As histórias policiais — surgidas no século XIX e bastante difundidas no XX — já foram identificadas de várias maneiras: como um diagnóstico das metrópoles e de seus ritmos frenéticos, como uma defesa da ordem na sociedade burguesa, como forma de crônica social, como exercício de crítica política. 

O historiador italiano Carlo Ginzburg, num texto célebre, notou seu caráter paradigmático de uma concepção de conhecimento que parte de pistas e busca a verdade, em procedimentos que se assemelham a métodos utilizados por historiadores e que envolvem análise e interpretação de indícios. Já o escritor argentino Ricardo Piglia afirmou que a literatura policial realiza a mais enfática crítica social de que a ficção é capaz. 

Esta disciplina pretende explorar algumas dimensões desse “paradigma indiciário” e seu sentido crítico, percorrendo registros da literatura policial, as variações que assume e sua centralidade no debate sobre os diálogos e contrastes entre ficção e história.