Vamos lembrar a fisiologia da audição? 


A cóclea é o órgão sensorial da audição e contém o órgão de Corti posicionado sobre a membrana basilar (figura 1). Este órgão é formado pela membrana tectória, superiormente, e por células ciliadas externas e internas e células de sustentação. 


Células ciliadas internas e externas

Figura 1: Representação esquemática do “Órgão de Corti” 


Células ciliadas internas: são receptores da mensagem sonora que é codificada em mensagem elétrica (Brownell, 1996). Elas atuam como as verdadeiras células sensoriais, transmitindo informações sobre o estímulo auditivo ao sistema nervoso central.

Células ciliadas externas: função motora. A presença de proteínas contráteis possibilita a expansão e encurtamento do corpo destas células o que faz com que o padrão de movimentação das membranas basilar e tectória sejam alterados. Estas células não transmitem informações ao córtex. 

Este mecanismo das células ciliadas externas é responsável pelas propriedades não lineares da cóclea, ou seja, ele faz com que a membrana basilar se movimente de maneira não linear. (Killion,1996b).


Fique atento!

Por meio do mecanismos de servocontrole das células ciliadas externas: 

  • A vibração da membrana basilar será maior quando sons fracos (por ex: 30 dB NPS) entram na cóclea, permitindo que estes sons sejam audíveis para o indivíduo. 
  • A vibração da membrana basilar será menor quando sons fortes (ex: 80 dB NPS)  entram na cóclea. 

Esta diferença de movimentação (movimentação não linear) faz com que os indivíduos com audição normal consigam perceber uma ampla gama de intensidades dos sons ao seu redor,  desde sons mais fracos (por exemplo 10 dB NPS) até sons mais fortes (por exemplo, 90 dB NPS)

Em outras palavras podemos dizer que as células ciliadas externas possibilitam a audibilidade dos sons fracos (até aproximadamente 40-50 dB NPS). Frente aos sons médios e fortes (acima de 40-50 dB NPS) estas células não precisam atuar - somente as células ciliadas internas irão responder (Killion, 1996b). Por este desempenho as células ciliadas externas são consideradas os “compressores naturais da ouvido”.


Redução da área dinâmica 

 As células ciliadas externas são mais frágeis que as internas, por isto são as primeiras a serem lesadas (Brownell, 1996). A lesão destas células acarreta o rebaixamento do limiar de audibilidade e, por conseqüência, diminui a área dinâmica da audição de um indivíduo. A área dinâmica da audição é a diferença entre o limiar de audição e limiar de desconforto auditivo.

A redução da área dinâmica de audição pode ser visualizada na figura 2 (abaixo). A linha pontilhada azul representa os limiares auditivos de um indivíduo com audição normal.  A linha azul contínua representa os limiares auditivos de um indivíduo com perda auditiva sensorioneural.  A linha vermelha representa os limiares de desconforto para estes indivíduos. 

Para o indivíduo com audição normal,  os sons tão fracos quanto o barulho das folhas de uma árvore balançando ao vento são audíveis e sons como o do barulho de um motor de caminhão (linha vermelha) são intoleráveis.  A seta amarela mostra a extensão da área dinâmica de audição deste indivíduo, que é ampla. 

Para o com perda auditiva sensórioneural, os sons de mais fracos que ele conseguirá ouvir serão, por exemplo, a voz de uma pessoa falando mais forte ou o barulho da enceradeira. Porém, os sons como o barulho do motor de um caminhão continuarão sendo intoleráveis. A seta amarela mostra que a extensão da área dinâmica de audição para este indivíduo é bem reduzida.


area dinamica

Figura 2: Representação da área dinâmica de audição de um indivíduo com audição normal (linha pontilhada em azul) e um indivíduo com deficiência auditiva neurossensorial de grau moderado (linha contínua azul). 


Assista ao vídeo sobre a área dinâmica de audição aqui:  https://drive.google.com/file/d/14617G0Pa6fKmne8QuEoflOVvYEvAFRKn/view


Zuletzt geändert: Donnerstag, 15. September 2022, 00:04