6. O aparelho mitótico

Existem na célula organelas que apresentam um arcabouço estrutural microtubular (Fig. 9). Dentre estas temos o aparelho mitótico, responsável pela distribuição precisa e eqüitativa dos cromossomos entre as células-filhas, durante a divisão celular. É constituído, basicamente, pelo fuso mitótico, formado por feixes de microtúbulos que se irradiam a partir de dois focos principais: os centros celulares (ou centrossomos), localizados em pólos opostos da célula, e os ásteres (nem sempre presentes), formados por microtúbulos curtos que se irradiam a partir dos centros celulares.

Esquema de uma célula eucariótica hipotética em divisão mostrando as diferentes estruturas microtubulares (A)

Figura 9: Esquema de uma célula eucariótica hipotética em divisão mostrando as diferentes estruturas microtubulares (A). Note, nos cortes transversais, a organização microtubular do cílio ou flagelo, do corpúsculo basal, e do centríolo (B). Veja ainda como as moléculas de α e β tubulinas estão dispostas num microtúbulo isolado (C).

Fonte: COSTA, S.O.P. (coord.) - Genética Molecular e de Microorganismos. São Paulo, Manole, 1987

O aparelho mitótico ou, mais especificamente, o fuso mitótico nada mais é que um rearranjo, durante a mitose, do sistema de microtúbulos que se espalha por todo o citoplasma da célula interfásica (que não está em divisão), que exerce suas funções esqueléticas e de movimento de organelas, como vimos acima. Através de um mecanismo que envolve o encurtamento dos microtúbulos ligados aos cromossomos e a atuação de proteínas motoras, o fuso mitótico responde pela tração dos cromossomos durante a divisão celular, principalmente ao longo da anáfase mitótica, onde os cromossomos são deslocados para polos opostos, na formação das duas células-filhas, processo que será detalhado em outra parte do curso.

Nos centros celulares encontra-se um par de centríolos (ausentes, assim como os ásteres, na maioria das células vegetais), tipicamente dispostos em ângulo reto e rodeados por um material amorfo denominado material pericentriolar. Cada centríolo é, por sua vez, uma organela microtubular bastante estável, contituída por um cilindro formado por um arranjo altamente ordenado de 9 trincas de microtúbulos, dispostos em círculo (Fig. 10).

Esquema da estrutura de um centríolo e uma micrografia eletrônica mostrando o arranjo dos microtúbulos em nove trincas periféricas

Figura 10: Esquema da estrutura de um centríolo e uma micrografia eletrônica mostrando o arranjo dos microtúbulos em nove trincas periféricas.

Fonte: ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K. & WALTER, P. - Molecular Biology of the Cell. 5th Edition, New York, Garland, 2008.