Folha informativa atualizada em novembro de 2017
- O HIV continua sendo um grande problema de saúde pública mundial, com uma carga de mais de 35 milhões de mortes até o momento. Em 2016, um milhão de pessoas morreram por causas relacionadas ao HIV em todo o mundo.
- 36,7 milhões de pessoas viviam com HIV até o fim de 2016, com 1,8 milhões novos casos de infecção pelo vírus em todo o mundo.
- A África Subsaariana é a região mais afetada, com 25,6 (23,1-28,5) milhões de pessoas vivendo com HIV em 2015. A região também é responsável por dois terços do total global de novas infecções pelo vírus.
- 54% dos adultos e 43% das crianças que vivem com HIV recebem a terapia antirretroviral ao longo da vida.
- A cobertura global da terapia antirretroviral para mulheres grávidas e lactentes vivendo com HIV é alta, chegando a 76%.
- A região africana da OMS é a mais afetada, com 25,6 milhões de pessoas vivendo com o HIV em 2016. Essa região também é responsável por quase dois terços do total global de novas infecções pelo HIV.
- A infecção por HIV é frequentemente diagnosticada por meio de testes rápidos, que detectam a presença ou ausência de anticorpos anti-HIV. Na maioria das vezes, esses testes fornecem o resultado no mesmo dia, o que é essencial para o tratamento e a atenção precoces.
- Há segmentos populacionais que merecem atenção especial, as conhecidas “populações-chave”, pois podem apresentar fragilidades que os tornem mais vulneráveis ao HIV/aids; independentemente do tipo de epidemia. Incluem: gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas que usam álcool e outras drogas, pessoas privadas de liberdade e trabalhadoras do sexo, além de pessoas trans.
- As populações-chave podem estar frequentemente em contextos de vulnerabilidades individuais e sociais que podem remeter tanto ao impacto quanto à transmissão do HIV e demais IST. Além disso, é ser necessário considerar as possíveis barreiras de acesso aos programas de testagem e tratamento devido ao estigma e discriminação.
- Não existe cura para a infecção por HIV até o momento. Entretanto, medicamentos antirretrovirais eficazes podem controlar o vírus e ajudar a prevenir a transmissão para que as pessoas com HIV, e também aqueles em risco substancial, possam aproveitar uma vida saudável e produtiva. Exemplos disso são as estratégias de profilaxia de pré-exposição (PrEP), disponíveis para evitar a infecção por HIV. Por outro lado, o acesso das pessoas ao tratamento antirretroviral e a carga viral indetectável de quem está em tratamento diminui substancialmente a possibilidade da transmissão.
- Estima-se que, atualmente, 70 % das pessoas vivendo com HIV conhecem seu status sorológico. Para atingir as metas 90-90-90, mais 7,5 milhões de pessoas precisam ter acesso aos serviços de testagem para HIV. Em meados de 2017, 20,9 milhões de pessoas que vivem com HIV estavam recebendo a terapia antirretroviral, em todo o mundo.
- Entre 2000 e 2016, o número de novas infecções por HIV caíram caiu em 39% e as mortes relacionadas ao HIV caíram em um terço, com 13,1 milhões de vidas salvas devido à terapia antirretroviral no mesmo período. Essa conquista foi o resultado de grandes esforços dos programas nacionais de HIV, apoiados pela sociedade civil e por uma série de parcerias institucionais e comunitárias.
O vírus da imunodeficiência humana (HIV, sigla em inglês) tem como alvo o sistema imunológico e enfraquece os sistemas de defesa das pessoas contra infecções e alguns tipos de câncer. Como o vírus destrói e prejudica a função das células imunes, os indivíduos vivendo com o vírus se tornam gradualmente imunodeficientes. A função imunológica é medida pela contagem de células CD4. A imunodeficiência resulta em um aumento da suscetibilidade a várias infecções e doenças que pessoas com um sistema imune saudável podem combater.
