08 - Biodiversidade

Temos comentado sobre a grande diversidade que há nas florestas tropicais. Mas será que é sempre assim? Todos os ambientes tropicais são super diversos? Lembre-se de que na região intertropical também estão localizados grandes desertos, como o Saara, e áreas semiáridas, como a caatinga. Mesmo próximo a áreas de grande diversidade, como as florestas costeiras, temos ecossistemas mais pobres e menos diversos, como é o caso dos manguezais. Estudaremos os biomas brasileiros mais detalhadamente na próxima semana. Por enquanto, trataremos dos trópicos.

Até o momento, falamos sobre ambientes terrestres. Mas como será a distribuição da diversidade nos ambientes aquáticos?

Leia o texto abaixo e conheça um pouco mais sobre o nosso porto!

Você sabia que os rios e lagos do planeta contêm apenas 0,3% de toda a água doce da Terra? O restante está congelado! Esses rios e lagos, no entanto, abrigam praticamente toda a biodiversidade de água doce conhecida.

Embora ocupem uma superfície extremamente pequena (1,5 milhão de km2), as águas doces abrigam uma fauna extremamente variada. Grande parte dessa biodiversidade se concentra nos rios e lagos tropicais (clique aqui para ver uma revisão da biodiversidade de água doce no Brasil). O Brasil, nesse contexto, tem uma grande responsabilidade, pois quase um terço de todos os peixes de água doce do mundo está nos rios da Amazônia (clique aqui para ver um texto sobre os peixes da Amazônia). Com relação às plantas, existem muitas algas de água doce cuja maior diversidade está justamente nos rios e lagos tropicais.

Com relação às angiospermas (plantas com flores), somente cerca de 1% das espécies é aquática. Olhando assim, com um olhar meramente matemático, pode parecer pouco. Mas se observarmos com nosso olhar biológico, veremos que esse 1% é muitíssimo importante, pois representa toda uma linhagem de plantas, conhecidas como Asparagales, que voltaram para o ambiente aquático depois da conquista do ambiente terrestre, e aí se diversificaram.

Esse grupo guarda consigo, portanto, a história evolutiva de uma conquista. Agora, ao comparar os animais com as plantas, veremos que nos rios e lagos tropicais os animais são mais diversos. Além dos peixes, esses corpos d’água possuem uma alta diversidade de invertebrados, como crustáceos, insetos, esponjas e moluscos.

E o mar?

Dois terços da superfície da Terra são cobertos pelos oceanos. Em volume, os mares da Terra ocupam mais de 1 bilhão de km³, com profundidades de até mais de 11 mil metros.

A diversidade no nível dos filos – os grandes grupos de organismos – é muito mais alta nos mares do que nos continentes, em grande parte por razões históricas: a vida animal surgiu, diversificou-se e esteve restrita ao mar por um longo período, antes que representantes de alguns poucos filos invadissem os ambientes terrestres e de água doce (Clique aqui para ver um texto em inglês sobre a biodiversidade marinha). Contudo, deu-se o inverso com as plantas: a maior diversificação de grupos ocorreu justamente depois da conquista do ambiente terrestre.

Três quartos de todos os filos de algas, animais e micro-organismos ocorrem nos oceanos. No caso dos animais, metade dos filos conhecidos (37) ocorre somente nos mares. Há, no entanto, uma aparente contradição: no mar, embora a diversidade dos filos seja grande, a diversidade de espécies, por sua vez, é muito menor. Apenas um sétimo de todas as espécies já catalogadas ocorre nos oceanos! A causa disso, talvez, seja a relativa homogeneidade do ambiente marinho, em comparação a ambientes terrestres e de água doce.

Veja uma revisão para o mundo em: http://www.ploscollections.org/article/fetchObjectAttachment.action?uri=info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0012110&representation=PDF e para o Brasil em: http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/08_Amaral_Jablonski.pdf

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