Moldagem em situações especiais
Situações especiais
Algumas situações requerem maior cuidado do profissional ou podem ser impeditivas para realização da pré-moldagem: excesso de cerume, machucado no conduto auditivo, otite externa, etc. Veja a seguir o que fazer nestas situações.
A pré-moldagem não pode ser realizada se for observado no conduto auditivo a presença de: cerume excessivo (rolha de cera), corpo estranho, secreção, sangue ou se o paciente relatar que está com dor na região. |
Excesso de cerume
As duas figuras mostram uma imagem da videotoscopia do meato acústico externo. Em ambos os casos existe cerume no meato acústico externo. Encontrar cerume no MAE é normal, porém, o que fazer em cada um dos casos?
Cerume não está impedindo a visualização da membrana timpânica e não está obstruindo a luz do meato acústico externo. A pré-moldagem pode ser realizada. | |
Cerume em excesso, dificultando a a visualização da membrana timpânica e diminuindo a luz do meato acústico externo. Não podemos proceder com a moldagem nesta situação pois o bloqueador poderá empurrar o cerume para próximo da membrana timpânica. Além disto, a profundidade de inserção do bloqueador e a impressão final obtida não serão adequadas. O paciente deve ser encaminhado para o médico otorrinolaringologista para remoção de cerume
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“Rolha de cera”. A visualização da membrana timpânica está impedida. O meato acústico externo está obstruído. Não podemos proceder com a moldagem nesta situação pois o bloqueador poderá empurrar o cerume para próximo da membrana timpânica. Além disto, a profundidade de inserção do bloqueador e a impressão final obtida não serão adequadas. O paciente deve ser encaminhado para o médico otorrinolaringologista para remoção de cerume. |
Hipertricose
É comum encontrarmos na nossa rotina pacientes com excesso de pêlos na orelha (hipertricose). Nos casos que a quantidade é excessiva e poderá atrapalhar na impressão do molde auricular, podemos pedir permissão ao paciente para remover/cortar os pêlos. Isso pode ser feito utilizando uma tesoura pequena. Somente após a remoção dos pelos é que pode ser feita a pré-moldagem.
Fonte:https://www.dermquest.com/imagelibrary/large/010046VB.JPG | |
Fonte: http://www.shoutingatco.ws/2009/07/22/ears-day-types-of-ear/ |
Estenose do meato acústico externo
Algumas vezes pode haver uma uma seção anormalmente estreita (estenose), geralmente na entrada do MAE. Quando houver estenose do MAE deve ser tomado muito cuidado pois se o material de moldagem for além da área da estenose, será difícil retirar o pré-molde da orelha do paciente, após a secagem e endurecimento da massa. Há também um grande risco do pré-molde se romper durante a tentativa de retirada, ficando parte do molde no conduto auditivo.
Nestes casos, o bloqueador deve ser posicionado um pouco além da área da estenose – ou seja, você obterá um molde mais curto do que o de costume. É importante informar isto quando o molde for enviado ao protético para confecção.
Colabamento do meato acústico externo
O colabamento do MAE pode ocorrer em pacientes de qualquer idade, porém, é mais comum em idosos já que nestes casos a pele do MAE estará mais flácida. Esta flacidez da pele pode impedir a visualização do MAE por inteiro, e a inserção do material poderá ser mais difícil e, até mesmo, causar desconforto ao paciente.
Colabamento de conduto. Neste caso é sugerido o uso do bloqueador de algodão largo o suficiente para manter o conduto auditivo aberto, enquanto é realizada a impressão do molde. A técnica de impressão com a mandíbula aberta também pode ser realizada.
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Colabamento de conduto. Neste caso é sugerido o uso do bloqueador de algodão largo o suficiente para manter o conduto auditivo aberto, enquanto é realizada a impressão do molde. A técnica de impressão com a mandíbula aberta também pode ser realizada.
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Membrana timpânica perfurada
Nestes casos, a pré-moldagem só poderá ser realizada após obtenção da autorização do médico ORL.
A técnica para posicionamento do bloqueador é a mesma de um molde padrão e a profundidade de inserção deve ser a segunda curva do MAE. Deve se ter cuidado ao injetar o material, devendo ser realizado da maneira mais suave possível.
Também deve se ter cuidado com a retirada do pré-molde da orelha após a secagem. A retirada do molde deve ocorrer com calma e devagar para evitar pressão excessiva no MAE – esta pressão poderá afetar/lesionar as estruturas da orelha média já que a membrana está perfurada.
