O curso se propõe a apresentar e discutir as várias concepções de engajamento, bem como suas manifestações na produção literária brasileira. O estudo da literatura engajada permitirá verificar até que ponto a decisão de fazer o texto servir explicitamente a causas políticas e sociais tensiona a noção, própria da modernidade, de autonomia da obra. Por sua natureza múltipla e instável, a literatura engajada envolve diferentes gêneros: romance, poesia, memória, diário, manifestos e panfletos. A escolha de um corpus que contemple essa diversidade, bem como a atenção para as especificidades de cada discurso, fornecem subsídios para acompanhar as contradições que envolvem a questão do engajamento no Brasil. O problema leva a pensar, necessariamente: I) as relações entre escritores e Estado; II) as relações entre escritores militantes e/ou dissidentes com o Partido Comunista; e III) as implicações formais do engajamento — isto é, as maneiras pelas quais a matéria político-social se inscreve na fatura de cada obra. Tais aspectos se desdobram na prática do romance e da poesia proletários, nas manifestações do realismo socialista e nas disputas em torno da memória histórica.