Na discussão sobre o tema das particularidades da História da África, Catherine Vidrovich assinalou a impropriedade em se estabelecer fronteiras rígidas na periodização estabelecida para seu estudo. Entendendo que o conhecimento da história africana depende de pressupostos conceituais e dinâmicas que cruzam os diferentes períodos, a historiadora mostra a necessidade de se partir da crítica à visão imperial que estabeleceu marcos eurocêntricos e fronteiras rígidas entre as épocas e imprimiu imagens e mitos a respeito do continente. Assim, focalizando temas da História da África na longa duração, o objetivo do curso é colocar os estudantes em contato com a produção historiográfica que abordou os principais processos das sociedades africanas subsaarianas, discutindo suas estruturas políticas e econômicas, bem como as interações com outros universos e povos. Iniciando o curso a partir da problemática de como essa história foi pretensamente imaginada, negada e/ou representada (em museus, exposições e nos estudos coloniais), e rompendo com visões estáticas, procura-se avaliar a inserção das sociedades africanas em contextos amplos, sobretudo a partir de eixos comerciais e trocas culturais: as rotas do Saara, direcionadas ao Mediterrâneo; as relações estabelecidas no Oceano Índico e no Oceano Atlântico e a natureza dos contatos euro-africanos que passam a vigorar com mais intensidade a partir do século XVI. Por meio do desenvolvimento de conteúdo específico é também intenção acompanhar as revisões oferecidas pela historiografia africanista dos últimos tempos, referentes tanto ao papel da África no mundo Atlântico e Índico, quanto aos efeitos do comércio de escravos nas sociedades subsaarianas e as profundas alterações ocorridas a partir do século XIX, entendidas aqui como processos que moldam e acompanham os prenúncios do imperialismo.

O curso destina-se a informar diretrizes didáticas necessárias para o ensino da História da África atendendo, neste sentido, a Lei 10.639/2003 que tornou obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas de ensino básico e fundamental. Considera-se de outra parte as contribuições que o estudo de África traz às Humanidades: a revisão conceitual e metodológica de base não eurocêntrica e a visada interdisciplinar que colocam os conhecimentos sobre a história das populações negras, africanas e diaspóricas no centro da aprendizagem. O curso está atento ainda à aproximação dos alunos e alunas aos materiais didáticos capazes de instruir o conteúdo da matéria; entre outros, estratégias vindas da cultura visual: mapas históricos, material audiovisual e iconográfico, filmes e documentários, visitas virtuais a coleções e museus etc. Além é claro, do contato com textos de leitura e discussões, aulas expositivas e debates.