3. Finalizando

Chegamos ao final, e esperamos que todos estejam bem! Ao longo das últimas semanas tivemos uma oportunidade de encarar a zoologia com outros olhos, de uma nova maneira. Deve ter ficado bastante aparente que a zoologia, sozinha, não se basta (assim como quase todos os demais campos da Biologia). Para começarmos a entender, de fato, a estrutura de um animal, precisamos recorrentemente caminhar até a fisiologia, a genética, a evolução, a ecologia, a geologia... Se um professor fechar as portas para as demais áreas, o estudo sobre os animais deixa de ser algo instigador e rompe potenciais ligações com o dia a dia do estudante, fazendo com que as maiores curiosidades (e, com elas, o interesse) definhem rapidamente.

A desvantagem de uma aula mais aberta e sem fronteiras é o fato de que ela expõe o educador a situações inesperadas e também expõe sua ignorância. Mas isso não deve ser problemático nem vexatório quando há uma relação de confiança professor-aluno: o mestre atua como guia, mas a ação também tem de vir do discípulo. Uma das primeiras características dos animais que foram reconhecidas pelo homem é não apenas seu alto grau de irritabilidade, de reação explícita a estímulos externos, mas também sua motilidade e seu comportamento. Ora, se nos animais isso sempre pareceu o mais vistoso, por que privar nossos alunos de explorarem isso, ou mesmo de serem isso? Vinculando esse grau elevado de excitação e descoberta a um ambiente mais descontraído, onde o erro não seja inibitório, em pouco tempo se espera ter uma sala repleta de mentes trabalhando segundo um esquema científico. Neste último capítulo, por exemplo, percebe-se que o tom foi mais ameno e informal; eis um elementar recurso pedagógico que pode surtir bastante efeito: aproximar os interlocutores.

Em suma: a ideia geral do curso foi sim, até certo grau, passar um pouco de conceitos e novidades no estudo da zoologia. Mas esse não era o maior objetivo. Além do espaço extremamente limitado, consideramos que professores já sabem muito, e sabem como aprender mais. O que quisemos, no fundo, foi tentar apresentar a Zoologia sob outra óptica, mais lúdica e cativante. A Zoologia não pode ser vista pelos alunos como um mero acúmulo de detalhes morfológicos e nomes esquisitos, como se tivesse de decorar uma lista telefônica com outro nome e menos números.

Não podemos, nem pretendemos, dizer-lhe como ensinar, nem o que ensinar: afinal, para início (ou fim, neste caso!) de conversa, não conhecemos seus pupilos. Mas tentamos, sim, intensamente, fazer sua mente fervilhar com ideias de como encantar sua plateia educando-a.

Que os bichos estejam com você!


Figura 10.8 Interação entre humanos e animais no cotidiano estudantil e profissional.
Fonte: Thinkstock.