Marquese - Optativa 2o sem 2022 - atualizado

Tema: O Império da Escravidão – da América Portuguesa ao Brasil independente

Ementa e objetivos

Dentre as sociedades escravistas modernas, o Brasil (colonial e independente) apresentou a maior diversidade de emprego de escravos africanos e de seus descendentes (escravidão em plantations açucareiras, algodoeiras, cafeeiras e tabaqueiras; pecuária; mineração de ouro e diamantes; produção de alimentos; escravidão urbana; serviços portuários; transportes terrestres e marítimos). A sociedade escravista brasileira também se distinguiu de suas congêneres americanas por duas características adicionais: primeiro, por suas taxas relativamente elevadas de alforria; segundo, pelo mais volumoso tráfico transatlântico de escravos. Em termos comparativos, tal difusão da instituição no tempo e no espaço só encontra equivalente histórico no mundo Mediterrânico clássico. Para dar conta de tal complexidade, contamos agora com uma ampla e complexa produção historiográfica. O curso tem por objetivo central discutir a formação da sociedade escravista brasileira na longa duração. Pretende-se examinar os modelos de análise fornecidos por historiadores e cientistas sociais, as múltiplas variações espaço-temporais da escravidão brasileira em suas relações com as forças do capitalismo global e as possibilidades de comparações diacrônicas e sincrônicas com outras sociedades históricas marcadas pelo mesmo fenômeno.

Programa

1. Interpretações.
2. O litoral açucareiro: da escravidão indígena à escravidão africana.
3. A dinâmica do tráfico transatlântico.
4. As zonas de mineração.
5. As fronteiras sul e o vale do Amazonas.
6. Escravidão urbana.
7. Cultura e resistência escravas na longa duração.
8. Escravidão e ordem jurídica.
9. Comparações e Integrações (I): O Brasil e a Escravidão Mediterrânea.
10. Comparações e integrações (II): América espanhola, Caribe britânico e francês e o problema da Grande Divergência.
11. A Escravidão e a Formação do Estado Nacional Independente.
12. A Segunda Escravidão no Século XIX: O Mundo do Café.
13. Comparações e integrações (III): Brasil, Cuba e Estados Unidos e a Economia-Mundo Industrial.
14. A Crise Global da Segunda Escravidão e o Movimento Abolicionista Brasileiro.

Método.

Aulas expositivas e seminários de pesquisa.

Avaliação.
1. Em grupo: Paper acadêmico resultante de pesquisa original (20 páginas, espaço 1,5, TNR 12), conjugando balanço historiográfico e análise de fontes (50% da nota).
2. Individual: Balanço historiográfico (máximo de 10 páginas, espaço 1,5, TNR 12) do material lido individualmente para a composição do trabalho em grupo (50% da nota).

Horário dos plantões.

Quartas, 17h00-19h15.

Recuperação

Trabalho escrito + prova oral + prova escrita sobre todo o conteúdo do curso. Só terá direito à recuperação o(a) discente que tiver apresentado os dois instrumentos de avaliação.

Bibliografia sumária (a bibliografia específica será oferecida ao longo do curso)

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O Trato dos Viventes. Formação do Brasil no Atlântico Sul.São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

DODDINGTON, David Stefan; DAL LAGO, Enrico (orgs.). Writing the History of Slavery.London: Bloomsbury Academic, 2021.

FISCHER, Brodwyn; GRINBERG, Keila (orgs.). The Boundaries of Freedom. Slavery,Abolition, and the Making of Modern Brazil. Cambridge: Cambridge University Press,2022.

GORENDER, Jacob. O escravismo colonial [1978]. São Paulo: Editora Fundação PerseuAbramo, 2011.

LIMA, H.E.; SILVA JR, Waldomiro Lourenço da; MAMIGONIAN, B.G. Histórias deescravidão e pós-emancipação no Atlântico (séculos XVIII ao XX). São Leopoldo:Casa Leiria, 2022.

LUNA, Francisco Vidal; KLEIN, Herbert S. Escravismo no Brasil [trad.port.]. São Paulo:Imprensa Oficial-Edusp, 2011.

MARQUESE, Rafael; SALLES, Ricardo (org.). Escravidão e Capitalismo Histórico noséculo XIX: Cuba, Brasil e Estados Unidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,2016.

MATTOSO, Kátia. Ser escravo no Brasil [trad.port.]. São Paulo: Brasiliense, 1982. PAQUETTE, Robert L.; SMITH, Mark M (orgs.). The Oxford Handbook of Slavery in the Americas. Oxford: Oxford University Press, 2010.

REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos (org.). Revoltas escravas no Brasil. São Paulo:Companhia das Letras, 2021.

SCHWARCZ, Lilia; GOMES, Flávio dos Santos (org.). Dicionário da escravidão e liberdade. 50 textos críticos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.