O que é a REAR?

Definição formal (ANSI S3.46)

"Nível de pressão sonora em função da frequência, em um ponto  específico do CAE, para um campo livre específico, com o AASI (e seu acoplamento acústico) posicionado na orelha e ligado”.

Definição informal

A REAR reflete a saída do AASI (ganho do AASI somado ao som de entrada) na orelha externa. Esta medida engloba as características de amplificação do AASI, do sistema de acoplamento à orelha (molde auricular, cápsula do aparelho intra ou oliva do tubo fino) e as características acústicas da própria orelha. 


O que é REAG? 

A REAG reflete uma diferença entre o nível de pressão sonora mensurado no conduto e o nível de pressão sonora que sai do alto-falante do equipamento (nível de entrada).

Em outras palavras:  REAG = REAR - nível do sinal de entrada.


Parâmetros para realização da medição




Em função do nível de ruído ambiental pode não ser possível utilizar a intensidade de 50 dB NPS. Neste caso o nível de apresentação do estímulo deve ser aumentado - por exemplo em 55 dB NPS.


 


Análise da REAR

Não existe uma curva da REAR que seja "típica". O formato da curva vai depender de diferentes elementos como as características da orelha externa, acústica do molde auricular, processamento do sinal dado pelo AASI, entre outros.  

O SPLograma abaixo exibe um exemplo da medida da REAR, obtida para a orelha esquerda de um indivíduo adulto, usuário de um AASI WDRC intra-canal. O tipo de estímulo utilizado foi o ISTS. É possível observar:  

  • O limiar de audição do indivíduo, em dB NPS (linha sombreada azul)
  • O alvo (target) prescrito pela regra NAL-NL2. Este target se refere à saída que o AASI deve atingir, na orelha do usuário, para sinais de entrada de 50, 65 e 80 dB NPS. 
  • A REAR obtida para as intensidades de 50, 65 e 80 dB NPS. 
É possível verificar que, em algumas regiões de frequência, as curvas da REAR estão bem próximas às linhas do target. Em outras regiões isto não ocorre. A seguir estas questões serão discutidas.
 



A medida em ação

A principal razão para realização da medida da REAR é verificar sua equiparação com o(s) alvo(s) determinado(s) por uma regra prescritiva.  

Na figura acima vimos que as curvas da REAR não foram equiparadas aos targets prescritos em algumas frequencias. Isto é muito comum e, na verdade, é a razão pela qual as MMS devem ser realizadas - para que possamos verificar qual é a amplificação gerada ao nível da membrana timpânica e realizar os ajustes necessários na programação do aparelho, para sua adequação.  

Vale ressaltar que durante todo o processo da medida da REAR o AASI está posicionado na orelha do paciente e também em comunicação (via cabo de programação ou conexão sem fio) ao software de programação, para que seja possível fazer os ajustes finos (manuais) necessários. 


Equiparação ao alvo

Quando observamos que a REAR não se equipara ao target, realizamos o processo de  ajustes manuais nos parâmetros de programação do AASI.  O processo é ir repetindo a medição e fazendo ajustes, até conseguirmos obter a maior equiparação possível. 

O vídeo abaixo mostra a medida da REAR após todo este processo de ajuste, mostrando uma equiparação ao target. 

    


O que considerar como equiparação ao alvo?

Ao comparar a REAR e os alvos é necessário estabelecer um critério do que é considerada "equiparação". Alguns questionamentos são levantados:

  • A REAR deve ser idêntica ao valor do target? Ou seja, deve haver uma sobreposição da curva da REAR ao target? 
  • Esta equiparação deve ser  conseguida para todas as frequências avaliadas?  
  • Esta equiparação deve ser obtida para todas as intensidades?

Via de regra a resposta para estes questionamentos é "sim". Entretanto, nem sempre isto é possível de ser conseguido em função, por exemplo,  do grau e configuração de perda auditiva do paciente e limitação da potência do AASI, limitação da extensão de frequencia que o AASI amplifica, conforto do paciente, presença de microfonia, etc. 




Para alguns AASIs, o ajuste da amplificação para sons fortes afeta a amplificação para sons mais fracos. Nos casos em que for possível equiparar a REAR ao target em apenas uma intensidade, recomenda-se privilegiar 65 dB NPS (Bentler et al, 2016).

Se as tolerâncias recomendadas não forem atingidas após esgotadas as possibilidades de ajuste do AASI, é necessário considerar as causas para tal e também estratégias alternativas - por exemplo, modificação da acústica do sistema de acoplamento à orelha, troca do dispositivo, etc (BSA, 2018). 


Fatores que devem ser considerados


Gerenciador de adaptação 

O nível de adaptação (níveis de aclimatização, gerenciador de adaptação) do software de programação do AASI, se existente, deve estar posicionado no maior nível (BSA, 2018)


Características automáticas do AASI

O AASI tem diferentes características especiais como a redução digital do ruído, cancelamento de microfonia, expansão, redutor do ruído do vento, etc). Se o profissional selecionou uma ou mais destas características especiais para suprir as necessidades do usuário, então as mesmas devem estar ativadas durante a medida da REAR.  A única exceção feita é para as estratégias de rebaixamento de frequencia (BSA, 2018)

Deve ser lembrado, entretanto, que estas características especiais podem interagir com o estímulo utilizado para a medida da REAR.  Esta é uma das razões pelas quais o uso de estímulos de fala ou similares à fala é recomendado, conforme discutido no item que fala do "tipo de estímulos". 


Posição de controle de volume do AASI

Caso o AASI possuir controle de volume, este ficará na posição prescrita ou então em uma posição que propicie maior conforto ao paciente. Quando são avaliados usuários experientes de AASI, o controle de volume pode permanecer na posição em que ele está acostumado a usar.


Para que serve a REAR?

Em resumo,  a REAR: 

  • É utilizada para verificar se a saída do AASI, na orelha do paciente, se equipara aos alvos prescritos. 
  • Fornece uma informação sobre a audibilidade dos sinais de fala (será discutida na próxima unidade)
  • Serve como elemento para o cáculo do REIG (ganho de inserção)
  • Permite avaliar características especiais do AASI (microfone direcional, redução de ruído, rebaixamento de frequencia, etc)