Você recebe em seu consultório Dona Maria de 55 anos e sua filha Isabel de 25

Maria é previamente hígida e apresenta um quadro de dor articular nas mãos há 11 meses, mas refere que piorou muito nos últimos 2 meses.  No interrogatório você nota que a paciente refere dor em articulações metacarpofalangeanas e interfalangeanas, o quadro começou há 11 meses e durou por mais ou menos 1 mês e meio, e cessou após D. Maria tomar uns antiinflamatórios por conta própria. A dor sumiu e voltou há 2 meses de forma muito mais intensa – graduada em 8 em 10.  A paciente refere que quando está com dor toma diversos antiinflamatórios (sic) como diclofenaco e dipirona

A paciente refere também que o quadro é pior de manhã, muitas vezes ela não consegue mexer a mão corretamente mas logo depois do café da manhã melhorava o movimento, mas a dor se mantinha. Ela refere adicionalmente estar mais cansada também.

A paciente nega lesões de pele, alterações do apetite e refere apenas um pouco de formigamento nas mãos quando fica fazendo muita atividade com elas, por exemplo tricotar, que é algo que adora fazer!

A paciente nega doenças prévias, apenas o pai é hipertenso. Nega etilismo e é ex-tabagista de 1 maço por dia durante 20 anos (dos 20 aos 40 anos de idade).

Ao exame físico a paciente apresenta PA= 120x85 mmHg, FC= 85 bpm, FR= 15 ipm, estando bem om estado geral, acianótica, anictérica, afebril e eupneica.

A palpação mostra nódulos subcutâneos nas falanges I, II, III e IV da mão direita e nas falanges I, II e III da mão esquerda com edema.


Não há alterações cardíacas, respiratórias ou abdominais no exame físico.

O exame do aparelho locomotor mostra manutenção dos movimentos de punho com discreta dificuldade para movimentos de flexão e extensão das articulações dos dedos da mão bilateralmente. Sentiu muita dor ao teste de Squeeze.

A radiografia das mãos mostra aumento de partes moles. Osteopenia periarticular. Redução simétrica de espaço articular em interfalangeanas proximais e metacarpofalangeanas. Erosões marginais em interfalangeanas proximais e processo estilóide de mão D


Isabel de 25 anos, vem com queixa de dor nas articulações há cinco meses. A paciente refere que vem apresentando dor nas articulações, de caráter migratório, simétrico, com piora ao acordar, que permanece por cerca de 25 minutos, sem deformação articular, associado a calor, rubor e edema locais. Nega trauma. Refere aparecimento de lesões circulares avermelhadas, de cerca de 0,5cm no tórax. Nos últimos quatro meses foi levada à emergência da cidade duas vezes após quadro convulsivo, porém não obteve diagnóstico. Além disso, refere ter notado queda de cabelo, que não está crescendo novamente, e está incomodando esteticamente. Nega febre, perda de peso, astenia.

Isabel teve menarca aos 12anos, com ciclos posteriores regulares. 2 gestações e 2 abortamentos espontâneos. Nega história de hipertensão arterial, diabetes ou alergias. Nega etilismo e tabagismo e faz atividades físicas constantes. Adicionalmente a paciente refere que Refere que nos últimos meses suas mãos começaram a ficar azuladas com redução da temperatura.


Ao exame físico a paciente encontra-se em bom estado geral, descorada ++/4+ acianótica, levemente ictérica (+/4+) e afebril. PA 120x80 mmHg, FC=85 bpm, FR=18 ipm, IMC = 22,5 Kg/m².

A inspeção mostra ulceras orais indolores. Exame pulmonar sem alterações. A ausculta cardíaca mostra sopro sistólico leve em foco aórtico.  

O exame osteomuscular mostra punho direito, joelho esquerdo, articulações da mão dolorosos à movimentação e a palpação. Ausência de edema, calor, nódulos, crepitação e deformidade articular, no momento da consulta. Sem presença de nodulações.

As pacientes acham que têm a mesma doença!

Você calmamente explica que não... que elas são diferentes, e que para tanto vai fazer investigações específicas para cada uma das pacientes, o que pode implicar também em tratamentos e prognósticos diferentes!


Última atualização: terça-feira, 29 jun. 2021, 09:33