APRESENTAÇÃO

A disciplina explora teorias e práticas de planejamento territorial compreendidas como contra-hegemônicas, especificamente os conceitos de planejamento insurgente, subversivo, conflitual e abolicionista. Ao longo da disciplina, serão apresentados casos concretos em que, em diferentes lugares, foram adotaradas práticas de planejamento contra-hegemônico.

Os referidos casos serão estudados à luz de seus contextos históricos, suas memórias sócio-políticas, suas agendas de luta e debatidos não somente a partir de relatos dessas experiências, mas sobretudo, levando-se em consideração estudos acadêmicos que se dedicaram a analisar suas contradições, suas limitações e suas contribuições para as metodologias, técnicas e a própria teoria do planejamento.

Serão, ainda, compreendidos dentro de suas correlações conceituais e teóricas, exploradas no início do curso, e alimentará o exercício cartográfico que será realizado ao final do mesmo. O curso fica, portanto, alinhavado em torno da noção positiva de conflito para a compreensão do processo de produção do espaço e para a construção de práticas libertadoras.

O curso também incluirá um exercício prático de co-produção cartográfica, a partir da interação entre alunos, ativistas, movimentos sociais e coletivos.

O percurso da disciplina está dividido em seis módulos: (i) inicia-se com uma leitura descolonizadora das concepções hegemônicas do planejamento territorial e da presença do conflito como categoria fundamental para uma leitura crítica da cidade e do planejamento; (ii) na sequência, explora as contradições e limites da participação social na teoria e na prática do planejamento territorial, especialmente no contexto do sul global; (iii) para, então, explorar os principais conceitos contra-hegemônicos de planejamento territorial, bem como (iv) as contribuições do feminismo e da luta antirracista para esse campo de conhecimento; (v) a partir do quinto módulo, o foco da disciplina passa para a prática, a partir da apresentação e análise crítica de algumas das experiências de planejamento contra hegemônico; (vi) visando o compartilhamento de ferramentas e metodologias cartográficas contra-hegemônicas e sua contextualização no campo dos ativismos digitais, por fim, planeja-se o desenvolvimento de oficinas cartográficas, onde os alunos irão co-produzir leituras críticas da cidade em conjunto com ativistas, movimentos sociais e coletivos a serem convidados para colaborar com o curso.

 OBJETIVOS

- Realizar uma avaliação crítica das concepções hegemônicas do planejamento territorial, a partir de uma leitura descolonizadora da ciência, do direito e da política;

- Rever e discutir parte da ampla literatura sobre as questões da colonialidade do saber e do poder, destacando a construção da questão racial e de gênero;

- Apresentar os conceitos e as práticas de planejamento territorial contrahegemônicos no Brasil e outros países do mundo. Refletir sobre as potências, limites e desafios para sua aplicação prática, assim como sua contribuição para a revisão da teoria urbana.

- Debater a ciência, as técnicas e metodologias de planejamento ancoradas na noção de conflito e seus rebatimentos na produção social do espaço.

- Problematizar o papel do “profissional planejador”, ampliando o olhar dos estudantes em relação à diversidade de atores e práticas existentes na construção e apropriação das cidades.