“... tendemos na interpretação das dificuldades do texto, a reduzir o problema da
intenção ao do estilo. Ora, essa confusão não é o que chamamos tradicionalmente de
alegoria?
A interpretação alegórica procura compreender a intenção oculta de um texto pelo
deciframento de suas figuras. ...
A alegoria inventa um outro sentido, cosmológico, psicomântico, aceitável sob a letra
do texto: ela sobrepõe uma distinção estilística a uma distinção jurídica. Trata-se de
um modelo exegético que serve para atualizar um texto do qual estamos distanciados
pelo tempo ou pelos costumes (de qualquer forma, pela cultura).”
Compagnon. Antoine. O demónio da teoria. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001.