Farmacogenética


Grande número de pessoas sofre sérios efeitos colaterais dos medicamentos, e muitos morrem de reações adversas a drogas. A maioria das drogas só é eficaz em 60% da população. Até recentemente, a seleção de medicamentos era feita na base de tentativa e erro. O novo campo da farmacogenômica promete levar drogas mais específicas, eficazes e individualizadas, planejadas para complementar a constituição genética de cada pessoa (Figura 2).


Farmacogenética


É o estudo da modificação genética das respostas humanas a agentes farmacológicos.

Estes estudos ajudarão a criar testes diagnósticos
que possibilitarão selecionar medicamentos certos para cada paciente.


Figura 2


Muitos genes afetam a reação de uma pessoa a drogas. Eles codificam produtos como os receptores de superfície celular que se ligam a uma droga e permitem sua entrada na célula, e também enzimas que metabolizam as drogas (Animação 3).


Animação 3

Vários métodos estão sendo desenvolvidos para expandir os usos da farmacogenômica. Um deles, muito promissor, envolve a detecção de polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs). Espera-se que a identificação de uma sequência de SNPs compartilhada no DNA de pessoas que também apresentam uma reação similar a certa droga. Dessa forma, se o SNP segrega junto com o genoma que contém o gene responsável pela reação à droga, é possível utilizar teste genético com base nesse SNP para identificar possíveis candidatos a certas drogas, e saber previamente como responderão a certos tratamentos. Com o avanço e barateamento dos microarranjos de DNA, está se tornando cada vez mais viável rastrear esses SNPs em larga escala, rastreando o genoma de pacientes quanto à reação a múltiplas drogas.

Existe um grupo de enzimas do fígado codificadas pela família de genes P450, que afeta o metabolismo de muitas drogas modernas, utilizadas em doenças frequentes com as cardiovasculares e neurológicas. As variações nas sequências de DNA desses genes resultam em enzimas com diferentes capacidades de metabolização dessas drogas. Assim, se o indivíduo for portador de variante genética que codifica formas inativas das enzimas do citocromo P450, ele apresentará uma incapacidade de metabolizar as drogas relacionadas em seu corpo, levando a uma superdosagem dessas drogas. Atualmente, está sendo usado um teste genético específico, capaz de reconhecer algumas dessas variantes para triar pacientes para testes clínicos com novas drogas.

Um outro exemplo é a reação de certas pessoas a drogas usadas para tratar de leucemias infantis (Animação 4). Frequentemente, indivíduos diferentes com uma mesma doença, a leucemia infantil, respondem diferentemente ao tratamento com a droga anticâncer 6-MP, por causa de pequenas diferenças quanto à sua expressão gênica. Uma dose desta droga que funciona para uma pessoa pode ser tóxica para outra. Um simples teste do gene ou da enzima envolvida no metabolismo desta droga permite identificar variações genéticas que permitem aos médicos prescrever o tratamento com a droga na dosagem mais apropriada para o perfil genético desta pessoa.


Animação 4