O objetivo dessa disciplina é verificar em que medida o corpo se redimensiona através das práticas de criação coletiva desenvolvidas em grupos de improvisação. A ideia é investigar e descrever as transformações, relacionando-as com seus contextos históricos e sociais. Trata-se, por um lado, de investigar em que medida as mudanças corporais refletem atitudes políticas, e por outro, o quanto essas atitudes políticas demandam e favorecem processos de transformação corporal. O corpo aqui será pensado tanto em sua dimensão individual, quanto em sua dimensão social, coletiva enquanto resultado dos condicionamentos de diversas ordens aos quais ele se vê submetido na sociedade contemporânea. A ideia é investigar em que medida o agenciamento complexo que envolve o contexto específico, o pensamento e as práticas artísticas de diversos grupos de improvisação livre, se configura enquanto uma ação micropolítica que pode ser relacionada às estratégias de insurgência propostas pela psicanalista Suely Rolnik contra o que ela chama de patologias do regime colonial. Essas estratégias de resistência à captura do desejo passam por um processo de reativação. Essa reativação do desejo proposta por Rolnik deve ter como objetivo uma reapropiação coletiva do poder vital da vida por meio de um novo tipo de ativismo micropolítico que enfrenta esse agenciamento capitalista totalitário. A partir desta perspectiva, iremos investigar em que medida o agenciamento dos ambientes de criação coletiva atua como uma espécie de antídoto contra a corrupção do desejo empreendido pela macro e micropolítica do capitalismo contemporâneo. Trata-se de pensar num outro tipo de música “engajada”: um ambiente de criação musical coletiva explicitamente engajado nesse resgate coletivo do desejo.