7. Ecologia da Restauração

A restauração ecológica

Embora a restauração ecológica seja considerada, por muitos autores, como uma das estratégias da conservação biológica, é mais bem compreendida como uma disciplina à parte, que abrange toda a gama de estratégias que visam a recuperar um ambiente degradado, de modo que pelo menos parte de suas funções seja retomada. A diferença, então, está no fato de que a conservação biológica tem por objetivo evitar ou diminuir a degradação de ecossistemas, a perda de biodiversidade e das funções ambientais, enquanto a restauração ecológica atua em locais que já estão muito danificados, objetivando recompor parte do que foi perdido. No entanto, as ações de restauração e conservação ambiental certamente são complementares.

A restauração de uma floresta, por exemplo, é uma forma particular de reflorestamento porque envolve não apenas o plantio de árvores, pura e simplesmente, mas o plantio de espécies que pertenciam ao ambiente que foi alterado/degradado, da forma mais próxima à que era naturalmente. Posteriormente, sua fauna também deverá ser restabelecida, assim como todas as suas funções essenciais. Ainda, qualquer ecossistema pode ser restaurado, desde uma floresta até um campo ou um lago.

É possível reestabelecer o ambiente natural?

O homem já alterou consideravelmente a grande maioria dos ecossistemas terrestres, levando-os à degradação, com perda de estrutura, de espécies e/ou de funções. Assim como todos os seres, o homem também é dependente do equilíbrio ambiental para manter boa qualidade de vida, ou até mesmo para sobreviver. Portanto, as grandes alterações ambientais ameaçam a própria sobrevivência humana.

A maior parte das alterações naturais nos ecossistemas ocorre em escalas de intensidade e de abrangência tais que os componentes alterados podem restabelecer-se com o tempo e sem interferência humana. Por exemplo, a queda de uma grande árvore numa floresta irá ocasionar a queda de outras que estão à sua volta e a abertura de uma clareira. Mas as sementes que se encontram no solo, bem como dos indivíduos ao redor, promoverão o crescimento de novos indivíduos e o restabelecimento da estrutura florestal, num processo sucessional em pequena escala espacial. No entanto, as grandes alterações que o homem vem causando nas paisagens – como o desmatamento de extensas áreas, sem a permanência de um banco de sementes no solo ou de fontes de propágulos – muitas vezes não conseguem ser restabelecidas por regeneração natural. Nesse caso, é necessário que o próprio homem interfira nos processos de sucessão ecológica para permitir ou apressar a recuperação do ambiente (exemplo na figura 9.8 a seguir).

Figura 9.6 Processo de reabilitação(enriquecimento de floresta) em ecossistema tropical, segundo o método de sucessão auxiliada pelo homem, conhecido como “método de Miryawaki”.
Fonte: CEPA. Adaptado de Miryawaki, 1993.