3. O desenvolvimento do conceito “conservação biológica”

A valorização da natureza

Desde a Antiguidade, o homem via a natureza e todos os elementos que a compunham como bens a seu serviço. Essa visão utilitarista da natureza, onde o homem era seu “senhor e possuidor” (René Descartes) prevaleceu até o século XIX. Por volta de 1870, John Muir, naturalista e escritor norte-americano, passou a defender a proteção da natureza contra o desenvolvimento moderno urbano-industrial e predatório, e a reverenciá-la pela beleza dos ambientes, pelo valor intrínseco da vida silvestre – independentemente de qualquer utilidade que pudesse ter ao homem – e para sua apreciação espiritual. Ele defendia a criação de áreas protegidas “intocáveis”, sem qualquer interferência humana, incentivando a criação dos primeiros parques nacionais norte-americanos. Essa abordagem ficou conhecida como preservacionismo.

Fonte: Thinkstock.

No início do século XX, Gifford Pinchot, que foi chefe do Serviço Florestal dos Estados Unidos, conseguiu estabelecer um balanço entre utilitarismo e preservacionismo, defendendo o uso racional dos recursos naturais em áreas protegidas, de forma controlada e equilibrada, abordagem que ficou conhecida como conservacionismo. Ele foi um precursor do conceito de desenvolvimento sustentável. Assim, hoje a Conservação Biológica ou Conservação da Biodiversidade é uma disciplina científica com enfoque aplicado, prático, que visa à manutenção e utilização adequada dos recursos da Terra, objetivando perpetuar a biodiversidade e promover os processos de autossustentação.

Uma abordagem multidisciplinar

Tendo como seu grande objetivo a prevenção da extinção de espécies e dos processos ecológicos, a Conservação Biológica atua dentro de um campo muito amplo e, portanto, necessita do apoio de diversas outras áreas científicas, como: Ecologia, Genética, Biogeografia, Sociologia, Economia, entre outras. Desta forma, para a biologia da conservação é necessário compreender como são constituídos os ecossistemas em seus diversos níveis (composição genética das populações, composição específica das comunidades, elementos que compõem as paisagens), que padrões esses componentes formam (estrutura genética, estrutura de habitats, fisionomias, padrões de paisagem) e como interagem para proporcionar o funcionamento nesses diferentes níveis.


Figura 9.1 Níveis de abrengência da Conservação Biológica.
Fonte: CEPA. Adaptado de Meffe & Carroll, 1997.

Além disso, é necessário também compreender como as ações do homem atuam sobre esses diferentes componentes para, então, buscar formas de uso sustentável dos recursos, que é essencial à manutenção dos serviços ecossistêmicos (já vimos o que significa esse termo na semana 8, lembram-se?).

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