Membra timpânica perfurada. Fonte http://www.rcsullivan.com/www/forum/zlinsky/pmtt.jpg | |
Membrana timpânica com perfuração ampla. Fonte |
Exostoses
As exostoses são formações ósseas arredondadas, de consistência endurecida, localizadas na metade interna do CAE. São proeminências originadas nas superfícies ósseas e geralmente provocadas por fatores irritativos locais. Quase sempre múltiplas , bilaterais e de base ampla, têm como causa mais freqüente a exposição prolongada e repetida á água fria durante a natação.
Estas formações dificultam ou impedem a visualização da membrana timpânica. A pré-moldagem só será realizada em casos de exostose após a indicação do médico otorrinolaringologista. Nestes casos, o tampão deve ser posicionado antes da formação óssea. Muitas vezes será obtido um molde mais curto do que o padrão.
Casos pós-cirúrgicos: timpanoplastia ou tubo de ventilação
As vezes recebemos na clínica pacientes que realizaram cirurgias, por exemplo, para reconstrução de membrana timpânica (timpanoplastia) ou inserção de tubos de ventilação. Nestes casos, a pré-moldagem só poderá ser realizada após obtenção da autorização do médico ORL.
Em muitos casos, após a cirurgia, a membrana timpânica está fragilizada, sendo necessário um cuidado especial ao remover a impressão, a fim de evitar o seu trauma.
Valem aqui os mesmos cuidados já mencionados para os pacientes que possuem membrana timpânica perfurada. A técnica para posicionamento do bloqueador é a mesma de um molde padrão e a profundidade de inserção deve ser a segunda curva do MAE. Deve se ter cuidado ao injetar o material, devendo ser realizado da maneira mais suave possível.
Também deve se ter cuidado com a retirada do pré-molde da orelha após a secagem. A retirada do molde deve ocorrer com calma e devagar para evitar pressão excessiva no MAE.
Nos casos em que o fonoaudiólogo não se sinta seguro para manejar estas situações de maior risco ou complicação, ele deve encaminhar o paciente para um outro profissional com maior experiência. |
Corpo estranho no meato acústico externo
Inseto no conduto auditivo. Não podemos proceder com a moldagem nesta situação. O paciente deve ser encaminhado para o médico otorrinolaringologista para remoção do corpo estranho.
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Algodão do “cotonete” na orelha. Não podemos proceder com a moldagem nesta situação. O paciente deve ser encaminhado para o médico otorrinolaringologista para remoção do corpo estranho.
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Otites
Na maioria dos casos de otite, o paciente deve ser encaminhado para o médico ORL a fim de obter a conduta para manejo desta otite. A pré-moldagem não pode ser realizada, salvo em alguns casos, quando houver a indicação expressa do médico ORL.
Otite externa com ulceração (apontado no símbolo >). | |
Otite média aguda. | |
Otite média serosa |
Descamação na orelha externa
Esta imagem mostra a descamação da pele do meatro acústico externo (A). A pré-moldagem não pode ser realizada. Neste caso o paciente também deve ser encaminhado ao ORL para remoção da descamação. | |
Esta imagem (B) mostra a otoscopia após a remoção da descamação (figura A). A pré-moldagem poderá ser realizada após liberação pelo médico otorrinolaringologista. |
Pré-moldagem em casos de condutos cirurgicamente modificados
Este caso clinico foi extraído da fonte: http://www.rcsullivan.com/www/rmastimp.htm
As imagens de videotoscopia mostram o caso de uma paciente de 69 anos, sexo feminino, que passou por uma mastoidectomia radical bilateralmente. Esta paciente quer utilizar um AASI do tipo intra-auricular.
A paciente está sendo acompanhada por um médico otorrinolaringologista que permitiu a realização da pré-moldagem. O médico realizou a limpeza do conduto antes da realização da impressão.
Figura 1: Videotoscopia mostra o conduto auditivo externo da orelha direita. Foi realizada mastoidectomia radical tipo Bondy. É possível visualizar a membrana timpânica (TM), a base da parede posterior do conduto e a mastoide.
Figura 2: Dois tampões de algodão, de tamanhos diferentes, serão utilizados neste caso. O tamanho e a quantidade de tampões vai variar de caso para caso. Tampões de espuma não são recomendados em casos de mastoidectomia radical.
Figura 3a: Mostra o posicionamento do tampão maior (#5) na parede posterior da cavidade. O bloqueador precisa estar visível. Se não estiver, um bloqueador maior deve ser utilizado.
Figura 3b: O bloqueador menor (#3) é inserido para proteger a membrana timpânica.
Figura 4: Mostra o resultado da impressão, com os dois tampões. Antes de enviar para o protético deve ser avisado que se trata de um conduto cirurgicamente modificado.