Caso 1: Agnes
Caso 1: Agnes
Agnes é uma mulher de 26 anos, nasceu no interior de São Paulo e há 3 anos mora na comunidade de São Remo ao lado da Cidade Universitária. Tem como serviços de referência a UBS São Remo e o HU. Trabalha como autônoma, fazendo artesanato. Mora com sua primeira filha, que está com 4 anos e pensa em ir morar com Cauê, com quem está namorando há 1 ano.
Agnes evita ir ao médico, tem muitos sentimentos dentro de um consultório, como desconforto, ansiedade e medo. Em sua primeira gestação, Agnes vivenciou muitos momentos nos quais eram feitas perguntas como “Esse aí é que número de filho?” ou “O pai é conhecido?”.
A paciente sempre utilizou tranças e isso nunca foi impeditivo para algum processo de saúde. Mesmo assim, um médico na época inconformado disse: “Você sabe que se você for fazer cesárea tem que tirar esse cabelo, né? Porque não pode ir para a mesa de cirurgia assim...”.
Há 2 semanas, descobriu estar grávida e por estímulo da Agente Comunitária de Saúde (ACS), Dandara, foi à Unidade Básica de Saúde (UBS) para marcar a primeira consulta pré-natal, que foi agendada para a semana seguinte. Apesar disso, Agnes ainda está receosa de fazer seu acompanhamento na UBS, com medo de que tudo o que viveu se repita.
Quando pensamos em racismo, o vemos como um grande evento, porém, ele está infiltrado no cotidiano, afetando cada pessoa racializada de uma forma. Sabendo disso, e levando em consideração as perguntas feitas durante a primeira gestação de Agnes, como a construção social do racismo, presente em toda a sociedade, afeta, em específico, essa paciente?
Relacione o racismo estrutural com o atual sistema de saúde e cite sua influência na prática profissional, considerando a existência do racismo nas práticas médicas.