5. Relações interespecíficas harmônicas

As relações entre diferentes espécies podem ser: Mutualismo, inquilinismo e comensalismo, sendo essas relações harmônicas e amensalismo, predação, parasitismo e competição, relações desarmônicas.

Atenção

O termo simbiose em muitos materiais didáticos é utilizado com sinônimo de mutualismo, mas essa definição é equivocada, pois simbiose se refere a qualquer associação permanente entre indivíduos de espécies diferentes que, normalmente, exerce influência recíproca no metabolismo dos indivíduos, seja ela positiva ou negativa.  Assim, parasitismo, comensalismo e mutualismo podem ser considerados simbioses.

Este termo ainda pode ser empregado atualmente para qualquer tipo de relação interespecífica.

Mutualismo

O mutualismo são relações que beneficiam ambas as partes. Nós podemos ter mutualismo de tipo: trófico, defensivo ou dispersivo.

No mutualismo trófico, cada parceiro é especializado para proporcionar um nutriente limitante diferente. São exemplos de mutualismo tróficos os liquens, e as micorrizas, e bactérias Rhizobium que forma nódulos radiculares fixadoras de nitrogênio. Nesses casos, cada um dos parceiros da relação supre um nutriente limitante ou recurso energético que o outro não pode obter por si próprio. A Rhizobium pode assimilar nitrogênio molecular (N2) do solo – uma característica útil em solos pobres em nitrogênio, mas precisa de carboidratos supridos por uma planta para a energia que precisa para fazer isso. As bactérias nos rumens das vacas e outros ungulados podem digerir celulose das fibras vegetais, as quais as enzimas digestivas da própria vaca não podem fazer. As vacas se beneficiam porque assimilam alguns dos subprodutos da digestão bacteriana e do metabolismo para seu próprio uso (elas também digerem algumas bactérias). As bactérias se beneficiam por terem suprimento constante de alimento num ambiente aquecido e quimicamente regulado, que é ótimo para seu próprio crescimento.

O mutualismo defensivo envolve espécies que recebem alimento ou abrigo de seus parceiros em troca de defendê-los contra herbívoros, predadores ou parasitas. Por exemplo, em alguns ecossistemas marinhos, peixes e camarões especializados limpam os parasitas da pele e das guelras de outras espécies de peixes (figura 5). Estes limpadores se beneficiam do valor alimentar do parasita que eles removem, e os peixes tratados ficam livre da carga de alguns parasitas. Algumas formigas protegem as plantas de acácias dos herbívoros e são “recompensadas” com alimento e lugares de ninho.


Figura 3.5. O mutualismo de limpeza beneficia ambos os participantes. O camarão Lysmata amboiensis está removendo parasitas de uma moréia. Desta associação, o camarão obtém alimento e a moréia tem seus parasitas removidos.
Fonte: Thinkstock.

O mutualismo dispersivo geralmente envolve animais que transportam o pólen entre flores em troca de recompensas, como néctar, ou aqueles que comem frutas nutricionais e dispersam as sementes que elas contêm em habitats adequados. O mutualismo de dispersão de sementes não é normalmente especializado: por exemplo, uma única espécie de ave pode comer muitos tipos de frutos, e cada tipo de fruto pode ser comido por muitos tios de animais. As relações planta-polinizador tendem a ser mais restritivas, porque é de interesse da planta que um visitante da flor carregue seu pólen para outra planta da mesma espécie (figura 6).


Figura 3.6.  Uma planta polinizada por um inseto é um exemplo de mutualismo dispersivo.
Fonte: Thinkstock.

Atenção

Em muitos livros didáticos é feita uma separação entre mutualismo e protocooperação, sendo o mutualismo definido, nestes casos, como uma relação obrigatória entre os indivíduos que estão interagindo e, protocooperação, definida quando os participantes se beneficiam, mas podem viver de modo independente, por exemplo, a anêmona e o paguro (veja o vídeo -  - no vídeo é possível distinguirmos outra relação ecológica a de predação que veremos a seguir). Este crustáceo vive geralmente dentro de conchas vazias de gastrópodes e coloca sobre sua concha uma ou mais anêmonas; estes cnidários protegem o paguro contra a predação, e ele, ao se deslocar no meio, possibilita maior chance de obtenção de alimento para a anêmona. Em livros específicos de ecologia podemos encontrar a nomenclatura de mutualismo obrigatório, como no primeiro caso e mutualismo facultativo, no caso de protocooperação.

Inquilinismo

Um indivíduo geralmente obtém proteção ao se associar ao outro sem lhe beneficiar ou causar prejuízo. Por exemplo, orquídeas e bromélias que vivem sobre árvores. As plantas epífitas se apóiam sobre outras plantas (de modo geral, galhos de árvores altas) para obter melhor localização quanto à luz. As árvores neste caso não são beneficiadas nem prejudicadas: não há parasitismo.

Podemos encontrar em muitos materiais didáticos também o inquilinismo sendo classificado como um tipo de comensalismo.

Comensalismo

Apenas um dos participantes na relação se beneficia, sem causar prejuízo ao outro. Na grande maioria das vezes a associação ocorre em busca de alimento. Por exemplo, tubarão e os peixes-piloto que se aproveitam dos restos dos alimentos capturados pelo tubarão (assista ao vídeo ). No vídeo é discutida a interação famosa entre o peixe-palhaço e a anêmona, que poderia ser um comensalismo se a anêmona não se alimentasse de restos do alimento do peixe palhaço, porém essa interação sempre é defendida em livros didáticos como uma relação mutualistica facultativa ou protocooperação.