Outras ideias evolucionistas



Fora da Europa, durante a Idade Média, a Ciência experimentou um enorme desenvolvimento no Oriente Médio, em especial nos países sob influência da religião muçulmana. Al Jahiz (~776 - ~868), um intelectual nascido em Basra, atual Iraque, escreveu uma grande obra sobre Zoologia: "A vida dos animais". Nessa obra, Al Jahiz chega a descrever a luta pela sobrevivência, ou seja, a constatação de que nem todos os organismos conseguem sobreviver até se reproduzir. A luta pela sobrevivência foi um dos pilares que Darwin usou para a sua formulação da evolução por seleção natural, embora desconhecesse o trabalho de Al Jahiz.

A ideia de que, além da criação especial, os organismos eram gerados espontaneamente era aceita disseminadamente. Durante toda a Idade Média, "receitas" para fazer aparecer ratos, insetos e outros animais eram propagadas e aceitas sem problemas, fazendo parte do senso comum. Pouco a pouco essas ideias começaram a ser questionadas. Francesco Redi (1626-1697), um médico e naturalista italiano, tornou-se conhecido pelos seus experimentos que demonstraram, inequivocamente, que as larvas de insetos somente se desenvolveriam com a presença de ovos depositados pelas fêmeas da mesma espécie. Lazzaro Spallanzani (1729-1799), padre e professor italiano, também questionou, através de experimentação, a ideia do aparecimento espontâneo de micróbios. A teoria da geração espontânea somente foi completamente refutada em meados do século XIX, com a contribuição de Louis Pasteur (1822-1895), o famoso químico francês considerado o fundador da Microbiologia moderna.

A ideia de evolução dos seres vivos foi imaginada por alguns pensadores da Europa durante o século XVIII. Pierre Louis Moreau de Malpertuis (1698-1759) conjecturou, antes de Lamarck, sobre a herança de caracteres adquiridos. George Louis Leclerc, intitulado Conde de Buffon (1701-1788), escreveu uma grande obra, chamada "Histoire Naturelle" e também teve algumas ideias evolucionistas com base na enorme semelhança entre os esqueletos humanos e os dos grandes macacos do Velho Mundo. Erasmus Darwin (1731-1802), avô de Charles Darwin, escreveu em seu livro "Zoonomia", de 1794, sobre a possibilidade de haver evolução dos seres vivos, mas sem chegar a propor qualquer mecanismo para isso . Mas quem deu grande impulso à ideia de evolução dos seres vivos foi um discípulo de Buffon, Jean Baptiste Pierre Antoine de Monet (1744-1829), portador do título nobiliárquico "Cavalheiro de Lamarck", nome pelo qual ficou conhecido. Lamarck, além de aceitar a ideia de evolução, propôs mecanismos para que ela procedesse . Além das leis de uso e desuso e da herança de caracteres adquiridos, Lamarck propunha que haveria a lei da tendência intrínseca de aumento de complexidade pelos organismos e também a lei do movimento de fluidos corpóreos. Tais leis foram baseadas na observação do desenvolvimento embrionário dos organismos multicelulares e na observação de mudanças de formas de organismos como, por exemplo, os moluscos.

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Figura 4 - Abertura

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