Pâncreas endócrino


O papel da insulina


Em 1886, Minkowski e von Mering descreveram a diabetes mellitus em cães cujos pâncreas foram retirados. Apenas 35 anos depois, Banting e Best descobrem a insulina. Insulina e glucagon são os principais hormônios na regulação do metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas.

A grande importância da diabetes mellitus (mellitus = "mel", "doce" – se referindo ao excesso de glicose no sangue e urina) nos dias atuais foi a razão pela qual escolhemos o pâncreas como um exemplo de glândula endócrina. Vocês devem lembrar que o pâncreas também funciona como uma glândula exócrina, isto é, possui um ducto que secreta enzimas digestivas diretamente no duodeno.

As células do pâncreas endócrino agrupam-se em pequenas ilhotas formadas por quatro tipos de células especializadas, conhecidas como ilhotas de Langerhans (ou ilhas pancreáticas, pela nova Nomina Anatomica). Em cada pâncreas, existe cerca de 1 milhão de ilhotas e estas possuem cerca de 2.500 células – 60% das células são do tipo beta e produzem insulina, 25% são do tipo alfa e produzem glucagon, 10% são do tipo delta e produzem somatostina e menos que 2% produzem peptídeos.

A irrigação do pâncreas é particular – cada ilhota tem irrigação própria e as células endoteliais são fenestradas, de modo que permita uma fácil passagem de material para a corrente sanguínea. As ilhotas são inervadas pelo sistema nervoso simpático e parassimpático.

A insulina é um peptídeo formado por duas cadeias que se ligam por pontes de enxofre.

O estímulo para liberar a insulina é a glicose; ocorrem duas ondas de liberação. Há primeiramente uma liberação transiente, que retorna aos níveis basais. Quando a concentração de glicose é mantida alta por um tempo maior, ocorre uma segunda onda.

A insulina é essencial para que a glicose entre nas células. Existem cinco diferentes subtipos de transportadores de glicose (GluT). O transportador GluT 4 é o único sensível à glicose. GluT 1, 2 e 3 são responsáveis pela entrada basal de glicose; e Glut 2, que está presente nas células ß do pâncreas, está relacionado com a liberação de insulina.

Ao contrário dos neurônios, o transporte de glicose para o interior de células musculares, hepáticas e adipócitos precisa de insulina. A glicose captada é transformada em glicogênio, que são verdadeiros depósitos intracelulares de glicose.

A insulina também promove a formação de reservas energéticas lipídicas dentro dos adipócitos. Facilita igualmente a formação de proteínas, pois aumenta a entrada de aminoácidos. Portanto, a insulina é um hormônio que leva à formação de reservas de carboidratos e lipídios e também à síntese proteica.

A falta da produção de insulina (diabetes tipo I) ou a impossibilidade de a insulina atuar sobre seus receptores (diabetes tipo II) desencadeia uma síndrome metabólica associada a um aumento da glicemia (quadro a seguir).


Diabetes mellitus é uma doença metabólica caracterizada por um aumento anormal do açúcar no sangue.

Diabetes é um importante fator de risco para infarto do miocárdio, derrame cerebral, insuficiênca renal, problemas de visão e incapacidade de cicatrização. A correção da concentração plasmática de glicose reduz vários dos fatores de risco.

A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 240 milhões de pessoas sejam diabéticas em todo o mundo, o que significa que 6% da população tem diabetes. O diabetes afeta 12 % da população no Brasil.

Atualmente sabemos que há uma íntima relação entre obesidade e diabetes. Além disso, há também uma relação entre estresse e desenvolvimento de diabetes.

Este último ponto já pode ser compreendido por você. Como o hormônio do estresse, cortisol, impede a entrada de glicose nas células, este vai levar a uma diabete induzida. Se o estresse for muito prolongado pode haver como efeito colateral a instalação desta síndrome.