A infecção pelo HIV é diferente da síndrome da imunodeficiência adquirida. O estágio mais avançado da infecção por HIV, no contexto de não utilização de medicamentos antirretrovirais, é a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids, sigla em inglês), que pode demorar de dois a 15 anos para se manifestar, de acordo com o indivíduo. A aids é caracterizada pelo desenvolvimento de certos tipos de câncer, infecções ou outras manifestações clínicas graves.
Os sintomas do HIV variam dependendo da fase de infecção. Ainda que na maioria dos casos o maior potencial de infectividade seja alcançado nos primeiros meses, muitas vezes o indivíduo não sabe ser portador da doença até seus estágios mais avançados. Nas primeiras semanas após a infecção, algumas pessoas podem não manifestar sintomas. Entretanto, outras apresentam sintomas de uma síndrome gripal, incluindo febre, dor de cabeça, erupção cutânea e dor de garganta.
Como a infecção enfraquece progressivamente o sistema imunológico, um indivíduo pode desenvolver outros sinais e sintomas, tais como inchaço dos gânglios linfáticos, perda de peso, febre, diarreia e tosse. Sem tratamento, as pessoas também podem desenvolver doenças graves como tuberculose, meningite criptocócica e cânceres (linfomas e sarcoma de Kaposi, entre outros).
O HIV pode ser transmitido pelo contato com diversos fluidos corporais de indivíduos infectados, como sangue, leite materno, sêmen e secreções vaginais. Não é possível se infectar por meio de contatos cotidianos, como beijo, abraço, aperto de mãos ou compartilhamento de objetos pessoais, comida ou água.
Algumas práticas ou condições que podem aumentar a exposição ao HIV:
- Práticas sexuais sem proteção;
- Possuir alguma outra infecção de transmissão sexual, como sífilis, herpes, clamídia, gonorreia ou vaginose bacteriana;
- Compartilhar agulhas ou seringas contaminadas, soluções de drogas e outros materiais para consumo de drogas injetáveis;
- Receber injeções não seguras, transfusões de sangue e procedimentos médicos ou estéticos, que envolvam materiais não esterilizados;
- Acidentar-se com agulhas contaminadas, principalmente no caso de profissionais de saúde.
Os testes sorológicos, como os testes rápidos e os testes imunoenzimáticos, detectam a presença ou ausência de anticorpos contra o HIV-1/2 e/ou antígeno p24 do vírus. Quando esses testes são utilizados no contexto de uma estratégia de acordo com um algoritmo, é possível detectar a infecção por HIV com alta precisão.
A maioria dos indivíduos desenvolve anticorpos contra o HIV-1/2 dentro de 28 dias e, por isso, os anticorpos podem não ser detectáveis pouco tempo depois da infecção. A fase inicial é a de maior potencial de infectividade; não obstante, a transmissão do HIV pode acontecer em qualquer estágio da infecção.
A testagem para HIV deve ser voluntária e o direito das pessoas a se submeter ao teste deve ser reconhecido. A realização de testes obrigatórios ou sob coação de profissionais de saúde, autoridade, parceiro(a) sexual ou familiar é inaceitável, pois contraria as boas práticas de saúde e constitui violação dos direitos humanos.
Alguns países introduziram ou consideram introduzir a auto-testagem como alternativa. Com essa opção, a pessoa que quer conhecer seu estado de saúde recolhe uma amostra, realiza o teste e interpreta o resultado de forma privada. A testagem realizada pelo próprio paciente não oferece um diagnóstico definitivo; novos testes deverão ser realizados por um profissional de saúde com base em um algoritmo nacional validado.
