Nome:

Helton C. Martinez

Escola:

E. E. Andronico de Melo

Turma:

2º E e 3º B

Relato:

Talvez, após as primeiras aulas no Andronico, eu tenha entendido, pelo menos em parte, o sentimento que alguns (estagiários) possuem. Um sentimento de desistirem de lecionar. Digo um sentimento, pois após uma reflexão sobre a minha experiência (primeira) em uma escola, percebi a origem de tal sentimento. Gostaria de compartilhar essa reflexão.

 

Sempre sentimos um frio na barriga (pelo menos eu sim) ao entrarmos pela 1ª vez em uma sala de aula, ou dirigirmos a palavra pela 1ª vez aos alunos. Esse "frio na barriga", acredito eu, é a somatização das nossas expectativas quanto ao que acontecerá em sala. "Será que vou dar conta do recado?" "Será que eles vão gostar de mim?" Mas se eu esquecer alguma coisa, o que eu faço?" Será que vou alcançar o meu objetivo proposto?" E, tantas outras perguntas que seguem uma análise de como as coisas coisas ocorrerão. Não foi diferente dessa vez!



Felipe e eu chegamos uns poucos minutos antes que a segunda aula começasse. Na próxima vez eu preciso me atentar ao tempo que é gasto na troca de professores, como estava ligeiramente nervoso, tive a impressão do tempo ter passado consideravelmente até a professora Danila chegar ao 3ºB. Ao entrar pela porta da sala do 3º B, veio na minha cabeça, de forma desordenada, tudo aquilo que eu havia ensaiado na minha mente (é, eu faço pequenos teatros mentais me vendo como eu poderia me dirigir aos alunos e supondo possíveis reações). E claro, uma parte bem pequena daquilo que havia "ensaiado com meus colegas de palco" foi exposta para eles. Mas isso é perfeitamente explicável. Jamais poderemos esgotar as possibilidades de uma cena; sempre haverá alguma variável que não conseguiremos prever e, consequentemente, o elemento de improviso deve entrar em ação.

A professora Danila gosta que apresentemos o experimento antes de entrarmos no laboratório. Tentei ser o mais breve possível e não detalhar por demais o experimento a fim de que eles pudessem ter um momento de descoberta durante o manuseio com os objetos. Após a minha explicação a professora, detalhou um pouco mais sobre o que faríamos. Durante o processo, percebi que esse detalhamento é necessário, para o andamento do experimento e pelo pouco tempo que dispomos para os trabalhos.

Essa disciplina, ao que parece, vai me mostrar que existem muitas coisas que não foram aprendidas na academia mas, serão cobradas na prática. As pessoas chamam isso de experiência. Essa palavra está longe de ser um clichê. Me senti um peixe fora d'água por alguns momentos. O suporte e a paciência da professora Danila foram imprescindíveis nesses momentos. Até no momento fatídico onde numa explicação da corrente elétrica me “embananei”, pedi o socorro da professora - “a professora pode me ajudar, por favor?” E ela tomou a dianteira de uma forma tranquila e cirúrgica; sem muitos rodeios, dizendo apenas o essencial. A experiência permite isso. Eu queria ensinar todos os detalhes da corrente, com seus pormenores, mas aquelas carinhas em forma de “hã?” e a maldita convenção do sentido da corrente (preciso estudar mais) me fizeram pedir socorro. Na hora fiquei chateado, mas depois eu refleti e - “é isso! Não sei tudo (mas preciso buscar saber sempre mais); preciso “aprender a sala de aula”, vivenciar a sala de aula; e não preciso sustentar para os alunos uma imagem de que não erro”. O erro deve fazer mais parte da sala de aula, aliás.



Com o 2ºE foi um pouco mais descontraído. Havia passado o peso da 1ª vez (pelo menos a 1ª vez no Andronico, ainda restava a 1ª vez no 2ºE). Foi tudo muito rápido. Era um experimento de tomada de dados (com suas vantagens e desvantagens; ainda não tenho uma opinião formada a respeito). Uma das coisas que me chamou a atenção foi um aluno ter saído e dito - “não entendi nada!” Me senti mal por causa disso, afinal, tenho uma parcela de culpa nessa afirmação. Ou não?



Deixo claro que não estou desistindo do professorado. São apenas divagações a respeito de possíveis dificuldades comuns aos alunos de práticas.

ANEXO: