime, do desvio, do funcionamento da justiça criminal, das instituições de controle social, das políticas públicas de segurança etc.

Esta disciplina pretende discutir as potencialidades teóricas e metodológicas implícitas no interesse cognitivo da sociologia pela dimensão espacial das relações e práticas sociais: isto é, pelo modo como essas se materializam fisicamente e/ou são impactadas pela materialidade física que permeia a vida social. Que tipo de conhecimento emerge quando o pensamento sociológico assume como pressuposto que o espaço nem se restringe a um substrato físico da pesquisa empírica, nem é mera abstração metafórica da reflexão teórica? No intuito de responder a questão, são três as etapas a serem percorridas. Após problematizar, a título de introdução, o porquê de uma sociologia do espaço recorrendo a certa história da concepção de espaço até a emergência histórica da sociologia (em particular na filosofia, na física e na geografia), cabe aprofundar-se naquelas que reconheço como as principais vertentes teóricas forjadas no decorrer da história da disciplina para explanar conceitualmente os vínculos entre vida social e a materialidade física do espaço. Será então possível perscrutar pontualmente alguns de seus desdobramentos mais recentes em contextos acadêmicos específicos, respectivamente na Inglaterra, na França, na Alemanha e no Brasil.

O curso visa aprofundar o conhecimento do modo como a Sociologia clássica e contemporânea incorpora em sua teoria a formação de três atores coletivos importantes no mundo moderno e contemporâneo: classes, grupos raciais e étnicos. A teoria de classes sociais e da ação coletiva em Marx, em Weber e em Bourdieu será posta em diálogo com outras teorizações contemporâneas sobre as formações étnicas e raciais, tal como tratadas por Du Bois, pelo próprio Weber, e depois generalizadas nas ciências sociais contemporâneas.

O objetivo central desta disciplina é investigar a proposta republicana de Maquiavel, lançando luz sobre sua peculiaridade, suas fontes e seu propósito. O objetivo secundário consiste em discutir algumas variedades de produções teóricas e intelectuais que emergem como interpretação da obra desse autor.