1ª Parte - Expressionismo no Brasil

  • Primeiro momento - Anos 1910: Anita Malfatti e Lasar Segall

• Anita Malfatti - Formação na Alemanha, junto a Lovis Corinth em Berlim, dentre outros (1910-1914); Viagem aos Estados Unidos (1915-16), onde se estabelece em Nova York e convive com os artistas da Ashcan School.

• Lasar Segall - Formação na Academia Imperial de Berlim a partir de 1906; A partir de 1914, interessa-se pelo expressionismo; Funda em 1919 o Grupo da Secessão de Dresden, juntamente com Otto Dix e outros artistas.

• OBS:  é a historiografia da arte no Brasil que lê as experiências de Anita e Segall na chave do expressionismo, também por sugestão da interpretação, sobretudo, de Mário de Andrade a posteriori.

  • Segundo momento - Anos 1930: expressionismo e pintura social

• Crítica de Mário de Andrade, sobretudo em torno da pintura de Lasar Segall

• Aproximação entre expressionismo e realismo (assunto/conteúdo social) - Esta aproximação feita no caso brasileiro, seria impensável no ambiente europeu dos anos 10.

• 1933: recepção da obra de Käthe Kollwitz no Brasil (exposição CAM) e conferência de Mário Pedrosa sobre sua obra - ênfase sobre o assunto social e relação com o expressionismo.

  • Obras percorridas:

• Anita Malfatti, “A mulher de cabelos verdes”, 1915-16, óleo/tela, Coleção Ayrton Queiroz, Fortaleza.

• Anita Malfatti, “A estudante”, 1915-16, óleo/tela, MASP.

• Lasar Segall, “Os eternos caminhantes”, 1919, óleo/tela, Museu Lasar Segall - exibida na Exposição de Arte Degenerada, em 1937.

• Lasar Segall, “Interior de pobres II”, 1921-22, óleo/tela, Museu Lasar Segall.

• Käthe Kollwitz, “A viúva I” (do álbum Guerra), 1921-22 (publicado em 1923), xilogravura. • Lasar Segall, “A casinha branca”, 1935, óleo/tela, coleção particular.

• Lasar Segall, “Navio de emigrantes”, 1939-41, óleo/tela, Museu Lasar Segall.


2ª Parte - Primitivismos

  • Primitivo/primitivismo

• Fenômeno do Modernismo: uma oposição à cultura urbana das cidades industrializadas.

• Noção que começa a ser construída pelas tendências naturalistas, ligadas à referência, por assim dizer, à vida no campo (homem rural entendido como moralmente bom).

• Sob esse termo reuniam-se manifestações, objetos, artefatos, práticas de sociedades/culturas não-ocidentais - o que se chamou também de “art nègre” e “arte tribal”.

• Contexto: expansão neocolonial dos estados-nação da Europa, sobretudo a partir da conquista do Norte da África, na segunda metade do século XIX.

• Orientalismo (Pintura acadêmica); Japonismo (Pintura impressionista e simbolista); Primitivismo (Pintura moderna).

• Diferentemente dos fenômenos do orientalismo e do japonismo, nos ciclos de debate modernista o termo “primitivo” ganha caráter positivo (noção do bom selvagem; formas puras e verdadeiras/originais de manifestação).

• Também na arte moderna pela primeira vez um conteúdo “não-ocidental” liga-se a uma forma “não-ocidental”.

  • O século XIX e o interesse pelo “Outro”

Paralelos entre o indigenismo brasileiro e o orientalismo/japonismo do ambiente europeu: Nos dois casos esse interesse surge em um contexto de emergência de projetos de nação e de uma cultura romântica.

  • O termo primitivismo é relacionado a diversos “outros”:

• “Art Nègre” (cultura visual da África negra).

• Cultura visual primeva das nações europeias (Expressionismo na Alemanha e a tradição medieval).

• Não-artista: imagens do inconsciente (produzidas por pacientes mentais), desenho infantil, pré-história; artista autodidata (Douanier Rousseau).

• Pós- II Guerra Mundial: Art Brut (Interesse por uma técnica gestual).

• O termo também designou a pintura italiana do primeiro Renascimento (séculos XIV e XV)

  • Antecedentes mais diretos para a arte moderna

• Paul Gauguin e a comunidade de Pont-Aven, Bretanha.

• Comunidade de artistas de Worpswede (Alemanha): Paula Modersohn-Becker.

• Picasso e sua visita ao Musée de l'Homme (Trocadéro, Paris), 1906-07 e as “Moças de Avignon”


  • Obras percorridas

• Jean-Auguste Dominique Ingres, “O Banho Turco”, 1862, óleo/tela;

• Eugène Delacroix, “Mulheres de Argélia em seu interior”, 1834, óleo/tela, Musée du Louvre, Paris;

• Vincent van Gogh, “Retrato do Perè Tanguy”, 1887-88, óleo/tela, Musée Rodin, Paris;

• Claude Monet, “La Japonaise”, 1876, óleo/tela, Boston Museum of Fine Arts;

• Victor Meirelles, “Moema”, 1866, óleo/tela, MASP;

• Paul Gauguin, “Camponesas bretãs”, 1894, óleo/tela;

• Paul Gauguin, “Mulheres do Taiti na praia”, 1891, óleo/tela, Musée d'Orsay, Paris;

• Ernst Ludwig Kirchner, “Cabeça de mulher”, 1913, madeira, National Gallery of Art, Washington;

• Karl Schmidt-Rottluff, Três Nus Vermelhos, 1913, óleo/tela, Nationalgalerie, Berlim;

• Constantin Brancusi, “O beijo”, 1916, pedra, The Philadelphia Museum of Art;

• Vicente do Rego Monteiro, publicação Quelques Visages de Paris, Paris, 1925

  • Elementos novos para abordagem do Primitivismo

• Tempo/Espaço - A oposição entre primitivo e civilizado implica em uma visão a-histórica de povos não-ocidentais.

• Gênero - Figura feminina associada ao instinto “natural” ou “selvagem”, entendido como primitivo, enquanto a figura masculina é associada à racionalidade e à cultura.

•  Associação feita entre a mulher “primitiva” e a prostituição.

• Raça - Homem branco e ocidental tido como civilizado em oposição ao homem negro e de comunidades minoritárias, como os judeus, tidos como não-civilizados.

• Classe - Associação das classes altas à civilização em oposição às classes empobrecidas e trabalhadoras.

  • Textos citados em aula:

• Edward Said - Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente

• Texto Jorge Coli para o blog “Amável leitor”: http://amavelleitor.blogspot.com/2018/09/so-cultura-mestica-e-boa-porque-nao-ha.html


Última atualização: sexta-feira, 12 out. 2018, 15:10