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Colorismo

by Líryo Leti Salesi Pereira - Tuesday, 14 February 2023, 7:02 PM
 
O termo colorismo foi usado pela primeira vez pela escritora Alice Walker, conhecida no Brasil pelo romance A cor púrpura, adaptado para o cinema, em 1985, por Steven Spielberg.  No ensaio em que a escritora reflete sobre o colorismo, If the Present Looks Like the Past, What Does the Future Look Like? (Se o presente parece com o passado, como será o futuro?), publicado no livro In Search of Our Mothers Garden (1982).

A autora elabora sobre as diferenças no tratamento de pessoas pretas, com base em seu tom de pele, e constata numa maior inferiorização de pessoas retintas. No Brasil, contudo, o conceito do colorismo também inclui características como cabelo crespo, nariz largo, diastema, entre outras. Ou seja, dependendo dos traços atribuídos a pessoa, ela vai experienciar o racismo de formas diferentes.

Essas diferenças no tratamento de pessoas pretas com base em seu tom de pele e suas características físicas reflete o preterimento de pessoas mais escuras e uma falsa inclusão da população negra. O colorismo contudo não é um problema exclusivo da interação entre a branquitude e o sujeito negro dos mais variados tons na sociedade, ele gera conflito também dentro da comunidade negra.

A tolerância do sujeito negro de pele clara pela branquitude (que privilegia, mas não o livra do racismo), cria por vezes uma rivalidade entre estes e os negros de pele escura. Surge então, um sentimento de injustiça que pode intensificar a falsa ideia de que as pessoas pretas de pele clara não seriam negras, já que têm o „mesmo“ acesso e desfrutam da mesma liberdade de locomover-se em todos os espaços como as pessoas brancas. Esse acesso e tolerância levam também muitas pessoas negras de pele mais clara a duvidar de sua negritude, enquanto as pessoas negras de pele escura passam a entender suas vivências mais desveladas do racismo como uma reafirmação e prova da originalidade de sua negritude.


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