O equilíbrio intermitente



Na década de 1970, alguns paleontólogos, especialmente os norte-americanos Stephen Jay Gould e Niles Eldredge, propuseram que as descontinuidades no registro fóssil não eram simplesmente o efeito de interrupções nas sedimentações ou efeito de erosões passadas, mas resultado de propriedades que se verificavam no nível macroevolutivo. Eles propuseram o modelo do equilíbrio intermitente (ou "equilíbrio pontuado", uma tradução mais direta do termo em inglês "punctuated equilibria"). Segundo esse modelo, as espécies permaneceriam estáveis durante longos períodos de tempo e as mudanças aconteceriam em períodos curtos de tempo, o que causaria as descontinuidades observadas no registro fóssil. Segundo Gould e Eldredge, esse modelo estaria mais de acordo com os padrões observados no registro fóssil do que aquilo a que deram o nome de "gradualismo filético". Na Figura 3 são mostrados os padrões de acordo com esses modelos que seriam alternativos.

Figura 3 - semana 8

Figura 3


Depois de décadas de debates baseados em estudos mais aprofundados de séries de fósseis ao longo do tempo, ficou claro que "o" padrão macroevolutivo do registro fóssil não é único, sendo os do "equilíbrio intermitente" e do "gradualismo filético" considerados como os extremos de uma distribuição em que há padrões de vários tipos, desde organismos que se modificam gradualmente ao longo do tempo até aqueles que passam por mudanças bruscas. Há também que se considerar a questão da escala de tempo. Para os paleontólogos, aquilo que é considerado uma "mudança brusca" pode ter levado dezenas ou centenas de milhares de anos. Mesmo esses tempos por eles considerados curtos implicam uma quantidade muito grande de gerações e, portanto, são entendidos como um tempo longo por aqueles que estudam processos microevolutivos.