Introdução

Preparação para o trabalho no tópico


Nesta parte do curso estaremos explorando a História Social do Português do Brasil, tópico que separarei em três pontos:

  1. Panorama social e linguístico de Portugal e das Américas no início da Idade Moderna
  2. Fatores sócio-históricos na implementação do português na América (séculos XVI e XVII) 
  3. Fatores sócio-históricos na consolidação do português no Brasil (séculos XVIII, XIX e XX)

Exploraremos estes pontos por meio da leitura e discussão de quatro textos fundamentais: Câmara Jr. (1975); Castilho (2010, Cap. 3); Ilari e Basso (2009, Cap. 2); e Teyssier (2014, Cap. 4). Como enriquecimentos, trabalharemos com os seguintes itens da bibliografia complementar: Boxer (2002[1969]), Castilho (1992), Galves (2007), Lucchesi (2001; 2004), Lobo (2015), Oliveira e Lobo (2009). Para começar a entrar no tema, analisaremos juntos em sala, os primeiros 15 minutos do filme Desmundo (Fresnot, 2002). Seguem mais abaixo as referências e ligações para os textos fundamentais, a leitura complementar, e as leituras e materiais de apoio. 



'Desmundo'

  Direção de Alain Fresnot,
  Roteiro de Sabina Anzuategui 

   

   

Fresnot A, diretor; Anzuategui S, roteirista. Desmundo. [filme]. Rio de Janeiro: AF Cinema e Vídeo; 2002.


Trechos para análise e debate: 

  1. 03:16 (-1.35.00): "... a falta que nesta terra há de mulheres com que os homens casem e vivam em servício de Nosso Senhor"
  2. 04:38 (-1.34.00): "Me pesa ler, vou dar ao principal"
  3. 04:52 (-1:33:44): "Não vejo nem migalha de donas"
  4. 05:10 (-1:33:25): "São bem de saúde?"
  5. 06:30 (-1:32:00): "Onde são minhas frores? Ah... são fremosas!"
  6. 09:35 (-1:29:02): "Roga ao padre que me torne ao convento"
  7. 10:12 (-1:28:26): "Seêncio! São aquestos os negros tupinambás? Os tales que aprisionaram os blancos?"
  8. 12:03 (-1:26:34): "Melhor era se el-Rei nos mandara armas para nossa defensão"
  9. 14:00 (-1:24:40): "Dona Oribela de Covilhã!"


Carta de Manoel da Nóbrega ao Rei  (1552)

A EL-REI D. JOÃO
(1552)

JESUS
Nosso Senhor Jesus Christo dê muita graça e consolação a
Vossa Alteza sempre. Amen.
(...)

Já que escrevi a Vossa Alteza a falta que nesta terra ha de
mulheres, com quem os homens casem e vivam em serviço de Nosso
Senhor, apartados dos peccados, em que agora vivem, mande
Vossa Alteza muitas orphãs, e si não houver muitas, venham de
mistura dellas e quaesquer, porque são tão desejadas as mulheres
brancas cá, que quaesquer farão cá muito bem á terra, e ellas se
ganharão, e os homens de cá apartar-se-hão do peccado.

Esta terra é tão pobre ainda agora, que dará muito desgosto
aos officiaes de Vossa Alteza que lá tem com terem muito gasto,
e pouco proveito ir de cá, maiormente aquelles, que desejam mais
irem de cá muitos navios carregados de ouro, que para o Ceu,
muitas almas para Christo; si se não remediar em parte, com Vossa
Alteza mandar moradores que rompam e queiram bem á terra,
e com tirar officiaes tantos e de tantos ordenados, os quaes não querem
mais que acabar seu tempo e ganhar seus ordenados, e terem
alguma acção de irem importunar a Vossa Alteza; e como este é
seu fim principal, não querem bem á terra, pois têm sua affeição
em Portugal; nem trabalham tanto para favorecer como por se
aproveitarem de qualquer maneira que puderem; isto é geral, posto
que entre elles haverá alguns fora desta regra


(Fonte: Nóbrega, Manuel da. A El-rei D. João. In: Cartas Avulsas, 1550-1568. Edição de Alfredo do Valle Cabral. Rio de Janeiro: Officina Industrial Gráfica/Academia Brasileira, 1931).



Textos fundamentais

Leituras e outros materiais complementares