1.1 Por que não sei o que fotografar?

Quando todos olham para você, esperando sua fotografia, você não sabe para onde dirigir sua máquina fotográfica. Por que será? Por que essa indecisão? Geralmente, há dois motivos possíveis para ficarmos indecisos numa eleição: ou há muitos candidatos bons ou nenhum. E aqui parece que estamos num dilema igual: ou há poucos bichos ou há muitos. Num primeiro olhar, parece realmente que há poucos. Será?

Para responder, vamos pensar nos conceitos mais simples de biodiversidade ao realizar a atividade abaixo: conte quantos tipos de estrelas existem, olhando a figura a seguir por 5 segundos (marque no relógio para não se confundir!):

Você reparou alguma diferença nas respostas? Provavelmente sim. Essa é uma representação feita para ilustrar a forma como as interações ecológicas e evolutivas (sim, porque a primeira tem a capacidade de modular a segunda; você já deve ter captado a ideia nos exemplos acima) produzem o aspecto do meio ambiente. Assim, ao pensar em biodiversidade, deveríamos considerar não só o número de espécies (ou de outras entidades biológicas), mas a proporção e a homogeneidade.

No simples exemplo das estrelinhas, acima, esse ecossistema possui 10 espécies, mas é estruturado por apenas uma delas (que dá a “cara” do ecossistema e, geralmente, é alvo das empreitadas conservacionistas) e, em geral, elas estão distribuídas igualmente. Portanto, para ser uma área mais biodiversa, precisaria ter mais espécies e menor domínio de uma só. Um bom exemplo é a Mata Atlântica: abrangendo a costa oriental brasileira, possui uma grande variação climática, sendo um tanto heterogênea; mas, como essa mudança dos mosaicos é gradual, pode-se falar em heterogeneidade homogênea.

Até então estivemos ponderando sobre como estão distribuídos os animais: essa é a biogeografia ecológica. Mas, se quisermos descobrir por que ou como eles ficaram distribuídos dessa maneira e não de outra, temos de lançar mão da biogeografia histórica.

A maneira como esses ecossistemas brasileiros se formaram é um assunto complexo, investigado pela geologia, pela paleontologia, pela geografia e pela biogeografia histórica (que possibilita a divisão das populações através de dispersão ou vicariância, separação através de barreira). Algumas curiosidades têm surgido desses estudos: o Rio Doce deve ter sido um evento vicariante importante: muitos grupos animais parecem apresentar uma mudança brusca de padrão entre as margens do rio! Outro caso é o da Amazônia, que não deve ter uma única origem, sendo formada por várias florestas diferentes que sofreram coalisão após a última glaciação.

Atualmente, está se tentando obter dados mais categóricos na formulação de hipóteses sobre quais ecossistemas brasileiros estão mais relacionados (compartilham mais história) com quais. Esse permanece um mistério muito envolvente... Não acha?!

Exemplo de atividade para correlacionar biogeografia a cladogramas. As legendas são sugestões de pontos para que você, professor, insira informações ou interaja com a sala.

Sabe o melhor disso tudo?! Você ainda continua procurando algo para fotografar e não encontrou! Então... Olhe bem!