7. Interferência das atividades humanas: poluição

O caso do carbono atmosférico (CO2) e metano

Mais recentemente, com a perspectiva do aquecimento global como resultado das atividades humanas, tem sido exaustivamente divulgada a relação entre o teor de gás carbônico e a temperatura da atmosfera, baseada na propriedade dos gases formados por dois elementos de absorver calor, produzindo o chamado efeito-estufa.

Muito embora consideremos alta a concentração atual de CO2 – cerca de 0,036% ou 360 ppm (partes por milhão), algumas estimativas reportam níveis de até 0,7% ou 7.000 ppm no período Cambriano, há aproximadamente 500 milhões de anos. Da mesma forma, a temperatura atmosférica média global já foi substancialmente mais alta em longos períodos da história da Terra desde o Cambriano. Estima-se que, na época em que os dinossauros viveram, a água do Oceano Ártico foi entre 10 e 15º C mais quente que hoje, podendo ter chegado a 20º C.

É inegável, porém, que numa escala temporal mais estreita, estamos convivendo com os mais altos teores de CO2 dos últimos 450 mil anos, embora não se possa, por enquanto, dizer o mesmo da temperatura. Esta, em períodos mais ou menos regulares de aproximadamente 100 mil anos, ao longo dos últimos 450 mil anos, tem mostrado picos de aproximadamente 3º C acima da média de 1960 a 1990. A explicação para esse fenômeno é de ordem astronômica.

Também é inegável o forte incremento do teor de CO2 desde a revolução industrial, paralelamente ao grande aumento da população humana e do consumo mundial de energia. Estamos então aumentando a disponibilidade de CO2 no depósito atmosférico, à custa da mobilização do depósito subterrâneo fóssil (petróleo e carvão mineral; Figura 7.10).

Figura 7.10 À esquerda, um bloco submarino de hidrato de carbono do qual estão emanando bolhas do gás; à direita, fragmentos de hidrato de metano aos quais se ateou fogo.
Fonte: CEPA

Além das conhecidas consequências do aquecimento global por emissão de CO2, em termos do derretimento das calotas polares e das mudanças climáticas regionais, há uma outra: a mobilização de enormes estoques de carbono na forma de metano (hidrato de metano), atualmente congelado nos fundos oceânicos. Sabemos que o metano é mais de 20 vezes mais potente que o CO2 como gás estufa. O aquecimento global decorrente das emissões de CO2, ainda que da ordem de poucos graus, poderá desencadear a liberação massiva de metano para a atmosfera, gerando um processo auto-alimentado de aquecimento cada vez mais intenso. Acredita-se que essa “bomba-relógio” de metano tenha ocorrido pelo menos uma vez no passado, levando a um aquecimento de pelo menos 7º C e à extinção em massa de espécies (extinção do paleoceno).