O que é REAR90?

Definição formal (ANSI S3.46)

É o nível de pressão sonora, em função da frequência, em um ponto específico do CAE, para um campo livre, com o AASI posicionado na orelha e ligado, com o controle de volume ajustado no máximo (ou em uma posição um pouco abaixo daquela onde há ocorrência de microfonia). O sinal de entrada é suficientemente forte para levar o AASI a operar próximo de sua saída máxima - geralmente 85 ou 90 dB NPS. 


Definição informal

Antigamente era chamada de "Resposta de Saturação da Orelha Externa". A REAR 90 determina qual a saída máxima que o AASI, com um dado ajuste, fornecendo na orelha do paciente.  


Parâmetros para a realização de medição




Caso o AASI não tenha controle de volume  a medida vai ser realizada com o ganho que estiver programado no AASI. 




Por que utilizar a varredura curta de tom puro?

Conforme visto anteriomente, os tons que compõe a varredura curta de tom puro são  apresentados com duração de alguns milisegundos, sendo suficientemente curta (Frye e Martin, 2008) para que o paciente não perceba o sinal como sendo tão forte. 


É possível gerar um trauma acústico fazendo a REAR90?

A REAR90 é realizada exatamente para que seja possível saber qual o NPS gerado na orelha do paciente por um AASI com uma determinada programação e ajuste da saída máxima (MPO). Se a limitação da saída máxima não estiver adequada ajustada pode haver o risco de gerar um NPS muito superior àquele desejado - e, por conseguinte um possível trauma acústico. 

A fim de evitar que níveis de pressão sonora muito elevados sejam fornecidos no conduto auditivo externo do paciente, os próprios equipamentos de medidas com microfone sonda contam com um limitador.  Este limitador funciona como um dispositivo de segurança.  Deste modo, se o fonoaudiólogo configurar o equipamento para que o nível de pressão sonora produzido no CAE não ultrapasse, por exemplo, 125 dB NPS, o equipamento automaticamente irá interromper a medição caso  sejam identificados níveis de pressão sonora que o ultrapassem. 

Nesta situação uma mensagem aparecerá na tela do equipamento informando que níveis mais elevados do que o limite estabelecido foram detectados. 


Análise da REAR90

A medida da REAR90 deve ser comparada ao limiar de desconforto do paciente (UCL) ou, se houver, ao target da saída máxima estabelecido pelo método de prescrição utilizado. 

A figura abaixo mostra a REAR90 obtida com a varredura de tom puro, com o equipamento Calisto (Interacoustics). Nesta figura é possível observar que a REAR90 está abaixo do limiar de desconforto.  Tendo em vista que a REAR90 está distante do limiar de desconforto, fica a critério do profissional, aumentar ou não a saída máxima (MPO) do AASI que está sendo avaliado - desde que isto não cause uma reação negativa por parte do paciente.  



As duas figuras a seguir demonstram medições obtidas com o equipamento Aurical Free Fit (Natus). 

Na primeira figura observa-se o limite para a REAR90 (linha verde pontilhada) e duas curvas da REAR90 (a) e REAR90 (b).   Neste caso, o profissional observou a REAR 90 (b) em comparação ao limite e considerou que poderia haver um aumento da saída máxima (MPO) do AASI. Este aumento foi realizado no software de programação do AASI e a REAR90 foi novamente realizada, obtendo-se a REAR90 a (curva sólida amarelo).  Neste caso não houve queixa do paciente quanto à qualidade sonora ou sensação de intensidade - deste modo este novo ajuste do MPO foi mantido. 




Por outro lado, a figura abaixo mostra a curva da REAR 90 (linha verde sólida) ultrapassando o limite para a saída máxima na região de frequencia de cerca de 200 a 500 Hz e também na região de 3 kHz. Neste caso recomenda-se fazer a diminuição da saída máxima do AASI nestas frequencias e voltar a medir a REAR90 para avaliar a adequação do novo ajuste. 




Por que não utilizar um estímulo complexo, como um sinal de fala?

A figura abaixo mostra a REAR90 obtida com dois estímulos diferentes: varredura de tom puro e sinal de fala (complexo). Observe que o nível de pressão sonora gerado na orelha do paciente é menor para o sinal de fala do que para o tom puro. 

Em uma abordagem mais conservadora, recomenda-se a utililzação do tom puro porque ele representa a saída para um sinal de banda estreita, que o paciente também encontra em seu dia a dia (Mueller et al., 2018).  





Para que serve a REAR90?

Em resumo, a REAR90:

  • É utilizada para assegurar que o ajuste da saída máxima do AASI está adequado não excedendo o nível de desconforto do paciente. 
  • Serve para verificar se o ajuste da saída máxima não está muito baixo, reduzindo desnecessariamente a área dinâmica de audição do paciente.