1.1. O crescimento

É importante para um animal nascer pequeno, comparativamente aos pais, por vários motivos. Em primeiro lugar, ele precisará se desenvolver com os recursos alimentares providenciados pelos pais, mesmo que de forma indireta e passiva (como é o caso de muitos parasitas, que despejam ovos em seus hospedeiros), e isso por si só já é um fator limitante (afinal, quanto maior o animal, mais rapidamente o recurso se esgota).

Além disso, ele ainda não conhece o meio em que viverá, tampouco como se comportar em situações de perigo; portanto, idealmente, ele deve evitar seus potenciais predadores (se o jovem for grande, poderá afastar predadores menores; por outro lado, se pequeno, poderá se esconder melhor). De forma similar, enquanto cresce, ele aprenderá a desenvolver técnicas de obtenção de recursos (alimento, parceiro, abrigo), e para isso deve ter uma tolerância grande na taxa inicial de insucesso.

Contudo, linhagens divergentes forneceram diferentes soluções para problemas semelhantes, e ambas foram selecionadas. O que se espera, assim como se observa em quase todas as outras formas de vida, é que o organismo cresça continuamente até um limite, tendendo a curva a ser mais acentuada no início do desenvolvimento e mais suave no final, num padrão tipicamente sigmoide, tal qual o verificado nos vertebrados (Figura 4.2).

Figura 4.2 Curva de aumento de massa corpórea (e volume, consequentemente) em função da idade, em quatro espécies de tiranossaurídeos. Em todos eles, o crescimento é acelerado no início da vida e desacelerado no final.
Fonte:CEPA

Entretanto, mais da metade das espécies atuais (entre todas as formas de vida conhecidas) não segue esse modelo. Para os ecdisozoários trata-se de uma imposição, uma restrição corporal. Os artrópodes são dotados de um exoesqueleto com quitina (enriquecido com carbonato de cálcio no caso dos crustáceos), mas os demais membros desse grande grupo apresentam outras proteínas, como queratina e colágeno (nematódeos, nematomorfos, quinorrincos, loricíferos, priapúlidos, onicóforos, tardígrados e lobopódios†), o que põe em dúvida a homologia do exoesqueleto.

Faremos, portanto, uma breve incursão fora do universo dos vertebrados, para tentar entender melhor não só esses animais, mas também os demais. Veja as informações no próximo subtópico.