Todos os serviços de testagem para HIV devem incluir cinco recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS): consentimento, confidencialidade, aconselhamento, resultados corretos dos testes e introdução nos serviços para o seguimento. Prevenção Os indivíduos podem reduzir a possibilidade de infecção por HIV limitando a exposição aos fatores de risco. Os principais métodos para prevenir o contágio em um contexto de prevenção combinada são:
1. Uso de preservativos masculinos e femininos
2. Testagem e aconselhamento para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis
A testagem para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis é altamente recomendada para todas as pessoas. Dessa forma, elas podem conhecer seu status de infecção e acessar os serviços de prevenção e tratamento em tempo oportuno. A OMS também recomenda a oferta de testes para parcerias sexuais ou casais. Além disso, a OMS está recomendando abordagens de notificação de parceiros assistidos para que as pessoas com HIV recebam apoio para informar seus parceiros por conta própria ou com a ajuda de profissionais de saúde.
3. Uso de antirretrovirais para prevenção
3.1 Terapia antirretroviral como prevenção
De acordo com ensaio de 2011, confirmou-se que quando uma pessoa soropositiva segue um regime terapêutico eficaz com antirretrovirais, o risco de transmissão do vírus a um parceiro sexual não infectado pode ser reduzido em até 96%. A recomendação da OMS para iniciar a terapia antirretroviral em todas as pessoas com HIV contribuirá de forma significativa para a redução da transmissão do HIV.
3.2 Profilaxia Pré-Exposição (PrEP)
A Profilaxia Pré-Exposição ao HIV oral se baseia na administração diária de drogas antirretrovirais em pessoas com status sorológico negativo, com o objetivo de bloquear a infecção pelo vírus. Mais de 10 estudos controlados demonstraram a efetividade da PrEP na redução da transmissão do HIV entre diferentes populações, entre elas casais sorodiscordantes (onde um parceiro está infectado e o outro não), gays e homens que fazem sexo com outros homens, pessoas trans, além de pessoas que usam drogas.
A OMS recomenda a PrEP como uma opção de prevenção para pessoas com risco substancial de infecção pelo HIV, como parte de uma combinação de abordagens de prevenção. A Organização também expandiu essas recomendações para mulheres soropositivas que estão grávidas ou amamentando.
3.3 Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP)
A Profilaxia Pós-Exposição (PEP) consiste no uso de drogas antirretrovirais dentro de até 72 horas após a exposição ao HIV para prevenir a infecção. A PEP inclui serviços de aconselhamento, primeiros cuidados, testes para detecção do HIV e a administração da terapia antirretroviral durante 28 dias, além de atenção complementar. As diretrizes atualizadas da OMS, publicadas em dezembro de 2014, recomendam o uso da profilaxia para exposições ocupacionais e não ocupacionais, para adultos e crianças.
4. Redução de danos para pessoas que usam drogas
As pessoas que usam drogas injetáveis podem se proteger da infecção por HIV utilizando materiais esterilizados. Um pacote abrangente de intervenções para prevenção do HIV e tratamento conta com:
- Programas de agulhas e seringas descartáveis;
- Tratamento de substituição de opioide e outras intervenções de tratamento da dependência de drogas baseadas em critérios científicos;
- Testagem para HIV e aconselhamento;
- Tratamento para HIV e cuidado integral;
- Acesso a preservativos; e
- Manejo adequado de infecções sexualmente transmissíveis, tuberculose e hepatites virais.
5. Eliminação da transmissão vertical do HIV
Na ausência de quaisquer intervenções durante estágios gestacionais, as taxas de transmissão vertical do HIV podem variar entre 15% e 45%. É possível prevenir quase totalmente esse modo de transmissão por meio da administração de antirretrovirais tanto para a mãe quanto para o filho em todas as etapas que a transmissão possa ocorrer.
A OMS recomenda uma série de medidas de prevenção da transmissão vertical, que inclui a administração, tanto para a mãe quanto para seu filho, de antirretrovirais durante a gravidez, o parto e o puerpério, e tratamento ao longo da vida para as mulheres grávidas soropositivas, independente de sua contagem de CD4.
