Museu Paulista
Refletir sobre a produção historiográfica em museus, compreendendo os museus como laboratórios da história, segundo acepção de Ulpiano Bezerra de Meneses (1994); identificar experiências específicas de produção historiográfica, analisando-as como práticas de curadoria, em museus como o Museu Histórico Nacional, o Museu Mariano Procópio e o Museu Paulista; compreender as primeiras ações de preservação do patrimônio como parte do projeto de escrita da história de um museu, a exemplo da Inspetoria de Monumentos Nacionais; identificar as disputas no campo do patrimônio e a criação de novos museus de história entre as décadas de 1930 e 1940; questionar sobre a história que se produz atualmente nos museus de história, procurando identificar desafios, interesses, continuidades e rupturas.
Introduzir a questão do imaginário natural e construído, por intermédio do suporte visual e escrito. Em particular, o interesse recai sobre a iconografia dos viajantes, especialmente os que percorreram a província/ estado de São Paulo ao longo do século 19. De par com isso, os relatos, quer dos mesmos viajantes ou de outros, que consolidaram versões sobre as paisagens, usos, costumes e formas de trabalho. A partir disso, estudar o circuito de tais relatos (visuais e textuais): produção, circulação e apropriação em muitas variáveis e até mesmo suas contestações.

A disciplina busca contribuir no estudo e aproximação de diferentes fontes para a produção de conhecimento histórico. O valor documental básico se refere à problemática das representações sociais, às possibilidades de compreender o imaginário concebido e não apenas à capacidade de confirmação de traços empíricos, características específicas de determinados espaços físicos, de estruturas arquitetônicas, equipamentos, detalhes de ações, formas de trabalho e convivência etc. Imagens e textos são construções discursivas, que dependem das formas históricas de percepção e de leitura, das linguagens e técnicas disponíveis, dos conceitos e valores vigentes.

Partindo-se da premissa da mudança de entendimento do mundo a partir da Ilustração (século 18) e do forte empenho em catalogar seres animados e inanimados, aliado ao aparecimento dos romantismos como reação aos excessos racionalistas no final daquele mesmo século e de um novo entendimento da natureza, a disciplina se concentra em alguns dos relatos e imagens produzidos por artistas-cientistas-viajantes estrangeiros que percorreram parcela da província/estado de São Paulo ao longo do século 19, e como tais paisagens, edificações, costumes e formas de trabalho foram representadas e divulgadas. Terá como contrapontos as representações produzidas por alguns membros locais e como os mesmos elementos são interpretados, como tais imagens e textos foram apropriados para uma determinada construção histórica, em especial por Afonso d'Escragnolle Taunay, quando diretor do Museu Paulista (1917-1945), tanto em parcela das exposições da instituição como em outros suportes. Por fim, como tais imagens e textos são analisados na contemporaneidade.




A partir das exposições em cartaz no Museu Paulista, formado por suas sedes em São Paulo (Museu do Ipiranga) e em Itu (Museu Republicano), alicerçadas na pesquisa histórica, pretende-se discutir os temas eleitos, os acervos mobilizados e os recursos multissensoriais disponíveis em cada uma delas. Por meio das visitas às salas expositivas e da leitura dos livros da Coleção Museu do Ipiranga 2022 se procura refletir sobre os problemas enfrentados pelos(as) historiadores(as) e profissionais de museus em seus ofícios: a política de aquisição de acervos, os métodos de documentação das coleções, as práticas de conservação das peças e as ações de difusão do conhecimento histórico gerado por meio de atividades de extensão, especialmente exposições, cursos, seminários e publicações.