3. Conhecendo o nosso Porto

Iniciamos esse tópico com a leitura de um texto adaptado do livro Biodiversidade Tropical (MARTINS & SANO 2010).

Diferentes tipos de extinção

Já que estamos falando em história da vida, você faz ideia de quantas espécies já existiram em nosso planeta desde o surgimento da vida até agora?

Faça as contas: estima-se que hoje existam entre 2% e 4% de todas as espécies que já existiram na Terra. Isso já nos dá uma indicação: tanto as extinções naturais como aquelas causadas por catástrofes são fenômenos corriqueiros na história do nosso planeta. Estima-se que, em média, 2,5 espécies por ano se tenham extinguido nos últimos 600 milhões de anos. De novo, faça as contas! Isso dá um total de 1,5 bilhão de espécies!

Figura 8.2
Figura 8.2: Dinossauros.
Fonte: Thinkstock.

A extensão e, portanto, as consequências das extinções podem variar. Uma espécie que só existe em uma única ilha será totalmente extinta se essa única população desaparecer. Por sua vez, uma espécie que ocorre em grande área de um continente, por exemplo, pode ter algumas de suas populações extintas em partes de sua distribuição. Essas extinções locais, geralmente, resultam na diminuição da variabilidade genética da espécie, mas não em sua extinção, que só ocorreria se todas as populações fossem extintas. Além disso, as extinções locais podem ser revertidas, caso o fator causador seja controlado, ao passo que as extinções globais são irreversíveis.

Podemos classificar as extinções por meio de suas causas. Por exemplo, uma espécie pode ser extinta simplesmente se seu habitat for totalmente destruído e ela não for capaz de viver em outros habitats. Adivinhe qual é o tipo de extinção mais provocado pelo ser humano? Você acaba de receber um prêmio: é esse mesmo! Outra causa: a humanidade pode explorar uma espécie a tal ponto que ela acaba por se extinguir. Isso não lhe lembra um pouco do parasitismo? Em outros casos, o homem introduz predadores ou herbívoros em comunidades das quais eles não faziam parte anteriormente, o que pode levar a extinções.


Figura 8.3: Exploração natureza
Fonte: Thinkstock.

Seja qual for a causa das extinções provocadas pela interferência humana – direta ou indireta –, o fato é que a lista mundial de espécies ameaçadas (lista vermelha da IUCN – sigla em inglês para União Internacional para Conservação da Natureza) conta atualmente com 707 espécies animais e 84 espécies de plantas extintas, quase a totalidade delas desaparecida nos últimos 400 anos. Essa lista fúnebre inclui 76 mamíferos, 132 aves, 58 peixes, 20 répteis, 37 anfíbios e cerca de 380 invertebrados.

Figura 8.4: Animais ameaçados.
Fonte: Thinkstock.

É importante notar que essas listas se referem apenas às extinções conhecidas. Certamente números muito maiores de animais e plantas foram extintos – especialmente pela destruição de seus habitats – sem que a humanidade sequer se desse conta. Para as plantas, embora apenas 84 espécies estejam comprovadamente extintas, estima-se que quase 400 espécies já tenham desaparecido.

É possível que o número de extinções em ecossistemas pouco estudados, como os marinhos, seja comparável ou até maior do que naqueles sobre os quais temos informação. Com base na biodiversidade das florestas tropicais e nas taxas de desmatamento atuais, estima-se que dezenas de milhares de espécies estão sendo extintas a cada ano ao redor do planeta.

Como você viu, uma das principais causas de extinção e, por conseguinte, de perda de biodiversidade, é a destruição de habitats. Hoje, se admite que praticamente não exista habitat tropical que não tenha sido impactado, em maior ou menor grau, pelo ser humano.

Para você ter uma ideia, se somarmos as áreas de floresta tropical de todo o planeta, teremos uma vez e meia a área do Brasil. Há pouco mais de 500 anos, essa área total equivalia a cerca de quatro vezes a área do nosso país. Conseguimos destruir mais em 500 anos do que em toda a história anterior da humanidade!

Hoje, mais da metade do que restou das florestas tropicais se encontra nas Américas e, nesse cenário, o Brasil é, de longe, o país com a maior área florestal tropical do mundo. Orgulho? Sim! Mas também responsabilidade.

Quer saber um pouco mais sobre o histórico de destruição da Mata Atlântica?

Então, leia o livro A ferro e fogo, de Warren Dean, Companhia das Letras, 1995.


Figura 8.5: Serra da Mantiqueira, região de Mata Atlântica muito impactada pelo desmatamento.
Fonte: Fotografia de Ana Luisa Mengardo.

Outro fator que certamente tem colaborado para a diminuição do número de espécies do planeta é o aquecimento da atmosfera (as “mudanças climáticas”) que temos presenciado nas últimas décadas, resultado do efeito estufa desregulado.

O aumento da temperatura em certas regiões do planeta tem causado o deslocamento da área ocupada por várias espécies (em direção às latitudes mais altas), além da extinção de algumas delas. Pelo menos uma espécie animal parece ter sido extinta, recentemente, em decorrência desse aumento de temperatura: Bufo periglenes.

Pesquise na Internet quem é essa espécie, onde vivia e de que forma o aquecimento global pode ter contribuído para a sua extinção.

Aproveite que você já está conectado e pesquise também sobre “branqueamento de corais”. Você verá mais um efeito do aumento da temperatura no planeta afetando a diversidade.


Figura 8.6: Branqueamento.
Fonte: Thinkstock.