Realismos: arte do entreguerras entre Itália e Alemanha e suas reverberações no Brasil

  • Realismo - séc. XIX

• Gustave Courbet - pioneiro do estilo;

• Busca denunciar a realidade dura do mundo do trabalho e das classes mais baixas (questão moral - arte com papel social);

• Se colocava em oposição à composição filosófica e racional do neoclassicismo e à imaginação do romantismo;

• Rompimento com o ensino acadêmico, voltando-se ao mundo sensível (representa o que vê);

Obras percorridas:

• Gustave Courbet, Os quebradores de pedra, 1849, Óleo sobre tela, 1.65 x 2.57 m (Gemäldegalerie, Dresden (destruído)).

• Jacques Louis David, O juramento dos Horácios, 1784. Óleo s/ tela, 3.30 x 4.50 m. Museu do Louvre, França.

• Eugène Delacroix, A morte de Sardanapalo, 1827, óleo sobre tela, 3.92 x 4.96 m, Museu do Louvre, França.

• Jean-François Millet, As respigadoras, 1857, óleo sobre tela, 83,8 × 111,8 cm. Museu d’Orsay, França.

• Camille Pissarro, Camponesas trabalhando nos campos, Pontoise, 1881, Guache e carvão sobre papel, 32 × 49,5 cm. Vendido pela Christies em 2015.

• Vincent Van Gogh, Os comedores de batatas, 1885, óleo sobre tela, 82 × 114 cm. Van Gogh Museum, Amsterdam (Vincent van Gogh Foundation).

• Giuseppe Pelizza, O quarto estado, 1901, óleo sobre tela, 293 × 545 cm. Museo del Novecento, Milão.


  • Volta ao realismo no séc. XX

• Aparece em oposição às vanguardas no sentido de não exaltar o valor do rompimento;

• Figuração como forma de manter a comunicação com o público;

• Nova objetividade (Alemanha): Crítica à sociedade -  “É um erro acreditar que se você pintar círculos, cubos ou alguma confusão profunda de linhas que você está sendo revolucionário (…) Seus pincéis e canetas, que deveriam ser suas armas, são canudos vazios. Vá para fora dos seus aposentos, (…) permita-se ser capturado pelas ideias dos trabalhadores, e os ajude em sua luta contra uma sociedade podre.” Georg Grosz, 1920/21

Obras percorridas:

• Giorgio de Chirico, A meditação da tarde, 1912-13, óleo sobre tela, 61 × 85.1 cm. Barnes Foundation, Filadelfia. - Figuração nesse caso não liga ao mundo real, mas à transcendência (metafísica);

• Mario Sironi, Paisagem urbana com caminhão, 1919-20, óleo sobre tela, 44× 60 cm. Pinacoteca de Brera, Milão, Itália.

• Georg Grosz, Os pilares da sociedade, 1926, óleo sobre tela, 200× 108 cm. Staatliche Museen zu Berlin.


  • O problema social (Anos 30)

• Preocupação com a formação do “homem médio”, o homem moderno;

• Construção de uma sociedade moderna, em que o projeto tem um papel importante;

• Ideia de um progresso social que vem da educação, da democracia e da atualização dos modos de viver.

• “O homem médio perde-se diante da grande superfície morta, tacteia, procura apoiarse, sente vertigens, não está preparado. É uma revolução - que apanha-o desprevenido. Perante a realidade impiedosa que é a parede moderna, sente-se o médio, o homem número.” - Fernand Léger, CIAM, 1933.


  • Bauhaus (1919-1933): “casa da construção”

• Uma escola para construir uma nova cidade e uma nova cidade faz nascer uma nova sociedade.

• Importância para a disseminação formal da arquitetura moderna.


  • CIAM

• 1928 - Criação do CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna)

• 1929 - CIAM Frankfurt Tema: Unidade Mínima de Habitação

• Soluções tecnológicas e estéticas para o ambiente doméstico e para o aumento populacional das cidades;

• Soluções para uma habitação mínima para classes pobres: habitações coletivas ao invés de individuais; não deveria ser de grandes dimensões, mas deveria ter pontos de ventilação, iluminação e de entrada de luz do sol amplas; as pessoas deveriam ter quartos individuais, mesmo que pequenos; a construção deveria ser barata; o governo deveria subsidiar a construção.


  • Síntese das artes

• Problemas identificados: :necessidade de reconectar arte e público no ambiente da vida cotidiana; arquitetura racionalista criara uma linguagem pouco humanizada; público ainda esposava um gosto para o decorativismo decadente; necessidade de criação de uma nova plataforma de conexão com o coletivo e com o homem médio; necessidade de integração dos trabalhos de arquitetos, artistas e urbanistas para a construção de uma nova sociedade.

• A idéia de Síntese das artes aparece como solução: trabalho associativo entre artistas e arquitetos para a criação de conjuntos expressivos em que se unissem pintura, escultura e arquitetura.

• Anos 30: retomada do muralismo funciona também como expressão de uma arte ligada aos movimentos de revalorização da identidade nacional.

• Europa duas vertentes principais: Itália - retomada do muralismo como parte da valorização de um passado nacional e de uma arte essencialmente italiana (afresco); França - pintura arquitetural, que partisse e voltasse para a arquitetura

• Américas três diferentes situações: Estados Unidos - uso da síntese das artes como forma de reabilitar o trabalho de artistas e arquitetos após a crise de 1930 (Federal Art Project); México - muralismo como parte da expressão artística ligada a Revolução Mexicana (1910); Brasil - criação do SPHAN (1937) e do MES (1937-1945) moldam um “funcionalismo nacional”.


Obras percorridas

• W. Gropius, Bauhaus, 1926

• “O apartamento para existência mínima”, CIAM, 1929. (projeto)

• Le Corbusier, Unidade de Habitação (Unité d’habitation), com colaboração do pintor Nadir Afonso, 1947-52, França.

• Affonso Reidy, Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, 1947, Rio de Janeiro. 328 unid., Centros Comerciais, Jardim-de-infância, Escola Primária, Quadras Esportivas, Piscina.

• Mario Sironi, “A Itália Corporativa”, mosaico no Palácio do povo da Itália, Milão 1936-37

• Le Corbusier, Casa E1027, 1938-39. Projeto arquitetônico de Eillen Gray, 1926, França.

• Palácio Capanema, RJ. Projeto encabeçado por Lucio Costa, 1937-1942.

• Projeto de Arquimedes Memória para o MES, 1935.

• Celso Antonio, “O homem brasileiro”, modelo não realizado e maquete de sua colocação no andar térreo do MES

• Cândido Portinari, Ciclo da vida econômica no Brasil, 1938-1944, pintura mural afresco. Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro.

• Cândido Portinari, A colona, 1935, têmpera sobre tela, 97 x 130 cm. Coleção IEB.

• Achille Funi, A adivinha, óleo sobre madeira., 1924. Coleção MAC USP.

• Juan O’Gorman, sem título, 1953, Biblioteca Central, Universidade da Cidade do México.

• Henry Laurens (L'Amphion) e Leger (Bimural), 1953, Cidade Universitária de Caracas, Venezuela


Referências feitas em aula:

• Filme: Cradle will rock

• Mário Pedrosa - “Portinari. De Brodósqui aos murais de Washington”, 1942.



Última atualização: segunda-feira, 22 out. 2018, 11:54