Em 2015, 77% (69%-86%) de aproximadamente 1,4 milhão (1,3-1,6) de mulheres grávidas vivendo com o HIV em todo o mundo receberam drogas antirretrovirais eficazes para evitar a transmissão para seus filhos.
O HIV pode ser suprimido pela combinação da terapia antirretroviral com três ou mais drogas. A terapia não cura a infecção por HIV, mas controla a replicação viral dentro do corpo de uma pessoa e permite que o sistema imunológico de um indivíduo seja fortalecido e tenha a capacidade de combater infecções.
Em 2016, a OMS divulgou a segunda edição das diretrizes consolidadas sobre o uso de medicamentos antirretrovirais para tratamento e prevenção da infecção pelo HIV. Essas orientações recomendam o fornecimento da terapia antirretroviral ao longo da vida a todas as pessoas que vivem com o HIV, incluindo crianças, adolescentes e adultos, mulheres grávidas e lactantes, independentemente do estado clínico ou da contagem de células CD4. Até julho de 2017, 122 países já haviam adotado essa recomendação.
As diretrizes de 2016 incluem novas opções alternativas de terapia antirretroviral com melhor tolerabilidade, maior eficácia e menores taxas de descontinuação do tratamento quando comparadas aos medicamentos utilizados atualmente, tais como: dolutegravir e efavirenz para terapia de primeira linha, e raltegravir e darunavir/ritonavir para terapia de segunda linha.
A transição para essas novas opções de terapia antirretroviral já começou em mais de 20 países e a expectativa é de que a durabilidade do tratamento e a qualidade do atendimento das pessoas que vivem com o HIV melhore. Apesar das melhorias, as opções limitadas em antirretrovirais permanecem para bebês e crianças pequenas. Por essa razão, a OMS e seus parceiros estão coordenando esforços para permitir um desenvolvimento mais rápido e eficaz e a introdução de formulações pediátricas apropriadas para a idade.
Além disso, uma em cada três pessoas que vive com o HIV solicita assistência em uma etapa avançada da doença, com baixas contagens de CD4 e com alto risco de agravamento da enfermidade e, consequentemente, de gravidade. Para reduzir esse risco, a OMS recomenda que esses pacientes recebam um “pacote de cuidados”, que inclui testes e prevenção das infecções graves mais comuns que podem causar a gravidade clínica morte, como tuberculose e meningite criptocócica, além da terapia antirretroviral.
Em meados de 2017, 20,9 milhões de pessoas vivendo com HIV estavam recebendo a terapia antirretroviral em todo o mundo. Em 2016, foi alcançada uma cobertura global de 53% de adultos e crianças vivendo com HIV. No entanto, mais esforços são necessários para ampliar o tratamento, particularmente para crianças e adolescentes. Apenas 43% deles estavam recebendo tratamento no final de 2016 e a OMS está apoiando os países a acelerarem seus esforços para diagnosticar e tratar oportunamente essas populações vulneráveis.
A expansão do acesso ao tratamento está no centro de um novo conjunto de metas para 2020, que visam acabar com a epidemia de aids até 2030.
A 69ª Assembleia Mundial da Saúde aprovou a "Global Health Sector Strategy on HIV for 2016-2021". A estratégia inclui cinco orientações que guiam ações prioritárias para os países e para a OMS ao longo dos próximos seis anos. Entre as orientações, estão:
- Informações para ação focada (conhecer a epidemia e a resposta);
- Intervenções para impacto (que abrange uma gama de serviços necessários);
- Entregar com equidade (abrangendo as populações que precisam dos serviços);
- Financiamento para a sustentabilidade (cobrindo os cursos dos serviços);
- Inovação para aceleração (olhando para o futuro).
A OMS é co-patrocinadora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS). Dentro da instituição, a OMS lidera atividades para tratamento e cuidados, co-infecção por HIV e tuberculose e coordena, em conjunto com o UNICEF, o trabalho sobre a eliminação da transmissão de HIV de mãe para filho.