A disciplina se propõe a discutir um momento de crise da modernidade em contexto brasileiro, flagrada a partir de um gênero que é considerado o próprio paradigma do moderno (Wolfgang Iser): a lírica. Esse crise é articulada com a retomada ou a reposição de certas convenções tradicionais de modo a fazer frente às principais reivindicações da modernidade lírica. Trata-se, em suma, do exame de certa tendência formalista, de feição pré-moderna ou prémodernista (neoclássica, neoparnasiana ou neo-simbolista), sobretudo, da poesia brasileira do imediato pós-guerra, verificada tanto na lírica dos grandes nomes do alto modernismo (Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima, Murilo Mendes...), quanto na dos novos poetas de então, agrupados sob a denominação comum de geração de 45, dada por um de seus líderes. O programa busca retomar, de modo mais sistemático, as linhas gerais dessa tendência, tendo em vista o que foi apontado de forma dispersa pela crítica e pela historiografia literárias, para esboçar uma hipótese de trabalho a ser testada no exame de uma amostragem de poemas representativos da época. A disciplina revela sua franca vocação histórico-crítica ao buscar não só configurar e sistematizar uma tendência marcante em um período histórico delimitado, mas também examinar mais detidamente uma amostra emblemática, levando em consideração a especificidade do projeto poético de cada um dos nomes representativos de tal tendência. Ao fim e ao cabo, a partir do giro neoclássico da lírica do período, busca-se alçar a uma reflexão mais ampla sobre a própria dinâmica da história literária, com base no que revelam diferentes teóricos da literatura e de outras artes (como Peter Bürger, Antoine Compagnon, William Marx, Jeffrey Pearl, Kenneth E. Silver, Annick Lantenois, Didi-Hubermann).