Problema 1 - A forma e a dor
Você recebe em seu plantão, Mariana, de 22 anos, estudante, que há 10 dias procurou o pronto-socorro devido febre e tosse produtiva predominantemente noturna. Foi medicada com Amoxacilina por 7 dias e evoluiu com melhora clínica caracterizada por diminuição da tosse e remissão da febre
Há 4 dias iniciou-se quadro agudo de dor intensa em ombros, quadril e pernas. Havia procurado outro serviço saindo com alta a pedido sem melhora.
Antecedentes pessoais: anemia e crises de dores pelo corpo desde a infância com tratamento irregular, colecistectomia há 6 anos, várias internações prévias por pneumonia e várias transfusões de hemácias ao longo da vida. Tem um irmão com doença semelhante.
Ao exame físico a paciente encontra-se em regular estado geral, descorada ++/4+, ictérica +/4+, eupneica, P= 110 bpm, PA= 140x70 mmHg, T=36,1ºC. Saturação de O2= 90%. Ausculta pulmonar e cardíaca normais. Figado a 3cm BCD.
O Hemograma mostra o seguinte resultado:
Presença de eritroblastos, drepanócitos e hemácias em alvo
O esfregaço sanguíneo mostrou o seguinte resultado
O Leucograma é apresentado abaixo
Outros exames
Bilirrubina total: 3,5 mg/dL
Bilirrubina indireta: 3,0 mg/dL (normal até 0,5 mg/dl)
Bilirrubina direta: 0,5 mg/dL
Observação: soro ictérico
DHL = 780 UI (nl = até 450)
Haptoglobina = 5mg% (nl = 120 a 400)
Com estas informações você conseguiu pensar na principal hipótese diagnóstica para o caso, mas para confirmar, resolveu solicitar um exame laboratorial adicional. Explicou à paciente que iria fazer a medicação para controlar as dores e que seria importante ter esse diagnóstico definitivo e por isso, mais uma amostra de sangue deveria ser colhida.
A paciente então perguntou: Então essas alterações do sangue estão relacionadas diretamente com as minhas dores e todas as doenças que eu venho tendo desde criança?
“Há qualquer coisa que grita,
Uma dor que lateja
Uma força que pulsa
Qualquer coisa que chora
E não quer se calar
Há uma dor que perturba
Uma tristeza que aflige
Uma crise que aumenta
Nosso corpo a sangrar
Qualquer coisa nociva
Qualquer coisa bandida
Numa hora nos mata
Noutras, nos faz lutar
Há uma coisa tamanha
Que embora estranha
Não nos deixa parar,
Apesar dos pesares,
E de nos sufocar
Há em nós uma força
Que nos faz celebrar
Apesar desta luta
Desta dura labuta
E de se falcizar
Há uma força tamanha
Que só quem acompanha
Poderá compreender
É a força da vida
Que aqui nos convida
A seguir pra vencer
E só vence, quem luta
Como todos vocês
- Alessandra Reis -